América,
Uma História Portuguesa. A Tragédia Social Dos Imigrantes Em Terras Lusas.
Uma curiosa co-produção
portuguesa, russa, brasileira e espanhola de 2013 só agora aparece em nossas
telas. “América, Uma História Portuguesa”, trata da situação dos imigrantes na
Europa, mais especificamente em Portugal. Vemos aqui como vários russos e ucranianos
tentam fugir da dura realidade de seus países, tentando a sorte na Europa
Ocidental ou nos Estados Unidos e usam as terras lusas como trampolim para se
estabelecer em países mais desenvolvidos. Obviamente, essas pessoas
desesperadas por um novo futuro ficarão à mercê de toda a sorte de punguistas,
malandros e bandidos. E o filme vai justamente se debruçar sobre um grupo
específico de vigaristas, composto por portugueses, espanhóis e brasileiros. E,
no meio disso tudo, uma russa que não tinha nada a ver com aquela vida. A moça
em questão é Liza (interpretada pela atriz russa Chulpan Khamatova), que fora
seduzida pelo vigarista português Vitor (interpretado por Fernando Luís). Eles
se casaram e tiveram um filho, Mauro, que tem necessidades especiais e problemas
de comunicação. Liza ainda precisa cuidar da avó de Vitor, uma senhora
praticamente centenária que se recusa a comer as sopas dadas pela russa. Vitor tem
a companhia de outros vigaristas, dentre eles Fernanda (interpretada por Maria
Barranco), que começa um negócio de passaportes falsos que os imigrantes
ilegais precisam, já que seus patrões seguram os passaportes para obrigá-los ao
trabalho escravo. Ao mesmo tempo, três imigrantes ucranianos que eram médicos
ortopedistas ficarão “hospedados” num anexo da casa da quadrilha enquanto
esperam que seus passaportes falsificados fiquem prontos. Um deles iniciará um affair com Liza só para complicar mais
as coisas. E esses ortopedistas são perseguidos por uma quadrilha russa que
apreendeu seus passaportes, jogando mais tensão à trama.
A história é muito boa
e pesada. Definitivamente, vemos um clima de sub-mundo, num meio muito parecido
com nossas favelas brasileiras. Todos estão envolvidos em negócios ilícitos e
barra-pesada, à exceção de Liza, que quer sair daquele mundo, mas não sabe
como. Fica bem claro como a história quer relacionar questões locais de miséria
com questões mais globais, como o colapso do socialismo que levou o leste
europeu a uma situação de colapso econômico, forçando suas populações ao êxodo
e a se sujeitar a esquemas ilícitos para buscarem novas perspectivas em suas
vidas. Portugal como o local onde tais esquemas ilícitos ocorrem é outro caso
emblemático, já que nosso “país irmão” é um dos mais pobres da Europa Ocidental
e severamente atingido nas recentes crises do capitalismo nos últimos anos,
constituindo-se num terreno fértil para essas operações ilegais de imigração.
Muito assusta o clima
de miséria e violência do filme, não parecendo que ele se passa na Europa. Destaque
especial deve ser dado ao ator brasileiro Cassiano Carneiro, como um dos
membros da quadrilha, o mais maltrapilho de todos. Parece que, saindo do
círculo europeu, os personagens ficavam numa condição cada vez mais degradada,
exceção feita à um viciado que roubava passaportes de turistas (assim como o
brasileiro fazia!), que era europeu.
Dessa forma, “América,
Uma História Portuguesa”, é mais um daqueles importantes filmes que nos fazem
pensar e que denunciam a situação complicada que muitos povos europeus passam
hoje em virtude de fortes crises econômicas provocadas pelo capitalismo. A
forma como a miséria é mostrada em solo europeu, miséria essa de grife terceiro
mundista, choca muito e nos chama a atenção. É um daqueles filmes para ver, ter
e guardar.
Cartaz do filme
Liza, mergulhada no sub-mundo...
Uma família assolada pela miséria e vigarice...
Vidá miserável e situações inusitadas...
Fernanda, que busca fazer dinheiro a todo custo...
Ucraniano... será bom para Liza???
Boa presença do ator brasileiro Cassiano Carneiro...
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