Sete
Caixas. Bom Paraguaio Legítimo.
O cinema
latino-americano faz bonito. O bom filme paraguaio “Sete Caixas” mostra que o
gênero de suspense e ação pode ser muito bem trabalhado não só em países com um
pouco mais de recursos como o Brasil, mas também em países de economia um pouco
mais fraca como o Paraguai. Basta ter uma boa ideia e um bom roteiro, coisas
que sobram neste filme. A direção desta “película” é de Tana Schémbori e o
roteiro é assinado por Juan Carlos Maneglia.
Vemos aqui a história
de Victor (interpretado por Celso Franco), um rapaz que trabalha numa feira
livre de Assunção chamada Mercado 4 fazendo carretos para transportar
mercadorias. Sua vida extremamente humilde o faz sonhar com celulares um pouco
mais caros e com a sua imagem aparecendo em mídias televisivas. Mas o dia-a-dia
é bem duro, com muito trabalho e pouco dinheiro. Num de seus trabalhos, ele
receberá a responsabilidade de transportar sete caixas de conteúdo desconhecido
para um determinado local, sendo que ele deverá guardar essas caixas com sua
vida. O problema é que um outro “carretillero” (que é como são chamados os
homens que fazem carreto) já havia marcado de levar as caixas e precisava
desesperadamente do dinheiro desse carreto para comprar um remédio para o
filho. Assim, nosso Victor passa a ser perseguido por esse carretillero, tendo
inclusive a sua vida ameaçada, e ele terá a ajuda de sua amiga Liz
(interpretada por Láli Gonzalez) para fazer as caixas chegarem a seu destino.
Com o tempo, descobrimos que o conteúdo das caixas são partes de um corpo
esquartejado da esposa de um comerciante de origem árabe que forjou o próprio
sequestro da esposa, mas que, por trapalhadas dos sequestradores, acabou sendo
morta. O grande mérito do filme é o desenvolvimento de várias pequenas
histórias paralelas que começam de forma separada mas, com o desenrolar da trama,
se aproximam e se interligam, construindo uma boa historia, muito bem amarrada.
O clima de suspense e ação prende a nossa atenção o tempo todo, usando como
pano de fundo um Paraguai pobre e miserável, praticamente imutável (estive lá
em 1988 e muitas coisas não mudaram, como a pobreza, tão cara também a nós, o
uso de um espanhol misturado ao guarani e a presença de comerciantes coreanos).
O desfecho do filme é regado a muita violência e transforma nosso protagonista
Victor em uma figura conhecida em todo o Paraguai, já que ele ficou refém na
mira de uma arma, o que, de forma irônica, acabou realizando um de seus sonhos.
Cada um concretiza seus sonhos como pode.
A única coisa a se
lamentar é que o filme tenha sido exibido com legendas em espanhol e que ele
passe em tão poucos cinemas. Aliás, parece cada vez mais que não há cinemas
suficientes para se passar os filmes que se anunciam em cartaz, o que é algo
muito deprimente numa cidade que se diz ser a capital cultural do país.
Victor e Liz.
Adolescentes envolvidos numa trama de sequestro e assassinato.
Negociando o transporte
das caixas.
Só receberá a outra
metade se as caixas chegarem ao seu destino.
Sonho de Victor. Estar
na mídia e ser famoso.
Tomando uma prensa da
polícia.
Descobrindo o conteúdo
das caixas.
Os responsáveis pelo
esquartejamento. Trabalham em açougue (sugestivo).
Cenas de suspense fazem
parte da tônica do filme.
Vista do Mercado 4, de
Assunção, onde se passa o filme. Cenário desolador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário