Jornada
Nas Estrelas. Radiografando Um Longa. A Ira De Khan (Parte 1)
O segundo
longa-metragem da tripulação da série clássica trouxe novos e curiosos elementos
para a saga de “Jornada nas Estrelas”. Mas, inicialmente, vamos falar como se
deu a produção desse filme. Harve Bennett, responsável por escrever a história
do longa, viu toda a série clássica em películas de 16 mm num intervalo de três
meses. O que lhe chamou mais a atenção foi o episódio “Semente do Espaço”, onde
a tripulação da Enterprise encontra uma antiga nave da Terra, de nome Botany
Bay.
O que sucede em
seguida? Nessa nave, encontram-se, em estado criogênico, seres humanos
produzidos por engenharia genética na segunda metade do século XX, que são uma
espécie de “super-homens”, altamente fortes e inteligentes, que passaram a
dominar o mundo e entraram em guerra (as guerras eugênicas). Alguns deles,
liderados por Khan, fugiram e se colocaram em estado criogênico, sendo
descobertos pela Enterprise em pleno século XXIII. Inicialmente, Khan irá se
mostrar um cordial hóspede, mas com o tempo, ele tentará dominar a Enterprise. Obviamente,
a tripulação não permitirá que isso aconteça, mas também não acabará com o
inimigo, que será enviado para o planeta Ceti Alfa 5 para viver num mundo
selvagem que será ideal para sua sede de conquista de Khan. E assim, se plantou
a semente do espaço, com um inimigo que não foi derrotado de todo pela
Enterprise. Ao fim, Kirk e Spock especulam sobre qual seria o resultado daquela
semente plantada. Assim, Harve Bennett teve a ideia de desenvolver essa
história no segundo longa. Leonard Nimoy, nosso Spock, foi chamado mais uma vez
para fazer o filme e novamente ele negou, havendo especulações de que ele fazia
esse charme todo para obter uma vantagem financeira a mais. Foi passado a ele
que Spock morreria no filme, o que daria um desfecho glorioso para o
personagem, o que chamou sua atenção. Mas inicialmente ele não gostou do
roteiro, pois Spock morreria no início do filme. Coube a Nicholas Meyer, o
diretor, reescrever todo o roteiro em doze dias, para espanto de todos, pois
além de fazer isso em tempo recorde (segundo William Shatner, o capitão Kirk,
ninguém reescreve um roteiro em doze dias), a história ficou boa. Mas, à medida
que as filmagens caminhavam para seu desfecho, havia um ar de arrependimento
com relação à morte de Spock, principalmente pelo fato de que se extinguiria
uma franquia que dava tão certo financeiramente. A exibição para o público
teste foi um desastre, pois o filme terminava com o corpo de Spock sendo
lançado no espaço, o que provocou um tom fúnebre na plateia, uma noção
arrasadora de que “Jornada nas Estrelas” havia chegado ao fim. Decidiu-se,
então, dar um novo desfecho (a contragosto de Meyer) em que houvesse mais
esperança de uma continuação. Foi pedido a Nimoy que, na cena de sua morte, ele
colocasse um gancho que poderia levar a uma sequência. Foi aí que Nimoy
inventou o elo mental com o Dr. McCoy inconsciente, falando a palavra
“Lembre-se”. Essa cena era vaga o suficiente para se criar qualquer argumento
que justificasse um novo filme. Outros elementos interessantes surgiram ao
final, como um Kirk mais esperançoso no futuro (seu desânimo com a passagem do
tempo e a velhice foi notório ao longo da trama) e a frase de Spock citada por
Kirk: “Sempre existem possibilidades”. O epíteto “Espaço, a fronteira final,
etc., narrado por Spock ao fim do filme, nos dá a certeza de que haverá uma
continuação e, apesar de ter sido “cafona” (nas palavras do próprio Harve
Bennett), tinha que ser daquele jeito, onde até a crítica especializada da
época acabou concordando que era a coisa certa a fazer.
No próximo artigo,
vamos destrinchar as principais qualidades desse filme para o universo de
“Jornada nas Estrelas”. Até lá!
Cartaz do Filme
Tripulação da Enterprise de volta
Khan, um vilão à altura de Kirk
Em “A Semente do Espaço”
Nenhum comentário:
Postar um comentário