Que
Mal Eu Fiz A Deus? O Lado Cômico Da Intolerância.
Um filme francês bem
comercial, mas não menos reflexivo passa nas telonas. “Que Mal Eu Fiz A Deus?”
é uma forma divertida de se encarar o verdadeiro barril de pólvora em que se
transformou a Europa contemporânea quando o assunto é imigração e tolerância às
diferenças. Uma comédia que aborda um tema muito sério, sem ser apelativa ou
piegas.
Vemos aqui a história
do casal de católicos Claude e Marie Verneuil (interpretados, respectivamente,
por Christian Clavier e Chantai Lauby). Eles têm o que consideram um problema:
suas três filhas são casadas com um chinês, um judeu e um muçulmano. Essa situação
provoca um verdadeiro mal estar nesse casal que teve o desgosto de não ver suas
filhas casadas na Igreja e vê com preconceito os genros. Mas a intolerância não
se limita ao velho casal. Podemos ver atritos entre os genros, principalmente
quando todos jantam juntos. O relacionamento entre os membros da família é
altamente explosivo e, ao fim das contas, todos propõem uma espécie de trégua
para mais se aturarem do que praticarem a tolerância em si. A grande esperança de
Claude e Marie está na filha caçula, que consegue um namorado católico, mas ele
é negro e africano, despertando mais intolerância ainda de todos, acentuada
pelo fato do namorado ser negro. Mas ainda há a família do jovem africano, cujo
pai vê os europeus com todo o preconceito do mundo.
Dá para perceber que a
coisa é tensa. Mas toda a situação foi trabalhada de forma divertida , para que
esse tema espinhoso fosse abordado de um jeito mais ameno. Fica bem claro aqui
que o preconceito não é privilégio de ninguém e o etnocentrismo impera em todos
os lugares e cabeças. Todos acabam sendo preconceituosos contra todos ao fim
das contas. A religião, os ressentimentos coloniais, a dominação econômica de
um grupo étnico sobre outro, o conflito árabe-israelense, tudo é motivo
suficiente para despertar a discórdia, levando a várias situações onde
presenciamos até dissolução de relacionamentos. Tudo isso é colocado de forma
bem contundente para mostrar os absurdos em que as pessoas mergulham de cabeça
por simplesmente não aceitarem as diferenças.
Como estamos falando de
uma comédia num filme comercial, temos um desfecho meio “fake”, ainda mais se
nos lembrarmos da situação cotidiana, onde o preconceito e a intolerância só se
fazem aumentar. Mas pelo menos o filme tocou no assunto e mostrou o quanto pode
ser ridículo todo o contexto em que vivemos, onde os ataques são mais agudos
que as alfinetadas que aparecem na película. Vale a pena dar uma conferida. Boas
risadas e boa reflexão, dois ingredientes que dão qualidade à produção.
Cartaz do filme
Um casal desgostoso com os genros...
Genros multiculturais
As filhas saúdam o novo genro, católico mas...
Preconceito aparece em todas as etnias...
Sogrões paus d'água...
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