Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!
Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

segunda-feira, 31 de março de 2014

Resenha de Filme - Frankenstein, Entre Anjos e Demônios

Frankenstein, Entre Anjos e Demônios. Dilemas da Alma Perdida.
O filme “Frankenstein, Entre Anjos e Demônios”, é aquilo que eu chamo de “Extended Play Story”, ou seja, um clássico da literatura universal estendido além do que todo mundo já conhece. Já vimos isso no cinema com a Branca de Neve e com João e Maria (muito violento, por sinal; Estatuto da Criança e do Adolescente e Lei Maria da Penha teriam muito trabalho naquele filme). Agora, é a vez da simpática criatura de Mary Shelley ter a sua chance.
Tudo começa do jeito que a gente já sabe. A criatura (interpretada por Aaron Eckhart), perseguida pelo Dr. Victor Frankenstein, depois de sua mulher ser assassinada pelo monstro. O Dr. Frankenstein morre congelado e a criatura, resistente ao frio, leva o seu criador ao cemitério da família. Durante o sepultamento, a criatura vai se deparar com um exército de demônios que quer capturá-lo. Mas a criatura mata um dos demônios. Isso desperta os gárgulas de uma igreja próxima, que matam os outros demônios e levam o monstro mais o livro de anotações do Dr. Frankenstein para a igreja que serve de quartel-general desses anjos bem feinhos. Lá, a rainha dos gárgulas, Leonore (interpretada pela belíssima Miranda Otto, que fez o papel de Elisabeth Bishop no filme brasileiro “Flores Raras”) tenta em vão fazer a criatura pertencer ao seu exército nessa luta do bem contra o mal. A criatura desaparece por uns duzentos anos (ela é resistente, não morre fácil), chegando até aos dias atuais quando, de saco cheio de tanto ser perseguida pelos demônios, volta para dar um ponto final a todo esse tró-ló-ló. Para isso, a criatura deverá enfrentar o príncipe dos demônios, Naberius (interpretado por Bill Nighy, o pai de “Questão de Tempo”), que quer não só a criatura Frankenstein como também o livro de anotações do Dr. Frankenstein, em poder dos gárgulas, para ressuscitar cadáveres e colocar a alma dos demônios que vivem no inferno neles, formando um verdadeiro exército do mal para destruir a humanidade. Para isso, Naberius contará com a ajuda da cientista Terra (interpretada por Yvonne Strahovski), que logo ficará do lado da criatura. Cabe dizer aqui que a relação entre a criatura e os gárgulas era altamente conflituosa, pois o próprio monstro de Frankenstein é uma criatura dividida entre o bem e o mal. Assim, vemos duas lutas entre forças malignas e benignas: os demônios e os gárgulas, assim como o dilema entre bem e mal dentro do próprio Frankenstein, que opta por um futuro do bem (será que vão fazer continuação do filme?), em detrimento do seu passado de ressentimentos, ligado ao mal. Dessa forma, a história resgata o personagem vítima da tragédia que foi o homem brincar de Deus. Mas toda essa discussão é apenas um devaneio pseudo-filosófico em cima de um filme comercial de ação! Vemos muitos efeitos especiais, demônios tomando muitas pauladas que, quando morriam, iam em chamas chão abaixo para o inferno, ao passo que, quando os gárgulas morriam, eles iam para o céu num facho de luz azul. Um Frankenstein com cara de galã remendado e com arroubos de Wolverine (“Leave me Alone” e “deixa que eu resolvo tudo!”), tudo isso num 3D só para enfeitar. No mais, a fotografia cheia de efeitos especiais, com claros e escuros, meio gótica, meio expressionista.

Pode-se dizer que “Frankenstein, entre anjos e demônios” é um filme que tem o que se espera exatamente dele. Pura diversão, sem reflexões filosóficas mais profundas. Pelo menos, redime moralmente a criatura. E por que não?

 Cartaz do Filme


Um galã remendado...


Naberius, o príncipe dos demônios...


Bem, Mal e Imortal: sem carinhas bonitas...


A cientista Terra.


Miranda Otto, como Leonore, muito linda...

domingo, 30 de março de 2014

Resenha de Filme - Vila Amália

Vila Amália. Jogando Tudo Para o Alto.
Abandonar seu cotidiano, jogar tudo para o alto e remodelar totalmente sua vida até as últimas consequências, abdicando até do uso da energia elétrica, vivendo praticamente como um eremita no alto da montanha. Foi isso que a maravilhosa atriz Isabelle Huppert fez em “Vila Amália”, filme francês de 2009.

