Quando
Meus Pais Não Estão Em Casa.Turbulências Em Dias De Crise.
E não é que uma
produção de Singapura de 2014 chegou até nós? O excelente “Quando Meus Pais Não
Estão Em Casa” nos leva à Ásia de 1998, quando o continente era assolado por
uma violenta crise econômica. Uma família, aparentemente de classe média alta,
tinha que se desdobrar para manter as contas da casa em dia, sob uma ameaça
constante de demissão. Enquanto isso, o filho pré-adolescente criava uma série
de problemas disciplinares na escola cara em que estudava, aparentemente pela
falta de atenção dos pais. Quando a mãe tinha que deixar seu emprego para
tratar das situações de indisciplina do filho na escola, tratava o menino com
severidade e cascudos. Para não deixar o garoto tão sozinho, eles irão
contratar uma empregada doméstica filipina, de um país mais pobre e com uma
cultura totalmente diferente (as Filipinas foram colonizadas pela Espanha e são
católicas, por exemplo). Assim, a nova empregada, que quer tentar a vida num
país mais rico, será tratada como uma cidadã de segunda categoria pela família,
onde a mãe tem uma atitude mais esnobe e o pai vive em constante tensão pela
responsabilidade maior sobre as contas da casa.
É um filme sobre
relacionamentos humanos. E de como tais relacionamentos são afetados pela crise
econômica. A recessão cria bolsões de crueldade em vários níveis, onde os
personagens são submetidos a toda uma série de humilhações. Um típico caso de
como a perversidade do sistema capitalista se infiltra e destrói as relações
humanas no meio privado, o tipo de filme que estava muito em voga naquela
situação de crise lá de meados da década de 1990, que não atingia a Ásia
apenas.
O grande destaque fica
por conta da relação entre a empregada e o menino. O garoto, uma espoleta em
todos os sentidos, acaba desenvolvendo uma afeição com a empregada, que é uma
mulher doce e que, pela força das circunstâncias, é obrigada a viver afastada
de seu filho que está em sua terra natal. Tal relacionamento vai despertar um
forte ciúme na mãe que não pode estar presente o tempo todo com o filho.
Essa película se
enquadra naquela aqui já tão citada categoria de filmes, os filmes de denúncia
que nos fazem refletir sobre os rumos para os quais levamos este mundo. Mostrar
os efeitos de uma crise econômica no meio privado, provocada por uma elite
gananciosa e inconsequente, é a forma mais eficaz de denunciar tais agruras,
pois, ao ver uma família passando pelo pesadelo do desemprego e da falta de
dinheiro para pagar suas contas, uma pergunta inevitável vem às nossas cabeças:
“e se tudo isso estivesse acontecendo conosco?”, o que provoca uma sensação de
incômodo e desconforto totais. Somente o fato de o filme suscitar tal discussão
da qual é impossível ficarmos indiferentes, o faz cumprir a sua função social.
Dessa forma, filmes
desse naipe sempre devem ser divulgados e exibidos para o maior número possível
de pessoas, pois eles nos ajudam a perceber quais são os efeitos maléficos de
uma crise econômica quando ela vem e coloca em nossas mentes uma pergunta que
deve ser respondida em nosso íntimo: o que podemos fazer para nos precaver (ou
pelo menos atenuar) tais efeitos sobre nós? Um filme que estimula tais
reflexões sempre deve ser elogiado.
Cartaz do filme
Cartaz divulgado no Brasil.
Um casal pressionado pela crise econômica
Uma babá zelosa...
A amizade com o menino floresce
E chega a brincadeiras pueris
Mãe e filho. Relacionamento difícil
Festa de aniversário. Raro momento de alegria.
Lembrança de um dia feliz
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