Todos
os Dias: Cotidiano de Opressões.
O filme inglês “Todos
os Dias” é um interessante drama familiar. Trata da história de uma família bem
numerosa (com dois meninos e duas meninas!) que é assolada pelo fato de o pai
cumprir pena na prisão. Tal característica acaba afetando a todos os membros
dessa família.
Não fica muito bem
claro na história por que o pai, Ian (interpretado por John Simm) vai preso. A
trama apenas sugere que Ian teve um envolvimento com as drogas. O filme, na
verdade, volta suas atenções para o cotidiano da família. O ato de se levar as
crianças à escola, as aulas, seja de desenho, matemática, canto ou informática,
a mãe, Karen (interpretada por Shirley Henderson), que tem uma dupla jornada de
trabalho, as constantes visitas da família ao pai no presídio (muito bem
aparelhado, por sinal!), a visita do pai à família nos indultos, com a volta a
prisão sempre sendo respeitada (outra coisa inacreditável para nossos padrões).
Mas esse cotidiano na verdade serve apenas para mascarar a verdadeira situação
da família. Os risos são raros, a melancolia, principalmente nas crianças, é
uma constante. Filhos que choram sentindo a falta do pai, que praticam pequenos
furtos, que brigam na escola por escutar ofensas ao pai, que se sentem desconfortáveis
na visita a prisão. A mãe, a esposa, solitária, exausta em cumprir uma dupla
jornada, em ter que cuidar dos filhos sem ajuda e que arruma um amante, cheia
de sentimentos de culpa. O pai, prisioneiro, angustiado, pois sabe que os
filhos e a esposa precisam de sua presença, que leva haxixe para dentro do
presídio, por pressão dos outros presos, sendo transferido para uma prisão
ainda mais distante, dificultando as visitas da família. E os dias passam e
passam. Todos cumprindo suas rotinas. Todos oprimidos por redes de tristeza e
sofrimento. Apesar de tudo, buscou-se um “happy end” para a história. Assim, o
filme tomou os contornos de um drama leve, sem tragédias ou sentimentos agudos.
Mais pareceu uma caixinha de melancolias, não tão bem resolvidas com o final
feliz, mas curáveis dentro da perspectiva otimista que o roteiro do filme
apresentou. A impressão que se dá é que vimos uma boa ideia que poderia ter
sido mais bem desenvolvida, poderia ter ido mais longe. De qualquer forma, criou-se
alguma reflexão sobre a responsabilidade que nós temos quando seres humanos
dependem da gente...
Ian e Karen: Relação
conflituosa por causa da prisão...
Cartaz do Filme
Karen e os filhos:
cotidiano de opressões...
Nenhum comentário:
Postar um comentário