Vemos aqui a história de uma renomada pianista, Ann, que flagra o marido a traindo na rua. Mas, ao mesmo tempo, se encontra com Georges, seu amigo de infância (interpretado por Jean-Hugues Anglade). A traição que Ann sofre será o empurrãozinho para ela mudar completamente sua vida. Ela se separa de seu marido, vende seu apartamento, abandona sua profissão de compositora, se desfaz de todos seus bens e coloca o dinheiro na conta de Georges, para não deixar vestígios. O filme vai mostrando lentamente todo o processo de desmonte da vida de Ann, algo que qualquer um de nós teria medo de fazer. Largar casa, emprego, tudo, transformar isso em dinheiro e simplesmente sair por aí, se desfazendo dos poucos bens materiais a cada estação, a cada parada. A única referência será apenas Georges, que apaixonado, ainda sofre a falta de correspondência amorosa de Ann. A nossa ex-pianista encontrará seu refúgio perfeito numa casa abandonada próxima ao litoral da Itália, terá uma breve experiência homossexual e terá uma vida aparentemente livre. Isso até a hora em que sua mãe falece e ela é obrigada a encarar seu pai, que havia abandonado a família. Também músico, o pai de Ann admira a obra da filha, mas não dá a mínima para os sentimentos “católicos” dela e da mãe, pelo fato de ser judeu. Ele critica os gritos de infância da mãe e da menina Ann, lembrando que é importante para um judeu viver num ambiente sem gritos (muito provável alusão ao holocausto). A frieza monolítica do pai só será quebrada quando Ann, segurando a porta do elevador, acaricia seu rosto e vemos o semblante do pai judeu totalmente surpreso. De qualquer forma, esse breve encontro não interrompe o isolamento de Ann, que termina o filme dentro de sua casinha no alto da colina com vista para o mar e sem energia elétrica. Muito romântico, mas talvez irreal, como só o cinema consegue ser...

Cartaz do Filme


Ann e Georges


Ann, a pianista (e toda a elegância de Isabelle Huppert).


Nova casinha de Ann..


Experiência íntima com morenaça italiana

sábado, 29 de março de 2014

Resenha de Filme - A Filha Só

A Filha Só: Ingenuidades Desorientadas.
Falta de Rumo. Incapacidade de tomar decisões. Precipitação. Essas podem ser as palavras que definem “A Filha Só”, um filme de Benoît Jacquot lá de 1995. Nem sempre estamos preparados para enfrentar as rasteiras que a vida nos dá. E podemos meter os pés pelas mãos.

O filme conta a história do jovem casal formado por Valérie Sergent (interpretada por uma belíssima Virginie Ledoyen) e Remi (interpretado por Benoît Magimel). Esse casal se encontra num bar e já percebemos a tensão entre eles. Discussões bobas provocadas por uma falta de comunicação e por visões estreitas de vida. Valérie está grávida. Remi, desempregado. Valérie consegue um emprego de camareira num hotel. Após o encontro com Remi, Valérie vai para seu novo hotel e passa pelas situações mais inusitadas, seja com os hóspedes, seja com os colegas de trabalho. Ela lida com tudo isso com bastante displicência e risinhos de quem não percebe o que está a sua cara. Até que uma de suas colegas a alerta: preste atenção na sua vida! Você acha que tudo está correndo às mil maravilhas e, de repente, BUM! Tais palavras impressionaram Valérie, que decide romper com Remi. O medo do namorado abandoná-la ou o casamento naufragar impele Valérie a acabar com a relação sem ao menos tentar. Ou seja, ela tomou a decisão no ímpeto, na base da precipitação. E assim permaneceu sozinha. Seu filho nasceu, os anos passaram e ela continuou sua rotina de mãe solteira com um emprego, aparentemente não arrependida de suas decisões. Vemos, ao longo do filme, uma ligação muito forte entre Valérie e sua mãe, para quem ela liga constantemente até no horário de trabalho. A parte final vai finalmente mostrar a mãe de Valérie para o espectador numa conversa entre as duas num parque. Nesse momento, vemos como as duas são muito parecidas. Inseguras com relação a vida amorosa, com pequenos traços de fragilidade. A mãe mais emotiva, já Valérie um pouco mais segura de si. Mas a impressão que as duas passam é a de fragilidade e insegurança que, mais hora, menos hora, pode acometer a todos nós, independente da idade e experiência de vida que tenhamos...

Cartaz do Filme


A bela Valérie (Virgine Ledoyen)


Valérie e a amiga que vai lhe dar conselhos sobre a vida


Valérie e Remi

terça-feira, 25 de março de 2014

Resenha de Filme - Sem Escalas

Sem Escalas. Terrorismo Amigo.
Apareceu um filme de ação interessante nas telonas. “Sem Escalas”, estrelado pelos bons atores Liam Neeson e Julianne Moore, enfoca a questão da segurança dos voos domésticos americanos no pós 11 de setembro, onde sequestros são maquinados com o objetivo de se exibir falhas no sistema.
Vemos aqui a história do agente Bill Marks (interpretado por Neeson), responsável pela segurança dos voos, mas que não gosta de voar. O desconforto gerado no emprego é agravado pelo fato de que ele perdeu sua filha aos oito anos de leucemia e não foi um pai presente por não ter coragem de encarar a situação da doença da filha, algo que o atormenta profundamente. Para completar o panorama caótico de Bill, ele também é um fumante compulsivo e alcoólatra. Com todas essas “qualidades”, ele parece o menos indicado para o cargo que ocupa. Ao pegar um voo, ele recebe mensagens de texto em seu celular de linha fechada de um terrorista que diz que matará uma pessoa no avião a cada vinte minutos se não for depositado 150 milhões de dólares numa conta. Bill iniciará então uma corrida contra o tempo para salvar as pessoas do avião. Mas o problema é que, quanto mais ele age para deter o sequestro e as mortes, mais parece que ele mesmo é o terrorista perante as pessoas. E aí, para salvar todo o mundo ele precisará também convencer a todos de que não é terrorista, mas sim inocente. O filme é interessante, pois a parte em que há mais ação, com coisas do tipo troca de tiros e explosões, está mais ao final. Durante o transcorrer da trama, a situação é mais cerebral, onde o protagonista vai investigando, seguindo as pistas, chegando a conclusões, equivocadas ou não, e isso sob os olhares atônitos e incrédulos de tripulação e passageiros, algo que aumenta a tensão do filme. Ficamos exasperados, pois torcemos pelo protagonista e sentimos todos desconfiando dele, o que acaba também minando a nossa confiança com relação a ele numa certa altura da história. Tem hora que não temos mais certeza das coisas. Um detalhe interessante é o grande número de personagens apresentados, que serão os passageiros do filme, e vão interagir com o protagonista. Destaque também para a bela e eficiente Julianne Moore, que interpreta o papel de Jen, uma passageira que ajudará Bill a resolver o caso.

O motivo do sequestro é que chamou muito a atenção, pois o sequestrador maquinou toda a ação para expor a situação de vulnerabilidade desse sistema de segurança aéreo, prova de como o terrorismo afetou a sociedade americana. Se nas invasões dos gringos nos países do Oriente Médio víamos às vezes o “fogo amigo”, podemos dizer que, neste filme, temos um exemplo de “terrorismo amigo”. De qualquer forma, o filme é interessante, pois tem uma trama bem construída, sustentada por dois bons e grandes atores.


 Cartaz do Filme


Liam Neeson. Bill, mocinho ou bandido???


 Julianne Moore: excelente atriz e gatíssima como sempre.


Lupita Nyong’o, fazendo uma ponta aqui...


Cena de Ação Final. Coisinhas inacreditáveis, como sempre...

segunda-feira, 24 de março de 2014

Resenha de Filme - O Herdeiro do Diabo

O Herdeiro do Diabo: Mais um Demônio em Vídeo Caseiro.
E a onda continua. Não entendo por que os capetas gostam tanto de um vídeo amador. Essa moda começou com “A Bruxa de Blair” e não parou mais. Temos a mesma coisa no último “Atividade Paranormal”. Será que o inferno está cortando a verba para a produção de filmes? Deve ser...

E o “Herdeiro do Diabo” ainda cometeu o mesmo pecado que “Atividade Paranormal”. Agora, o demônio é uma coisa ligada mais aos chicanos. Em “Atividade Paranormal”, o possuído é um carinha da comunidade latina. Em “Filho do Diabo”, é pior, um casal bem WASP, branquinho, branquinho como a roupa daquele sabão em pó, passa a sua lua-de-mel na República Dominicana e é meio que “abduzido” por um motorista de táxi que leva recém-casados a rituais satânicos depois de embebedá-los. Com isso, a mocinha do casal acaba engravidando e vai dar a luz a um pequeno filhinho do demônio. Essa seita pagã e anticristã vai caçando casais inocentes por aí. O resto a gente já meio que conhece: a mocinha vai ficando estranha, começa a fazer rituais macabros e se comportar com muita violência, lançando mão de uma força descomunal que joga a galera longe. Pelo menos desta vez, a coisa não ficou só numa câmara caseira do marido desorientado. Vemos também câmaras de supermercado onde a futura mamãe vegetariana come uma bandeja de carne moída, câmaras de estacionamento de shopping center, onde a futura mamãe destrói o vidro de uma pick-up a socos, câmara de jovens dizimados pela mamãe que come veados (opa, não é aquilo que vocês estão pensando!!!) nos bosques e, pasmem, câmaras colocadas dentro da casa do casal pela própria seita para monitorar a gestação, num literalmente Big Brother Infernal (e sem Bial!). Bom, vemos aqui que esse modelo de filme já está bem manjado e corresponde a mais uma variação sobre o mesmo tema, cujo final, nós todos já conhecemos. Já sabemos que todo mundo vai se ferrar e o capeta triunfará com suas calejadas forças do mal, cheias de concorrência entre os humanos. Você vai ao cinema meio que para se divertir com os sustos bobos e as palhaçadas de um ou outro espectador mais engraçadinho. É o tipo de filme que você vê quando não se tem mais nada de relevante para ver. Você vai lá só na base da zoação mesmo. Quem sabe um dia um filme desses não nos faz uma surpresa e foge um pouco da regra geral... Agora, devo confessar. A única coisa que me inquietou em “O Herdeiro do Diabo”, foi o símbolo da seita: parece tanto o símbolo do Euro. Mensagem subliminar????

Cartaz do Filme: Símbolo do Euro???


Neném tá chutando a barriguinha da mamãe!!!


Olhar congelante da mamãe possuída...


Não ouse atrapalhar meu almoço!!!!

domingo, 23 de março de 2014

Resenha de Filme - A Gaiola Dourada

A Gaiola Dourada. Jogo de Interesses em Tons de Comédia.
Excelente. Essa é a impressão que “A Gaiola Dourada” nos dá. O filme é muito envolvente para nós, pois os personagens protagonistas são de uma família portuguesa. E logo a gente se identifica. É uma comédia deliciosa, mas que aborda temas muito atuais, tanto em nível particular como em nível mais geral.
O filme conta a história da família Ribeiro, formada pelo casal de emigrantes portugueses Zé (interpretado pelo sempre excelente Joaquim de Almeida) e Maria (interpretada por Rita Blanco). Esse casal sai de Portugal para viver em Paris, fugindo da pobreza e em busca de oportunidades. Maria irá se tornar a zeladora de um edifício e Zé um mestre de obras de uma construtora. O casal sempre adotou uma postura muito submissa perante seus patrões e até perante seus amigos e parentes portugueses. O casal tem dois filhos, Paula (interpretada por Bárbara Cabrita) e Pedro (interpretado por Alex Alves Pereira), que praticamente viveram toda a sua vida em Paris e têm pouca identificação com Portugal. A vida da família Ribeiro continuaria a mesma não fosse uma carta que receberam de Portugal, que dizia que o irmão de Zé havia morrido e deixado uma grande herança para ele, que era constituída de uma fábrica de vinho e muitas terras. Assim, o casal pobretão de emigrantes se torna muito rico da noite para o dia. Mas essa riqueza só seria desfrutada se Zé assumisse o controle de tudo e passasse a viver em Portugal. Com uma rede muito eficiente de fofocas, todos ficam sabendo da herança do casal e vão impedir a viagem dos dois para Portugal, em virtude dos mais variados interesses. A irmã de Maria quer que ela a ajude no molho da bacalhoada de seu restaurante. O patrão de Zé quer que seu mestre de obras continue no emprego para tocar a construção de um shopping center que o salvará da falência. Para piorar a situação, Paula se apaixona pelo filho do patrão de Zé. A partir daí, o filme assume uma série de situações engraçadas das mais variadas, onde o casal terá que superar vários obstáculos para poder retornar a Portugal e pegar sua herança. A cena mais engraçada foi o jantar na casa de Zé e Maria, com o patrão de Zé e sua esposa, para aproximar as duas famílias cujos filhos iniciavam um relacionamento. Cada casal queria agradar o outro e vimos o casal mais pobre se comportando como o mais rico e vice-versa.
A comédia meio que adoça temas espinhosos da sociedade europeia contemporânea. O mais proeminente deles é a migração. Fica bem claro no filme como o continente europeu está dividido entre uma Europa mais pobre e uma Europa mais rica. Essa cisão acaba levando a uma visão preconceituosa, onde portugueses (da parte mais pobre do continente) acabam se submetendo a condição de cidadãos de segunda categoria em países mais ricos (no caso, a França) e acabam realizando serviços e tarefas braçais que os franceses não querem fazer. O tempo excessivo fora do país de origem acaba fazendo com que o emigrante perca uma certa identificação com sua terra. Se Zé queria com certeza retornar ao país, Maria já era mais reticente. Ela se preocupava em deixar seus patrões na mão e não sabia o que fazer ao morar sozinha com o marido numa grande propriedade em Portugal. Dessa forma, víamos os próprios emigrantes presos dentro de sua “gaiola”, não conseguindo num primeiro momento sair daquela vida servil que lhes foi imposta por tantos anos. Mas isso iria mudar quando Paula os alertasse de sua condição subserviente. E aí os pais começarão uma espécie de rebelião que irá deixar todos os que se aproveitavam deles boquiabertos, algo que dá muita graça ao filme.
E quanto aos filhos? Esses irão sofrer um outro impacto da migração. Filhos de portugueses, passaram praticamente todas as suas vidas em Paris e a identificação com o país de origem dos pais é menor ainda. Haverá ainda o agravante de eles esconderem dos amigos e namorados a condição humilde dos pais, para não sofrerem discriminações, o que provocará mágoas entre pais e filhos.

O diretor do filme, Ruben Alves, que também teve a ideia original do filme, preferiu o happy end, com todos voltando à “terrinha”. Assim, a questão social da migração e do preconceito, que poderia ter sido abordada mais profundamente, ficou apenas num plano superficial, algo mais adequado para uma comédia. Se esse tema social tivesse sido mais profundamente enfocado, o filme tomaria mais um aspecto de drama, algo que não se enquadraria na proposta de comédia. De qualquer forma, o tema foi mencionado e isso torna o filme válido além da fronteira do entretenimento puro e simples. Vale a pena dar uma conferida nessa comédia.

Cartaz do Filme.


Zé e Maria.


Paula e namorado: conflito social no relacionamento.


Fofocas fazem parte do contexto do filme de forma divertida.


Divertida coletiva de imprensa. 

sexta-feira, 21 de março de 2014

Resenha de Filme - Todos Os Dias

Todos os Dias: Cotidiano de Opressões.
O filme inglês “Todos os Dias” é um interessante drama familiar. Trata da história de uma família bem numerosa (com dois meninos e duas meninas!) que é assolada pelo fato de o pai cumprir pena na prisão. Tal característica acaba afetando a todos os membros dessa família.

Não fica muito bem claro na história por que o pai, Ian (interpretado por John Simm) vai preso. A trama apenas sugere que Ian teve um envolvimento com as drogas. O filme, na verdade, volta suas atenções para o cotidiano da família. O ato de se levar as crianças à escola, as aulas, seja de desenho, matemática, canto ou informática, a mãe, Karen (interpretada por Shirley Henderson), que tem uma dupla jornada de trabalho, as constantes visitas da família ao pai no presídio (muito bem aparelhado, por sinal!), a visita do pai à família nos indultos, com a volta a prisão sempre sendo respeitada (outra coisa inacreditável para nossos padrões). Mas esse cotidiano na verdade serve apenas para mascarar a verdadeira situação da família. Os risos são raros, a melancolia, principalmente nas crianças, é uma constante. Filhos que choram sentindo a falta do pai, que praticam pequenos furtos, que brigam na escola por escutar ofensas ao pai, que se sentem desconfortáveis na visita a prisão. A mãe, a esposa, solitária, exausta em cumprir uma dupla jornada, em ter que cuidar dos filhos sem ajuda e que arruma um amante, cheia de sentimentos de culpa. O pai, prisioneiro, angustiado, pois sabe que os filhos e a esposa precisam de sua presença, que leva haxixe para dentro do presídio, por pressão dos outros presos, sendo transferido para uma prisão ainda mais distante, dificultando as visitas da família. E os dias passam e passam. Todos cumprindo suas rotinas. Todos oprimidos por redes de tristeza e sofrimento. Apesar de tudo, buscou-se um “happy end” para a história. Assim, o filme tomou os contornos de um drama leve, sem tragédias ou sentimentos agudos. Mais pareceu uma caixinha de melancolias, não tão bem resolvidas com o final feliz, mas curáveis dentro da perspectiva otimista que o roteiro do filme apresentou. A impressão que se dá é que vimos uma boa ideia que poderia ter sido mais bem desenvolvida, poderia ter ido mais longe. De qualquer forma, criou-se alguma reflexão sobre a responsabilidade que nós temos quando seres humanos dependem da gente...


