A
Culpa É Das Estrelas. Filme Bonitinho E Ordinário.
O filme “A Culpa É Das
Estrelas” começa de forma um tanto inusitada. A protagonista Hazel
(interpretada por Shailene Woodley, a mesma protagonista de “Divergente”) fala
justamente dos clichês do tipo de filme de que faz parte (um casal de
adolescentes com uma grave doença – geralmente câncer – que encontra o amor e
luta contra todas as adversidades encontrando um final feliz). Ela diz que a
sua história não será bem assim, pois a realidade é bem diferente. E esperamos,
então, uma história que fuja dos clichês.
Bom, não foi exatamente
o que aconteceu. A historinha de Hazel ainda reproduziu muitos clichês. Uma
adolescente desacreditada com a vida, que se preocupava mais em agradar aos
pais, que muito haviam sofrido por causa de seu tratamento, adolescente essa já
acostumada com a vida de provações impostas pela doença, aguardando somente a
morte e sem esperanças. Um adolescente, Gus (interpretado por Ansel Elgort),
que passou pela doença e conseguiu aparentemente se curar dela, mesmo que tenha
perdido parte da perna, e que é cheio de vida e otimista, transformando Hazel
positivamente. Os dois irão fazer uma viagem a Amsterdã, ao encontro de um
escritor cujo livro mexeu com a vida de Hazel, já que falava de uma menina em
condições muito semelhantes à dela (por sinal, era a filha do escritor, que
acabou morrendo de câncer). Esse escritor, Van Houten (interpretado pelo
competentíssimo Willem Dafoe) revela-se uma pessoa amargurada e agressiva,
decepcionando o jovem casal e, principalmente Hazel, que queria saber o que
havia acontecido com os entes queridos da protagonista do livro após a sua
morte. O medo de Hazel de fazer Gus sofrer com sua morte e não querer levar o
namoro adiante é mais uma fórmula já vista em outros carnavais. Mas eles
tomarão coragem em levar o relacionamento adiante após a visita a Casa de Anne
Frank, cujas citações da menina eram ditas em alto-falantes, onde ela passava a
lição de que não importam as adversidades, o mais importante era ter olhos para
as coisas boas da vida. O esperado primeiro beijo é dado dentro do museu da
menina sob os aplausos dos visitantes. Já vi coisas semelhantes...
Outro clichê clássico.
Hazel tinha a saúde mais debilitada, mas será o seu namorado Gus que irá ter
uma violenta recaída e morrerá primeiro. Ele organizará um pré-funeral, onde o
futuro morto escuta o discurso de seu amigo mais próximo e de sua amada. Por
fim, a morte, sempre dolorosa, com direito à presença do escritor amargurado,
que traz uma carta do morto onde estava um discurso que seria feito por Gus
caso Hazel morresse primeiro.
Algumas dessas
características do filme já foram vistas em outras histórias com temática
semelhante no passado, outras nem tanto. Mas a gente sai da sala de cinema com
a mesma impressão de quando entrou: a de que “A Culpa É Das Estrelas” é mais
uma história extraída de um best seller que
tem a intenção de ser uma espécie de “água com açúcar” de um casalzinho
adolescente malogrado pelo câncer, que curte a vida enquanto pode e que provoca
as lágrimas já choradas em outros filmes quando a morte vem. Nada mais do que
isso. Um filme que não acrescenta qualquer coisa a esse gênero. De destaque
mesmo, podemos falar da boa presença de Laura Dern como a mãe de Hazel que,
apesar da idade, ainda mantém a cara de menininha loura, e a boa atuação de
Willem Dafoe como o escritor Van Houten, um verdadeiro alter ego de J. D.
Salinger no que toca ao seu espírito recluso. Ou então, a boa ideia de Gus de
manter um cigarro apagado na boca, uma metáfora: você tem o que te mata bem em
sua boca, mas não deixa aquilo te matar. No mais, é uma história para os
adolescentes de hoje conhecerem esse gênero trágico de um casalzinho que é
separado pelo câncer, algo um tanto já explorado em outras épocas.
Cartaz do Filme.
Hazel e Gus.
Em Amsterdã
Solidariedade na
doença.
Cigarro. Ter na boca
aquilo que te mata, mas não deixar isso te matar.
Laura Dern, uma mãe
protetora e angustiada.
Willem Dafoe como o
escritor Van Houten.
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