Marina.
A Saga De Um Músico Italiano.
Mais um filme da série
“sou muito bom, mas estou escondido no circuitão”. O excelente filme “Marina”
está entre nós, escondidinho em pouquíssimas salas. A gente só descobre
garimpando a página de cinema do jornal e indo na sala dar uma conferida. E o
resultado vale a pena.
Vemos aqui a história
real de Rocco Granata (interpretado por Matteo Simoni), um dos mais importantes
músicos da Itália, expert em tocar
acordeão. Tudo começa na Calábria, onde seu pai, na busca por um futuro mais
confortável para sua família, vai para a Bélgica trabalhar nas minas de carvão.
Vemos aqui uma Calábria bucólica, onde o pai tocava acordeão, estimulando o
filho a também aprender a tocar o instrumento. Poucos anos depois, o pai busca
sua família para viver na Bélgica junto a ele. Se a Calábria era o lar
paradisíaco e ensolarado, a Bélgica, por sua vez, era fria, chuvosa e os
imigrantes italianos viviam em barracos nas piores condições. Os recém-chegados
passavam por várias dificuldades como, por exemplo, falar o idioma flamengo e
sofrer os mais explícitos preconceitos por parte dos belgas. Rocco tinha
recebido a promessa do pai de que eles retornariam à Itália em poucos anos, mas
logo essa promessa se revelou uma mentira, sendo a primeira fonte de atritos
entre pai e filho. Rocco e sua irmã caçula logo aprenderam o novo idioma, ao
contrário do pai e da mãe, que acabavam ficando meio que isolados no novo país.
Rocco também encontrará o amor na figura de Helena (interpretada pela bela
Evelien Bosmans), filha do dono de uma mercearia, que tinha verdadeira aversão
a estrangeiros. Para fugir das mazelas de se viver num país estrangeiro e cheio
de preconceitos contra os imigrantes italianos, Rocco cai de cabeça na música e
no acordeão, para desespero do pai que, ao ver sua saúde se deteriorando por
causa da mina de carvão, depositava suas esperanças em Rocco trabalhando na
mina de carvão para manter a família. A opção de Rocco pela música acabará
provocando muitos conflitos na relação dele com o pai. Mas o jovem músico não
desiste e consegue vencer um concurso com a ajuda da mãe, que lavou as roupas
dos mineiros para arrecadar dinheiro e comprar um acordeão mais sofisticado. Rocco
também gravará um compacto que inicialmente não será vendido, mas com a
insistência do músico, se tornará muito conhecido e um sucesso de vendas,
levando o jovem italiano até Nova York. Mas, antes disso, ele sofrerá muito
preconceito das forças policiais belgas, que o proíbem de ganhar dinheiro com
sua música e o lembrando de que filhos de mineiros devem trabalhar nas minas. Até
de estupro de Helena o pobre Rocco foi acusado, sendo que o pai foi inclusive preso junto. A amizade e o amor entre Rocco e
Helena é o ponto mais sublime do filme, onde ele dedica a canção “Marina” a sua
amada. A denúncia de preconceito que os italianos sofriam na Bélgica é
igualmente impactante e dá grande valor ao filme.
Assim, “Marina” é um
filme que nos emociona, que nos faz rir, sofrer, chorar. Um filme que nos
ensina a importância de corrermos atrás de nossos sonhos, mas que também nos
ensina a manter os pés no chão em algumas situações. Se nem sempre a vida nos
possibilita a realização de nossos desejos, não devemos desistir de correr
atrás deles.
Cartaz do Filme, não o
divulgado no Brasil.
Cartaz do Brasil. Bem
menos interessante.
A belíssima Helena (ou
Marina???)
Uma família vítima do
preconceito.
Pai e filho. Relação
conflituosa.
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