Ian e Karen: Relação conflituosa por causa da prisão...


Cartaz do Filme


Karen e os filhos: cotidiano de opressões...

terça-feira, 18 de março de 2014

Resenha de Filme - Era Uma Vez Em Tóquio

Era Uma Vez Em Tóquio. Desconstruindo um Remake.
O que acontece quando você vê o remake de um filme antes da primeira versão? Você desconstrói o remake, lógico! Os dois filmes japoneses que estão em circuito, “Era Uma Vez Em Tóquio” (1953) e seu remake “Uma Família em Tóquio” (2013), nos dão a chance de fazer uma comparação de como a mesma história é contada em diferentes épocas, dando margem a uma reflexão e tanto.
Nos dois filmes, a história é muito simples. Um casal de idosos que vive afastado de Tóquio vai visitar seus filhos já adultos e com suas vidas formadas na capital japonesa. Devido às suas ocupações, os filhos começam um jogo de empurra para ver quem fica com os pais. Tudo é feito sem qualquer constrangimento ou arrependimento. Até que a mãe adoece e morre, o que obriga a todos largarem as suas vidas e a participarem do funeral na longínqua cidade dos pais. O trauma que poderia ser uma chance dos filhos se redimirem dos seus atos supostamente mesquinhos se torna algo ainda mais digno da indignação, pois uma das filhas ainda quer levar algumas roupas da mãe logo depois de morta. A história mostra de uma forma nua e crua como os filhos se distanciam cada vez mais dos pais, mesmo numa sociedade serena e que valoriza tanto a honra como na sociedade japonesa. Entretanto, as versões de 1953 e 2013 apresentam algumas diferenças que são dignas de nota, tal como um tema musical com variações.
Em primeiro lugar, a história sofre diferenças de acordo com a época em que elas passam. Na versão original de 1953, o casal de idosos tem três filhos, mas um deles é falecido, pois morreu na 2ª Guerra Mundial, que havia acabado cerca de oito anos antes. A nora, que era viúva, Noriko (interpretada por Setsuko Hara), tem uma presença bem marcante desde o início do filme, sendo o membro da família que mais se preocupa com o casal e os trata de forma mais doce. Há um vínculo entre os idosos e Noriko, pois o casal não suporta a longa viuvez da nora e a “autorizam” a procurar um novo marido, algo que ela reluta em fazer, por achar muito egoísmo da parte dela pensar num novo relacionamento. Esse vínculo afetivo entre o casal de idosos e a nora Noriko foi o que de melhor surgiu na versão de 1953 e acabou parcialmente se perdendo na versão de 2013, pois nesta última versão, o terceiro filho está vivo e há um relacionamento com Noriko mantido às escondidas dos pais tradicionalistas (novos tempos, novas atitudes). Ao descobrir Noriko, a mãe encontra uma “nora” temerosa de rejeição e começa um relacionamento com ela, onde se tornam muito amigas. Mas Noriko só será descoberta por toda a família nos funerais da mãe e surgirá todo um dilema de como o pai, recentemente viúvo, aceitará a nora desconhecida. Talvez tenha sido por isso que Noriko e seu namorado não tenham deixado a casa do patriarca logo após o funeral da mãe. Na versão original, Noriko logo deixa a casa do pai, pois ela precisa voltar ao seu trabalho. Aliás, a necessidade de Noriko retornar ao seu trabalho por ser uma viúva de guerra é bem assinalada na versão de 1953 como algo altamente negativo, já que a sociedade da época era bem mais machista e uma mulher viúva trabalhar para viver dava um impacto de desamparo muito maior que o de hoje.

