Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

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sexta-feira, 18 de julho de 2014

Resenha de Filme - O Fantástico Mundo de Juan Orol

O Fantástico Mundo De Juan Orol. Surrealismo? Não, Bons Filmões B.
Um espanhol nascido na Galícia, despachado para Cuba pela mãe, que queria casar novamente. Sozinho, ele teve que se virar para sobreviver. Foi jogador de baseball, pugilista, piloto de corrida. Fracassou em tudo. Vai para o México para ser toureiro. Quase morre, e consegue um emprego sujo de polícia secreta com os parentes da esposa. Mas descobre uma câmara de cinema e é totalmente seduzido pela sétima arte, tornando-se produtor, ator, diretor, roteirista e o maior nome dos filmes B do México, sendo constantemente espinafrado pela crítica sua vida inteira. Esse é o retrato do cineasta Juan Orol, apresentado no deliciosíssimo filme “O Fantástico Mundo de Juan Orol”, dirigido por Sebastian del Amo e produzido no ano de 2012.
Por que o filme é tão delicioso? Porque podemos ver a vida do cineasta contada da mesma forma que eram seus filmes, ou seja, numa linguagem altamente folhetinesca, sendo isso uma grande homenagem. A dramatização excessiva, caricata, profundamente engraçada, nos faz rir até em momentos trágicos de sua vida, como a morte do filho. Por ser altamente espalhafatoso e caricato, ele foi até rotulado como uma espécie de surrealista dos trópicos. Mas não é o que parece. O nosso amigo Orol deve ter sido mesmo um grande realizador de filmes B, bem ao estilo de nosso Zé do Caixão ou Simião Martiniano, onde não havia espaço para teorias, mas sim muita intuição, tentativa e erro e uma perspectiva autodidata, forjada num contexto de baixo orçamento. Os filmes de Orol eram regados a muitos números musicais com mulheres esculturais dançando ritmos latinos perante à câmara e uma violência gratuita com tiroteios de metralhadoras ao estilo pastelão e dramalhão, ou seja, algo tão ridículo que vira cult. É muito legal também perceber que a vida do cineasta foi narrada de acordo com as tecnologias cinematográficas de cada época. Assim, sua infância foi feita bem ao estilo do cinema mudo, com intertítulos e tudo para os diálogos. Sua adolescência e acesso à carreira cinematográfica eram todas em preto e branco. E os anos de sua velhice foram em cinema colorido. Muito bem bolado.
Mas, apesar do tom escrachado e exacerbado de sua biografia, podemos perceber que detalhes verídicos de sua vida estavam lá, como a morte da primeira esposa, todas as dificuldades e endividamentos que ele sofreu para fazer seus filmes, as crises em seus cinco casamentos, geralmente com as novinhas de corpo escultural que ele escolhia para ser suas atrizes, o incêndio na cinemateca nacional que destruiu suas películas já na velhice. Assim, se não podemos acreditar em tudo o que vemos, sentimos que algumas passagens são bem reais. De qualquer forma, é um filme sobre um homem que ama o cinema, sendo um prato cheio para todo o cinéfilo. Uma das melhores coisas do mundo é quando o cinema produz filmes que falam dele mesmo (“Cinema Paradiso” é um dos exemplos mais latentes) e “O Fantástico Mundo de Juan Orol” não foge a essa regra. Pelo menos, o filme nos informa ao final que a obra desse cineasta não se perdeu, apesar do incêndio, e houve um trabalho de restauração de grande parte de seus filmes. Agora, é procurar no Youtube. Uma das características mais interessantes de seus filmes é que, bem ao início, o próprio Orol se dirigia ao público, apresentando sua criação e a sua história, sendo que podemos ver um trecho original dessa apresentação ao início da película.

Dessa forma, “O Fantástico Mundo de Juan Orol” é um filme que vale muito a sua atenção. Não deixe de assistir, principalmente se você é um cinéfilo apaixonado.

 Cartaz do filme. Bem ao estilão filme B.


Juan Orol (interpretado por Roberto Sosa).


Fracassou como pugilista.


Foi apadrinhado pelo General Cruz.


Então, mais tarde, decidiu ser cineasta.


Cercado a vida inteira por mulheres belíssimas.


 Velhice colorida, mas triste.


 Desolação na cinemateca incendiada.


O verdadeiro Juan Orol.


 Posando como gângster.


Na velhice.

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