Filha
Distante. Ajuste De Contas Com O Passado.
Uma produção argentina
de 2012 chegando só agora por aqui. O filme “Filha Distante”, de Carlos Sorín,
tem como título original “Dias de Pesca”. E o filme foi mais a pesca que a
filha, que realmente estava bem distante, em todos os sentidos. Vemos aqui a
história de Marco Tucci (interpretado por Alejandro Awada), um homem de meia
idade que se recupera do alcoolismo e começa vida nova, onde ele precisa de um hobby para distraí-lo. Marco, então,
elege a pesca como sua distração e se despenca de Buenos Aires para a
Patagônia, bem ao sul da Argentina, para aproveitar a temporada de pesca do
tubarão. Mas Marco também procurará sua filha Ana (interpretada por Victoria
Almeida), que vive nessa região. O pai se afastou da família e agora Marco quer
se redimir. Mas o encontro com a filha será cheio de percalços. Em primeiro
lugar, ela não mora mais no endereço que o pai tinha. Marco então irá colocar
um anúncio na rádio, que será ouvido pela vizinha de Ana, que está numa cidade
a mais de cem quilômetros da cidade onde Marco está. O reencontro entre pai e
filha é excessivamente frio e formal. O pai convida Ana e o marido para
assistir a um show de música... brasileira. Mas Ana não quer reviver o passado
e rechaça o pai que, segundo ela, destruiu a vida de sua mãe e não quer que ele
destrua a vida dela. Foi uma pena ver esse tema do encontro entre pai e filha
pouco aproveitado. Tinha tudo para ser o tema principal. Mas o que mais
apareceu no filme foi realmente a viagem de Marco e suas experiências, com
pequenas historietas paralelas: o treinador de boxe, que tem uma lutadora como
pupila, o acampamento à beira mar de colombianos viciados em maconha, a sua
experiência mal sucedida de pescar tubarões que o leva ao hospital com uma
crise de enjoo. Apesar do filme deixar no ar uma previsão otimista sobre a
aproximação do pai e da filha, ficamos com a impressão de que o filme é um
grande desperdício de celuloide se ele quer se chamar de drama. Mas, se fosse
um documentário sobre a Patagônia, seria um celuloide muito bem aproveitado,
pois as imagens do local são belíssimas. É lamentável que o filme tenha tomado
mais um tom de road movie do que de
drama. A crise de relacionamento entre pai e filha tomava contornos
interessantes e, quando esperávamos mais desenvolvimento nessa direção, há um
corte abrupto e injustificável. Choque de crueza de realidade? É a única
explicação que me vem à cabeça. Mas fica com aquele gostinho de quero mais
drama. Pelo menos, quando eu for pescar tubarão, já sei qual é o tipo do
molinete que devo usar. Espero, pelo menos, que Marco tenha pescado Ana (no bom
sentido, é claro), nos pós-créditos...
Cartaz do filme
Marco e Ana. Pai e
filha num relacionamento difícil.
Conhecendo o neto.
Experiência desastrada
de pesca.
Um homem em busca de si
mesmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário