A
Última Sessão. Cinefilia Macabra.
Junte o amor pelo
cinema com a violência de um serial
killer e você terá o filme “A Última Sessão” (Dernière Séance, de 2011), de
Laurent Achard. Esse filme francês é uma película curiosa, pois consegue
promover a interação de sentimentos e elementos muito díspares.
Vemos aqui a história
do operador de cinema Sylvain (interpretado por Pascal Cervo), cuja salinha do
bairro está à beira de ser fechada por não ser muito rentável. Enquanto as
sessões de cinema acontecem, nosso protagonista é um pacato amigo da
vizinhança, que exibe os velhos e repetidos filmes para todos mas, após a
última sessão, ele sai às ruas e procura mulheres cujos brincos lhe chamam a
atenção e ele as mata impiedosamente com sua faca, arrancado posteriormente as
orelhas de suas vítimas com brincos e tudo. No quartinho onde mora dentro do
cinema, ele tem fotos de atrizes do cinema afixadas na parede, onde ele vai
anexando as orelhas com brincos que ele arruma na rua. Mas a foto enigmática de
uma mulher ocupa uma posição central no quarto. O mundinho macabro de Sylvain está
ameaçado pela venda do cinema pelo seu dono, que não consegue mais lucrar com a
sala. Outro elemento que irá agitar a vida de nosso protagonista é o dia em que
ele encontrará uma espectadora dormindo na sala vermelha (cor muito sugestiva
para o contexto, por sinal!) pela qual se apaixona e que é uma atriz de teatro
iniciante. Inexplicavelmente o operador poupa a atriz novata enquanto promove
sua carnificina particular com outras vítimas. Após mais um assassinato, temos
um flash back e entendemos a neura
toda de Sylvain: sua mãe, que é a mulher misteriosa da foto, o forçou a ser
artista, ensaiando exaustivamente uma cena com ele em que havia uma briga de
mãe e filho, com o filho arrancando o brinco da mãe. Ela era cinéfila e tinha
várias fotos de atores e atrizes pela casa, dizendo ao filho que ele seria tão
famoso quanto todas aquelas estrelas. Mas o teste para tornar o menino ator
falhou, para desespero da mãe, que se suicida na frente do filho com uma
facada. Isso tornou o garoto o terrível serial
killer que conhecemos e que não encontrava um par de orelhas com brincos
adequados para a foto da mãe por mais mulheres que ele matasse. E ele matou um
monte de gente. Prostitutas, líderes de torcida, taxistas, o dono de seu cinema
e a mulher que queria compra-lo. Só não matava a atrizinha com cara de boba.
Mas o desfecho será trágico. Após uma noite de amor com a mocinha com quem se
apaixonou, ele vai encontrar dentro de seu pequeno templo de orelhas o dono do
cinema, estarrecido com aquela nefasta visão e o mata. Quando a namoradinha
flagra o corpo do homem morto, totalmente ensanguentado, o operador a
surpreende e, quando pensamos que ela será totalmente retalhada, nosso
protagonista golpeia sua própria barriga com a faca. Moribundo, ele coloca um can-can francês na telona e sucumbe
diante do glamour do star system, totalmente coberto de
sengue. Decididamente, uma forma muito peculiar de demonstrar sua paixão pela
sétima arte.
De qualquer forma, “A
Última Sessão” é um filme bem interessante por trabalhar o suspense e o terror
associados a cinefilia e os cinemas de bairro. Até nas poças de sangue a coisa
é intelectualizada quando se trata de cinema francês.
Sala de cinema vermelho
sangue.
Banho de sangue!!!
Mãe zureta pirou o menininho...
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