Uma
Família em Tóquio. Homenagem Singela e Justa.
Imagine um filme que é
considerado o maior de todos os tempos por diretores como Woody Allen, Martin
Scorsese, Quentin Tarantino, Manoel de Oliveira e Walter Salles. Esse filme é
“Era Uma Vez em Tóquio”, de Yasujiro Ozu, rodado em 1953. Sessenta anos depois,
foi feito “Uma Família em Tóquio”, de Yoji Yamada, numa homenagem ao filme de
Ozu. E uma justa homenagem.
Vemos aqui a história
de um casal de idosos que vem do interior para Tóquio para visitar os filhos. E
cada filho está numa situação de vida bem diferente. O mais velho é médico, tem
o consultório em casa e é uma pessoa bem séria. A filha do meio tem um salão de
beleza também em casa e pensa muito em si mesma. E o filho caçula trabalha em
cenografia de teatro não tendo uma condição estável, além de manter um romance
escondido da família. A chegada dos pais vai afetar a vida desses filhos que
precisam se revezar para hospedar pai e mãe. Aí vemos todo um jogo de empurra
entre os filhos, pois a vida deles numa cidade grande como Tóquio os torna
muito ocupados para cuidar dos pais. Vemos aqui duas discussões interessantes:
a oposição entre a vida mais lenta e prosaica do campo e a vida rápida e
agitada da cidade, além do conflito de gerações, pois os pais querem estar
perto de filhos e netos e esses filhos não podem dar a atenção necessária. O
filme permeia todas as relações entre os membros dessa família, abrindo todo um
leque de memórias de como o simpático casal idoso cuidava de seus filhos. Tudo
isso dentro da serenidade que só os japoneses conseguem imprimir. Serenidade
essa que é quebrada pela morte da mãe com um mal súbito, o que une a família
que agora se preocupará com o pai que ficará sozinho, ao que ele retruca
firmemente:” eu me viro, não dependerei de meus filhos”, ficando em sua
cidadezinha de interior e nunca mais voltando para Tóquio. Em sua pequena
cidade, ele terá apoio dos parentes e amigos, não precisando dos filhos. É
interessante notar como o recente tsunami
que abalou o Japão é citado
nesta refilmagem, seja com o filho caçula trabalhando como voluntário, seja com
a morte da sogra de um dos amigos do pai. No mais, temos outra oportunidade de
tomar contato com a cultura japonesa onde serenidade, responsabilidade, honra e
respeito são as grandes virtudes. Chama a atenção toda a preocupação que existe
por parte do filho caçula e sua namoradinha em ter seu relacionamento aceito
pela família, mostra de que algumas instituições tradicionais ainda fazem parte
da cultura japonesa, apesar dela abraçar toda a modernidade do ocidente. Apesar
disso, “Uma Família em Tóquio” é um filme delicado, sensível e, acima de tudo, emotivo
e sereno, onde as relações humanas dão o grande sabor. Vale a pena dar uma
conferida.
Casal
do Interior na Cidade Grande.
Desolação
na morte da mãe.
Romance
que precisa da aprovação da família: Tradição.
Mãe
e filho caçula. Relação tocante e terna.
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