Yo
Yo. A Magia Do Cinema Se Alia à Magia Do Circo.
Respeitável público!
Bem que se poderia começar essa resenha assim. O delicioso filme “Yo Yo” é uma
terna homenagem a duas formas de arte que, volta e meia, se encontram: o cinema
e o circo. A conciliação dessas duas manifestações artísticas é muito bem
orquestrada aqui pelo realizador do filme, Pierre Etaix.
Vemos aqui a história
de um multimilionário em 1925, que leva uma vida cheia de mordomias, cercada
por criados que fazem tudo para ele. Cabe dizer que, como o filme neste momento
se passa na década de 1920, ele é mudo, e o uso da sonoplastia de portas
abrindo e fechando de forma acintosa e satírica dá muita graça a este momento
do filme. Apesar da vida cheia de luxos e confortos, o milionário tem algo para
sofrer. Uma antiga namorada que desapareceu pelo mundo. Um belo dia, um circo
passa por sua porta e ele pede uma apresentação particular, onde redescobre sua antiga amada que tem um filho
seu. Com o fim da década de 1920, vem o som no filme e a Grande Depressão, onde
milionários falidos se jogavam pelas janelas e você não podia nem andar direito
pela calçada sem tomar com um falido na cabeça. Nosso milionário também caiu em
desgraça, não tendo nem uma cadeira para subir para se enforcar. Com isso, ele
junta seus trapinhos com a antiga amada e faz junto com ela uma trupe mambembe,
não sem também levar o filho, que já se vestia de palhacinho. Os anos foram
passando e o menino cresceu, tomando um caminho diferente dos pais, tornando-se
o grande palhaço Yo Yo. Cabe dizer aqui que tanto o milionário como o menino na
fase adulta são interpretados por Etaix. Mas esse talentoso ator fez outros
papéis ao longo da história, que é cheia de gags
engraçadíssimas, como o redator de gags atrapalhado
que não consegue escrever gags mas se
atrapalha com seus objetos, ele mesmo fazendo inúmeras gags. Ou então sua interpretação de Hitler que se torna um
Carlitos. Não devemos nos esquecer também da cena non sense do soldado no campo de batalha da Segunda Guerra Mundial,
que corre por um campo atento ao que parecem tiros, mas na verdade ele está de
olho numa bola de futebol que vai em direção ao gol, tentando defendê-la.
Nosso herói passa por
inúmeros percalços, mas consegue construir uma carreira de sucesso e até
recuperar a mansão do pai, além de iniciar um affair com Isolina, uma amiga de infância e trapezista. Ele se
torna um grande ator de TV, levando sua carreira de forma altamente
capitalista, esquecendo-se de toda a magia do circo. Numa festa na antiga
mansão do pai, Isolina traz seus pais para falarem com ele, mas se recusam a
entrar, num claro gesto de reprovação dos rumos altamente voltados para o lucro
que seu filho tomou. Yo Yo entende o recado e sai da festa nas costas de um
elefante, entrando numa lagoa cuja imagem se funde com a de um picadeiro, dando
um desfecho altamente digno para um filme com um humor que muito lembra os
besteiróis televisivos da década de 1980. Bom, como o filme é mais antigo (1965),
fica fácil saber quem imitou quem.
Dessa forma, “Yo Yo” é
uma pequena obra prima do cinema francês que deve sempre ser celebrada, por se
tratar de uma comédia muito bem feita, ser muito engraçada e nos dar a certeza
de que estamos diante de uma grande produção.
Um milionário de vida
muito confortável.
Mas que sofria pela
ausência da amada.
Mãe e filho, que sairão
em trupe com o pai após a depressão.
Yo Yo, já na fase
adulta.
Gag.
Amor em tempos de guerra.
Gag.
Revolução socialista com direito a todos os Marx (inclusive Groucho).
Etaix como Hitler.
Muito talento.
Yo Yo e Isolina.
Etaix e seu
elefantinho.
O diretor Etaix em
ação.
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