E a partilha dos bens da mãe após a sua morte? Vimos que uma da\s filhas queria levar algumas roupas da mãe logo após a sua morte. A versão de 2013 tratou o assunto e forma asséptica. Um dos parentes cortou a conversa com um “não é hora de discutirmos isso agora” e ponto final. Na versão de 1953, tivemos uma abordagem muito mais rica desse tema, pois a mocinha que vivia com o casal de idosos reclamou com Noriko da mesquinharia dos filhos. Mas Noriko, sempre sorridente e serena, diz que as coisas são assim mesmo, que os filhos se modificam com o tempo e que eles não têm culpa disso. Perguntada se ela passou por essa modificação, Noriko confirma que sim. A mocinha acha que essa modificação é muito ruim e Noriko, resignada, concorda plenamente. Assim, o filme passa a ideia de que, quanto mais os filhos crescem e se tornam independentes, mais eles se afastam dos pais e isso é um processo natural, algo que o casal de idosos aceitava com muita compreensão e serenidade. O dilema de consciência vem justamente no momento em que repudiamos as atitudes dos filhos com relação aos pais, consideradas por nós como insensíveis e mesquinhas, mas depois colocadas como um curso natural da vida, fazendo com que o espectador saia da sala cheio de grilos na cuca e inclusive repensando o seu próprio relacionamento com os pais. Tudo isso faz desses dois filmes (“Era Uma Vez Em Tóquio“ e “Uma Família em Tóquio”) obras de grande importância que nos fazem pensar como lidamos com nossas próprias famílias, assunto às vezes muito espinhoso que jogamos para debaixo do tapete e que provocam distanciamentos de até uma vida inteira.

 Cartaz do Filme de 1953


A família.


Um sereno casal de idosos.


Noriko, personagem fundamental. 

segunda-feira, 17 de março de 2014

Resenha de Filme - Uma Família em Tóquio

Uma Família em Tóquio. Homenagem Singela e Justa.
Imagine um filme que é considerado o maior de todos os tempos por diretores como Woody Allen, Martin Scorsese, Quentin Tarantino, Manoel de Oliveira e Walter Salles. Esse filme é “Era Uma Vez em Tóquio”, de Yasujiro Ozu, rodado em 1953. Sessenta anos depois, foi feito “Uma Família em Tóquio”, de Yoji Yamada, numa homenagem ao filme de Ozu. E uma justa homenagem.

Vemos aqui a história de um casal de idosos que vem do interior para Tóquio para visitar os filhos. E cada filho está numa situação de vida bem diferente. O mais velho é médico, tem o consultório em casa e é uma pessoa bem séria. A filha do meio tem um salão de beleza também em casa e pensa muito em si mesma. E o filho caçula trabalha em cenografia de teatro não tendo uma condição estável, além de manter um romance escondido da família. A chegada dos pais vai afetar a vida desses filhos que precisam se revezar para hospedar pai e mãe. Aí vemos todo um jogo de empurra entre os filhos, pois a vida deles numa cidade grande como Tóquio os torna muito ocupados para cuidar dos pais. Vemos aqui duas discussões interessantes: a oposição entre a vida mais lenta e prosaica do campo e a vida rápida e agitada da cidade, além do conflito de gerações, pois os pais querem estar perto de filhos e netos e esses filhos não podem dar a atenção necessária. O filme permeia todas as relações entre os membros dessa família, abrindo todo um leque de memórias de como o simpático casal idoso cuidava de seus filhos. Tudo isso dentro da serenidade que só os japoneses conseguem imprimir. Serenidade essa que é quebrada pela morte da mãe com um mal súbito, o que une a família que agora se preocupará com o pai que ficará sozinho, ao que ele retruca firmemente:” eu me viro, não dependerei de meus filhos”, ficando em sua cidadezinha de interior e nunca mais voltando para Tóquio. Em sua pequena cidade, ele terá apoio dos parentes e amigos, não precisando dos filhos. É interessante notar como o recente tsunami que abalou o Japão é citado nesta refilmagem, seja com o filho caçula trabalhando como voluntário, seja com a morte da sogra de um dos amigos do pai. No mais, temos outra oportunidade de tomar contato com a cultura japonesa onde serenidade, responsabilidade, honra e respeito são as grandes virtudes. Chama a atenção toda a preocupação que existe por parte do filho caçula e sua namoradinha em ter seu relacionamento aceito pela família, mostra de que algumas instituições tradicionais ainda fazem parte da cultura japonesa, apesar dela abraçar toda a modernidade do ocidente. Apesar disso, “Uma Família em Tóquio” é um filme delicado, sensível e, acima de tudo, emotivo e sereno, onde as relações humanas dão o grande sabor. Vale a pena dar uma conferida.

 A Família.


Casal do Interior na Cidade Grande.


Desolação na morte da mãe.


