Spartacus:
Mais Uma Grande Obra de Kubrick.
O filme “Spartacus”,
dirigido por Stanley Kubrick em 1960, é mais um filmão desse grande diretor
americano. Além de ter 197 minutos (com direito a um intervalo no meio do
filme), é uma superprodução com atores para lá de consagrados e ganhadora de
quatro oscars. O filme teve a produção executiva de Kirk Douglas, que faz o
papel do escravo Spartacus. Vamos falar um pouco desse grande filme.
A história se passa em
Roma ainda na fase da República, quando o general Júlio César, que seria um dos
grandes nomes dessa época, ainda era jovem.
A escravidão já era uma prática adotada pelos romanos em suas províncias
e Spartacus era um escravo rebelde que trabalhava numa mina. Após morder o
tendão de um centurião romano, ele foi condenado à morte por inanição. Mas foi
comprado pelo mercador de escravos Batiatus (interpretado pelo grande Peter
Ustinov, o inesquecível Nero de “Quo Vadis”), que treinava escravos para serem
gladiadores. Spartacus conheceu lá o oficio da luta e a bela escrava Varínia
(interpretada por Jean Simmons). Um dia, surge por lá o general Crassus
(interpretado por ninguém mais, ninguém menos que Laurence Olivier; quem não o conhece,
veja filmes como “O Morro dos Ventos Uivantes”, “Maratona da Morte” e “Meninos
do Brasil”, além de seu grande sucesso, “Hamlet”), que quer ver um duelo de
morte de duas duplas de gladiadores. Spartacus é escolhido e derrotado, mas o
escravo que o venceu prefere investir contra Crassus e é assassinado. Crassus
se interessa por Varínia e ordena que Batiatus a leve para Roma. Quando isso
acontece, Spartacus assassina o capataz e inicia uma revolta que leva a fuga
dos escravos. A partir daí, Spartacus monta um exército para fugir com os
escravos ao sul e se mandar da Itália, contando com a ajuda de piratas
silésios. Durante a marcha dos escravos, Spartacus reencontra Varínia que havia
fugido de Batiatus. Spartacus chega a derrotar um exército romano desprevenido,
liderado pelo incompetente Glabrus (interpretado por John Dall), protegido de
Crassus. Mas a movimentação das tropas romanas faz com que os silésios
descumpram o acordo. Cercado no sul, Spartacus só tem uma opção: marchar em
direção a Roma. Lá ele recebe um ataque surpresa pelos flancos e é derrotado. Varínia
é capturada por Crassus que, apaixonado por ela, tenta seduzi-la em vão, pois o
narcisismo de Crassus e sua devoção a Roma o cegam de tal forma que ele não
entende a paixão ardorosa de Varínia por Spartacus. Todos os escravos
capturados foram crucificados na Via Ápia, pois não delataram Spartacus. Mas
Crassus, com sua intuição, descobre Spartacus, pois ele tinha um escravo de
nome Antoninus (interpretado por Tony Curtis), que era poeta e mágico. Ao
perceber certos arroubos homossexuais de Crassus, Antoninus deu no pé e se
juntou ao exército de Spartacus. Agora, preso em ferros, andando em fila com os
outros prisioneiros na estrada, Antoninus foi descoberto por Crassus, sob o
olhar atencioso de Spartacus, que estava próximo. Crassus percebeu a atitude de
Spartacus e ordenou que os dois fossem crucificados por último, já as portas de
Roma. Mas antes, Crassus ordenou que os dois lutassem até a morte. Quem ganhasse, ganharia o prêmio da crucificação. Antoninus não queria que Spartacus
fosse humilhado na cruz. E Spartacus não queria que Antoninus ficasse horas
agonizando. Assim, os dois duelaram para valer e Spartacus ganhou o duelo,
matando Antoninus. Os dois trocaram palavras afetuosas antes da morte do poeta.
Crassus, para humilhar mais, disse que Varínia estava viva, assim como o filho
dela com Spartacus e ficaria com os dois. Mas Batiatus, a mando do senador
Gracus (interpretado pelo sensacional Charles Laughton, falarei dele com mais
detalhes), inimigo mortal de Crassus, dá ao mercador uma nota preta para que
ele leve Varínia e o filho. O filme termina com Spartacus na cruz e Varínia com
o filho aos seus pés, dizendo que o nome de Spartacus jamais será esquecido e o
filho saberá quem foi o pai.
Alguns detalhes devem
ser ditos aqui. Em primeiro lugar, foi uma superprodução com tudo o que tem
direito: uma massa de figurantes (as cenas da batalha entre o exército de
Crassus e o de Spartacus são antológicas), cenários grandiosos, figurinos muito
bem feitos e uma fotografia deslumbrante. Em segundo lugar, a grande força do
filme: o elenco. O protagonista é Kirk Douglas. Jean Simmons está muito doce e
meiga, algo que podemos perceber mais claramente no som original do filme (na
versão dublada, sua personagem fica um pouco mais dura), um Peter Ustinov
sensacional, na pele do mesquinho e escorregadio Batiatus. Mas o grande charme
do filme está na dupla Laurence Olivier – Charles Laughton. Eles são os
caras!!! E vê-los interpretando juntos, como inimigos no senado romano!!!! É a
mesma coisa que ver Pelé e Garrincha jogando juntos ou Fred Astaire e Gene
Kelly dançando juntos. Só acontece uma ou outra vez na vida como um eclipse
total do Sol, para a maioria dos humanos. Laurence Olivier é o super ator
inglês, cujo filme “Hamlet” ganhou quatro oscars. Isso pode ser considerado uma
façanha, pois os americanos não tinham o hábito de premiar atores ingleses que
interpretavam Shakespeare, até por um complexo de inferioridade. Mas Olivier
foi tão arrebatador que nem deu para disfarçar um despeitozinho. Ele é capaz de
fazer papéis bem diversificados, como o amante frágil de “O Morro dos Ventos
Uivantes”, o dentista nazista e sádico de “Maratona da Morte” e o cerebral
caçador de nazistas de “Os Meninos do Brasil”. Já Charles Laughton, bom, esse é
um dos maiores atores da história do cinema, sem qualquer sombra de dúvida.
Também inglês, suas atuações são memoráveis. Vocês podem vê-lo jovem junto com
Clark Gable em “O Grande Motim”, mas não o percam no grande filme “Testemunha
de Acusação” (baseado numa história de Agatha Christie), onde ele contracenou
SÓ com a Marlene Dietrich e Tyrone Power. O cinismo e fino humor de Crassus se
torna delicioso na interpretação de Laughton, que poderia aparecer mais no
filme, mas quando aparece faz a gente esquecer todo o resto da trama só para
poder admirar o talento e o carisma desse grande ator!
Assim, “Spartacus” é em
si só, uma grande obra-prima por tratar de um tema histórico, ter todos os
contornos de superprodução e se apoiar num elenco com muitos talentos. Filme
para ver, guardar e rever...
Cartaz do Filme (versão
restaurada de 1991)
Kirk Douglas, em
atuação memorável.
Duelo de Morte.
A belíssima Varínia
(Jean Simmons)
Momento especial:
Kubrick dirige cena em que Spartacus é derrotado.
Elenco do Filme:
constelação de estrelas eternas!!!!!!
Tony Curtis, como o
poeta Antoninus.
Peter Ustinov: bela
atuação como Batiatus.
Laurence Olivier
(Crassus): estrela supergigante.
Charles Laughton
(Gracus): um dos maiores nomes do cinema!!!
se ta chapando parça
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