Inside
Llewyn Davis. Balada de Um Homem Comum. Como Ter Sucesso no Fracasso.
Filme curioso esse. A
vida de um músico Zé Mané qualquer que não consegue ir para a frente, às vezes
por falta de oportunidade, outras pelo azar e mais algumas por culpa própria.
Esse é o panorama de “Inside Llewyn Davis. Balada de Um Homem Comum”, dos
irmãos Cohen. Nada de haapy end. Nada
de sucesso. Só pés na bunda. Só acúmulos de fracassos. Uma verdadeira cartilha
de como quebrar a cara.
A história conta a saga
de Llewyn Davis (interpretado por Oscar Isaac), um músico de folk americana que busca decolar sua
carreira. Mas ele não consegue muito, tocando em night clubs de terceira e vagando por Nova York sem eira nem beira,
dormindo aqui e ali nos sofás das casas de amigos, segundo ele mesmo, enquanto
não o odeiam. Volta e meia, pede um dinheiro emprestado, busca migalhas de royalties, busca a ajuda de um ou outro
amigo. À medida que conhecemos o personagem, vemos que ele vacila feio em
algumas oportunidades e sua má situação é consequência das atitudes que toma em
alguns momentos. A gente vai ficando meio que exasperado com as situações
escabrosas que o protagonista é obrigado a passar, mas lá pelo meio do filme,
vemos que o caso dele é perdido. Não há qualquer perspectiva. Ele, como o
próprio título do filme diz, é um homem comum. E para homens comuns não há
desfechos magníficos e fantasiosos onde tudo termina bem e o sucesso bate à
porta. Homens comuns têm finais realistas, ou seja, ficam presos dentro das
teias de sua vidinha medíocre, onde sua condição de fracassado não desperta a
simpatia de ninguém, salvo umas poucas exceções que o nosso protagonista é
burro demais para se apoiar, inclusive cuspindo no prato que come. A situação
de mediocridade e fracasso é tão latente que o filme termina exatamente como
começa, com nosso herói (?) sendo espancado num beco escuro por um desconhecido
sabe-se lá porque (deve ter vacilado de novo!!!). Essa receita de se terminar
um filme exatamente como ele começa para mostrar um ciclo que se fecha sob si
mesmo exaltando uma situação de morosidade, de marasmo e melancolia não é uma
novidade. Já vimos isso em “Barfly”, com Mickey Rourke, onde ele interpretava
um alcoólatra que também não vislumbrava uma saída para a sua vida de vício e
mediocridade. Filmes como esse são úteis no sentido de que podem nos assustar
muito, pois se aproximam demais da vida real, que nada tem de bonito e que,
algumas vezes, nos conduzem a um beco sem saída. Cabe a nós examinar as atitudes
dos personagens e perceber o que eles não estão fazendo para poder quebrar esse
ciclo tão devastador que às vezes recai sobre a gente. É o cinema mais uma vez
prestando um serviço às nossas vidas. Arte ilusória, arte mentirosa, mas que às
vezes aguça nosso pensamento mostrando a verdade e a realidade da forma mais
arrebatadora. O detalhe curioso aqui é que, no mesmo pé sujo onde Llewyn Davis
afundava sua vida, um jovem músico com uma gaita e um violão cantava sua folk music: Bob Dylan. Mesmo buraco,
escolhas diferentes. Um fracasso e um sucesso. Outro sinal que o filme nos dá
de que são os nossos atos que nos definem e nos transformam. Ah, não posso me
esquecer de John Goodman e F. Murray Abraham, que deram um show de
interpretação nos poucos momentos em que participaram do filme.
Decisões erradas levam
Llewyn a ser babá de gato.
Frio e Melancolia.
Sem ter onde ficar.
Exasperação inicial, resignação ao final.
Folk
is my job.
Nenhum comentário:
Postar um comentário