Anos
Felizes. Você Era Feliz E Não Sabia.
Bom filme italiano nas
telas. “Os Anos Felizes”, de 2013, dirigido por Daniele Luchetti conta uma
história narrada em primeira pessoa que lembra de seus dias de infância e o
relacionamento com os pais. Seu pai, Guido (interpretado pelo belo Kim Rossi
Stuart), é um artista que busca espaço para sua carreira e tem uma vida financeira
completamente instável. O problema é que Guido precisa sustentar esposa e dois
meninos. A mulher de Guido, Serena (interpretada por Micaela Ramazzotti) tem
que encarar os problemas de falta de grana e, ao mesmo tempo, o relacionamento
de Guido com modelos nuas e suas consequentes puladas de cerca. Serena também
quer participar de forma mais atuante na vida do marido, que rechaça isso
totalmente, pois ele acha que a presença de sua mulher e filhos no meio de
trabalho atrapalha sua carreira (e, obviamente, suas aventuras extraconjugais).
Guido fará uma performance onde ele aposta o destino de sua carreira. Serena
aparecerá de surpresa com os filhos, o que vai atrapalhar a apresentação de
Guido e provocará críticas negativas, algo que ele vai esconder da esposa. Os
ciúmes de Serena mais os chiliques de Guido irão, pouco a pouco minando o
relacionamento, até que Serena irá fazer uma viagem de verão com os filhos e
sem o marido para a França, onde ela contará com a companhia de Helke
(interpretada por Martina Gedeck), que Serena conheceu no dia da performance de
Guido e é amiga do artista. Os dias na praia trarão novas experiências para
Serena e os dois filhos, o que vai perturbar ainda mais a já atormentada cabeça
de Guido, que busca inspiração para suas criações. O mais curioso é que,
enquanto Guido tinha uma relação aparentemente estável, sua veia criativa era
medíocre. Mas bastou vir a crise no casamento que sua criatividade explodiu e
ele floresceu como artista. Tal ideia é bem parecida com aquele mito de que a
criatividade artística aflora em momentos de crise profunda, bem ao estilo do
que é dito, para o nosso caso brasileiro, de que as melhores ideias culturais
surgiram no período da ditadura militar, por exemplo. Mas aqui o caso é de uma
crise de relacionamento no meio privado.
Outra virtude do filme
é o seu tom em formato de relato autobiográfico. A narração em primeira pessoa do
filho mais velho da família, que lembra como os pais se relacionavam, assim de
como o próprio filho mais velho se relacionava com os pais, irmão, avós e
familiares, além das experiências emocionais e sensoriais de férias
inesquecíveis, nos remetem a uma carga afetiva intensa, onde nós, espectadores,
assumimos uma cumplicidade com o narrador. O clímax dessa experiência é a
tentativa de suicídio do menino, que não aceita a forma passiva que a mãe escuta
os relacionamentos extraconjugais do pai, para aparentar maturidade. As cenas
do pai e da mãe tentando salvar o garoto com dificuldade debaixo d’água é
acompanhada da hilária cena do menino tomando uma surra dos pais dentro do
carro, aos gritos de um italianíssimo “Cretino!” dados por Guido.
Dessa forma, se você
quer ver um filme com lembranças carinhosas sobre o passado cheio de mulheres
nuas, “Anos Felizes” é um prato cheio. O filme também nos ajuda a raciocinar
como as pessoas metem os pés pelas mãos em seus relacionamentos em virtude de
seus medos e fraquezas, e de como isso afeta as outras pessoas em volta. Dê uma
conferida, que vale a pena.
Cartaz do filme.
Simpática família italiana em crise.
Guido. Artista
preocupado com sua carreira e em crise com a família.
Muito contato com
mulheres nuas
Relacionamento com
Serena conturbado
Na performance.
Constrangimentos.
Serena e Helke. Férias
inesquecíveis.
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