A Montanha
Matterhorn. Um Estranho Casal.
Mais
um filme belga digno de atenção. “A Montanha Matterborn”, escrito e dirigido
por Diederick Ebbinge, conta uma história muito estranha, mostrando até onde
pode ir a imprevisibilidade das relações humanas, com lances para lá de
surpreendentes e que muito nos fazem refletir. Vamos falar um pouquinho sobre
esse curioso filme.
Vemos
aqui a história de Fred (interpretado por Ton Kas), um homem que vive numa
pequena comunidade extremamente religiosa. Um dia, um estranho homem aparece,
Theo (interpretado por René Van’t Hof) e Fred acaba o acolhendo, ao perceber
que o pobre homem tem problemas mentais. Isso desperta a revolta da comunidade,
principalmente de Kamps (interpretado por Porgy Franssen), que tem como hobby a fotografia e é um dos membros
mais religiosos. As pessoas no vilarejo começam a desconfiar da sexualidade de
Fred. Mas ele banca a convivência com Theo, que adora carneiros e imitá-los. Ao
fazer isso num supermercado, ele provoca risos num casal, que quer contratá-lo
para animar a festa de aniversário da filhinha. Assim, Fred e Theo levam à
frente esse negócio, o que provoca o afastamento de Fred da comunidade e seus
rituais religiosos, para o desespero de Kamps. Os passados de Fred, Kamps e
Theo estão envolvidos em várias querelas pessoais e emocionais que são
altamente inusitadas e imprevisíveis, onde a afetuosidade reprimida pela
religião e por lances absolutamente casuais acabam justificando relacionamentos
homossexuais inesperados. Há, também, a história da esposa de Fred, Trudy
(interpretada por Elise Schaap, que é a cara da Lorena Calábria, apresentadora
do “Cine Conhecimento”, da TV Futura), que morreu num acidente. Esse fato
também está ligado aos problemas mentais de Theo. Há uma história mal resolvida
entre Fred e seu filho, que só será citada mais ao final do filme. Fred também tem
como objetivo ir à Montanha Matterhorn, na Suíça, local onde ele pediu sua
esposa em casamento. Fred quer fazer isso com Theo ao seu lado, de quem ele
está cada vez mais íntimo.
A
grande lição que o filme nos dá é a de que sentimentos de ausência e falta de
afetividade fragilizam o ser humano a um tal ponto que, quando ele encontra um
apoio, um anteparo, se agarra totalmente a ele, não importa quem seja e como
seja. Fred e Kamps tinham carências afetivas extremas e a figura de Theo surgiu
como a tábua de salvação dos dois, por mais estranho que isso possa nos
parecer. Assim, o tema principal da trama não é um homossexualismo latente, mas
sim um estudo sobre a vulnerabilidade humana em momentos de crise. O mais
interessante é que, apesar do tema complexo e sério, a história ainda é uma
excelente comédia, que amarra e interliga bem as trajetórias de cada
personagem, provocando grandes surpresas e levando a bizarros momentos de
ternura. Um filme que prende a sua atenção do início ao fim e que arrancou
aplausos da plateia ao fim da exibição por sua originalidade e pela forma
envolvente que a trama foi contada. Vale a epígrafe de Johann Sebastian Bach ao
início da história: “Fazer a música é fácil. O negócio é apertar as teclas
certas na hora certa”. Ou seja, por mais
inusitadas que tais situações possam aparentar, as oportunidades aparecem no
momento oportuno e devem ser aproveitadas. Esse filme merece uma boa conferida.
Cartaz
do filme.
Fred
e Theo. Um estranho casal.
Jogando
bola.
A
paixão de Theo pelos carneiros.
O
transforma em animador de festas.
Indo
na contramão da religião.
Elise
Schaap, a Trudy. É ou não é a cara da Lorena Calábria?
A
dita cuja.
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