Perdido
Em Marte. Vai Plantar Batatas!
E temos em nossas
telonas mais um esperado “blockbuster”. “Perdido em Marte”, o novo filme de Ridley Scott (vejam só!!!), inspirado em livro
de Andy Weir conta uma história no mínimo, inusitada. Temos aqui uma missão humana
em Marte recolhendo amostras do planeta vermelho. Tudo aparenta estar muito bem
e nossos amigos astronautas parecem que estão numa colônia de férias. Nem parecia
que eles passaram muitos meses confinados viajando. Nada de “stress”
psicológico! Tudo bem, é um filme, diriam os defensores da liberdade poética. Mas
aí vem uma baita tempestade de areia e um dos membros da tripulação, Mark
Watney (interpretado por Matt Damon) sofre o impacto de um objeto instalado por
eles, desaparecendo nas brumas dos
fortes ventos. Como a tormenta ameaça virar o foguete, a comandante da missão,
Melissa Lewis (interpretada pela bela e cada vez mais presente Jessica
Chastain) decide abortar a missão, não sem antes procurar muito Watney, sem
sucesso. Assim, a tripulação decola com a nave e deixa nosso protagonista para
trás, com comida, água e ar para poucos dias, se considerarmos que não existem
linhas de foguetes regulares para Marte que façam a viagem em pouco tempo. Assim,
nosso bravo Watney vai ter que se virar para sobreviver até que uma equipe de
resgate apareça para salvá-lo. Mas como será o contato de Watney com a Terra? E
como será esse resgate? Chega de “spoilers” por aqui.
O leitor pode me perguntar:
o filme é bom? Até que sim. Mas extremamente implausível. Eu sei que o cinema é
uma arte, que não tem qualquer compromisso com a realidade, etc., mas às vezes,
parece que o pessoal carrega demais nas tintas. Foram dadas algumas explicações
para a forma como Watney produziria oxigênio, alimento e água para se manter no
planeta vermelho por meses a fio. Mas sempre fica aquela questão na cabeça:
mesmo que fosse possível, daria para produzir em pouco tempo recursos
suficientes para viver? Parece que não. Outro ponto que incomodou bastante foi
a excessiva lucidez de Watney em condições tão adversas. Ou seja, não vimos
Watney pirando sério na batatinha em nenhum momento. Esse lado psicológico
poderia ter sido muito bem explorado. Não vimos crises de desespero, de choro,
vontade de cometer suicídio para escapar de uma morte horrível, etc. Todos
esses elementos dariam muito mais graça à trama. Ainda, Watney parece um homem
sem passado. Ele só faz referência uma vez à sua esposa no filme e em nenhum
momento a dor da saudade o assola. Ele parece um ser mecânico, biônico,
metódico, ao buscar alternativas de sobrevivência. E o faz de forma
descontraída, brincalhona até em alguns momentos, principalmente quando ele
reclama do estoque de música “disco” da década de 70 que seus colegas deixaram,
como se ele não estivesse nem aí para o fato de que qualquer coisa que desse
errado pudesse custar sua vida. Forçada foi também a forma como ele contactou o
controle da missão na Terra, praticamente depois de “topar” no deserto marciano
com a solução. Todas as situações absurdas e altamente implausíveis do filme
nos remetem a algo semelhante que aconteceu com o filme “Gravidade”, estrelado
por Sandra Bullock, há algum tempo atrás, onde situações excessivamente
inusitadas também permeavam o roteiro.
Mas, e o contexto
cinematográfico? Tivemos algumas coisas interessantes, a começar pelo elenco.
Além dos já citados medalhões acima, tivemos uma boa presença de Jeff Daniels
como diretor da NASA e Chiwetel Ejiofor (de “Doze Anos de Escravidão") como
chefe da missão a Marte. A curiosidade foi a presença de Kate Mara, a mulher
invisível do novo Quarteto Fantástico, mas ela, coitadinha, continuou com
aquela carinha de empada. Um leve toque de “2001, Uma Odisseia no Espaço” é
notado no filme, pois a nave que leva a tripulação a Marte tem também as mesmas
centrífugas do filme de 1968 que simulavam gravidade. As cenas de gravidade
zero ficaram interessantes, embora Chastain parecesse circular na nave
flutuando com uma desenvoltura muito excessiva.
Assim, “Perdido em
Marte” vale pela diversão e pelo entretenimento, mas peca por uma forçação de
barra sem limites. Não tente encaixar qualquer compromisso com a lógica e o bom
senso nessa película. Pegue a carona nesse filme e viaje. Pelo menos não há o
menor risco de você ficar preso num deserto marciano coberto de ferrugem.
Cartaz do filme
Que fria!!!
A imponente nave espacial da missão
Uma equipe enfrentando adversidades
Curtindo a paisagem. Tá de brincadeira!!!
Mas ele não ficou só parado...
Guardando energias.
Um colonizador
Ele parecia não levar muito a sério a enrascada em que estava metido...
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