Walesa.
Um Chato Que Derrubou O Comunismo.
O mestre Andrzej Wajda
volta a atacar. O filme “Walesa”, como o próprio nome diz, fala da trajetória
do líder operário polonês Lech Walesa, que foi extremamente atuante na luta por
mais direitos para os trabalhadores. Tudo isso durante as décadas de 1970 e
1980, quando a Polônia estava dominada pelo comunismo soviético. O filme é
narrado em flash back, onde nosso
protagonista é entrevistado por uma repórter italiana. O início da entrevista
já nos dá uma ideia da natureza impetuosa do personagem de Walesa, que teve que
se comportar dessa forma para poder encarar a ditadura comunista de frente. É
radiografada, durante a entrevista, toda a carreira de Walesa como líder
sindical, que inicialmente apenas evitou que algumas pessoas fossem massacradas
pelas forças policiais numa repressão violenta a uma manifestação ainda em
1970. Após salvar algumas vidas, terminou preso, onde pôde presenciar muitas
agressões físicas em cima dos trabalhadores por parte dos policiais e foi
obrigado a assinar uma série de documentos onde se comprometia a obedecer a lei
e a auxiliar os policiais a reprimir os trabalhadores. Com o tempo, Walesa se
envolve cada vez mais no movimento sindical, mesmo sendo demitido de seu emprego
no estaleiro, passando a exercer outros empregos (e também a ser demitido
deles) e sendo preso mais de uma centena de vezes. Mas, a cada prisão, o líder
sindical ganhava mais experiência para lidar om os comunistas, tornando-se cada
vez mais uma “pedra no sapato” do governo, até que ele conseguiu organizar
greves nacionais, pois sua excelente oratória o fazia ser respeitado por todos.
Duas características afloram em nosso personagem. Uma presunção e marra
terríveis e uma chatice insuperável. Quanto mais os comunistas o reprimiam,
mais marrento e chato ele ficava, e creio que ele chegou ao poder na Polônia,
pois os comunistas não aguentavam mais ele. Chegou uma hora que ele
simplesmente não aceitava mais as intimidações e peitava todo o mundo. Seu viés
católico também foi explorado no filme, pois o papa João Paulo II era polonês e
um dirigente sindical polonês e católico lutando contra o comunismo tinha tudo
a ver com um papa polonês conservador e anticomunista. Só não foi mencionado no
filme supostas contribuições financeiras da Igreja Católica ao Sindicato
Solidariedade, fundado por Walesa. Ao fim, tivemos a fusão de imagens
produzidas para o filme com imagens reais de arquivo, onde aparece o próprio
Walesa, nos dando uma boa chance de constatar o ótimo trabalho de
caracterização do personagem principal do filme.
Desta forma, “Walesa” é
um filme interessante pois, querelas anticomunistas à parte, ele nos dá uma
chance de conhecer melhor essa importante personalidade da segunda metade do
século XX, cuja atuação sindical ajudou a modificar a geopolítica europeia,
onde as ditaduras comunistas do leste europeu acabaram. Uma personalidade não
intelectualizada, que agia por instinto e experiência, mas que gostava de ter
pessoas inteligentes por perto, como o próprio líder operário dizia.
Olhar penetrante, era
marrento e chato toda a vida...
Peitava a polícia...
E não deixava se abater
com as prisões.
Já como líder sindical,
muito respeitado...
Andrzej Wajda com o ator que interpretou Walesa,
Robert Wieckiewicz.
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