Romance que precisa da aprovação da família: Tradição.


Mãe e filho caçula. Relação tocante e terna.

domingo, 16 de março de 2014

Resenha de Filme - Caçadores de Obras-Primas

Caçadores de Obras Primas. Parece, mas não é.
Uma boa ideia. Um elenco estelar. Tudo para dar certo. Mas, na hora H... bom, “Caçadores de Obras Primas” poderia dar mais o que falar, mas foi menos do que se esperava. Uma pena. Parecia um filmaço de ação. Mas foi bem monótono. Será que dá para destrinchar o motivo da decepção? Vamos ver aqui...
O filme conta a história de um grupo de militares aliados com experiência em obras de arte que irão tentar recuperar as obras de arte tomadas pelos nazistas já no fim da Segunda Guerra Mundial. Liderados por Frank Stokes (interpretado por George Clooney, que também assina a direção), eles se enfiam Europa adentro na busca pelos patrimônios da humanidade. A missão é vista com descrédito e ceticismo por praticamente todos, que insistem na importância de salvar vidas humanas ao invés de salvar quadros ou esculturas. Mas Stokes insiste que salvar tais obras é salvar nossa própria cultura, que é o que nos define, que é o que marca nossa história e essência. Aí, parece que teremos um grande filme de ação, onde os eleitos (com direito a Matt Damon, John Goodman, Bill Murray, Jean Dujardin e Cate Blanchett) irão organizar grandes ações conjuntas para lutar contra os nazistas e salvarão a cultura da humanidade com lances espetaculares e pirotécnicos. Tudo o que se espera de um bom filme de ação e de guerra. Mas... bom, os personagens se dividiram em núcleos, eles andavam para lá e para cá, o que tornou o filme arrastado, tendo somente um pouco mais de ação em sua parte final quando, após seguir muitas pistas, eles finalmente descobrem os esconderijos nazistas onde estão muitas obras de arte. Apesar da atitude heroica, nem todas as obras foram recuperadas e algumas até destruídas, algo que doía de ver. A impressão que dá é a de que o filme não lançou mão da licença poética que Hollywood usa para apimentar histórias baseadas em fatos reais, e o filme pareceu ficar mais fiel ao que realmente aconteceu, sem grandes lances mirabolantes. Para nós, que estamos acostumados e apreciamos a mentirada toda que o cinema joga em cima da gente (o cinema é ilusão até em sua essência, não podemos nos esquecer), um filme mais preso aos fatos reais parece chato. Mas, bom, às vezes reclamamos quando o filme “mente” demais também (principalmente os historiadores!!!), então talvez seja melhor não achar que o filme foi moroso, mas sim mais fiel aos fatos, sendo isso uma exceção e, talvez, uma virtude (depende do gosto do cliente). Prova dessa suposta fidelidade é a presença de fotos reais das obras recuperadas nos créditos finais. Um detalhe que torna o filme mais delicioso é o seu estilo meio retrô, no sentido de que os antigos filmes de guerra tinham uma música mais em tons de bandas marciais (o longínquo “Fugindo do Inferno” é um exemplo), assim como os créditos finais aparecendo junto com os rostos dos atores. Isso deu um gostinho de filme mais antigo que a gente gosta.

Portanto, “Caçadores de Obras Primas” é um filme que, se parece ter defeitos num primeiro momento, pode ser relativamente virtuoso numa análise mais profunda. Depende muito do ponto de vista em que você aborda o filme.


Cartaz do Filme. Grande elenco!!!


George Clooney na direção.


Cate Blanchett em momento deslumbrante.


A equipe em ação.


Imagem real da operação militar que salvou várias obras de arte. 

sábado, 15 de março de 2014

Resenha de Filme - Branca de Neve

Branca de Neve, Como Nunca Você Viu.
Imagine uma nova versão para a Branca de Neve, onde a frágil mocinha é toureira na Espanha da década de 1920. E tudo isso num filme em preto e branco e mudo!!! Só de pensar, dá para arrepiar!!! E foi isso que aconteceu no excelente “Blancanieves”, de Pablo Berger. Um filme lindo de morrer toda a vida! Obra de arte em toda a maravilha e contraste do preto e branco.
O filme começa com o grande toureiro, Antonio Villalta (interpretado por Daniel Giménez Cacho) que sofre um acidente na Praça de Touros perante sua esposa grávida, a belíssima Carmen (interpretada por Inma Cuesta) e sua sogra Doña Concha (interpretada por Angela Molina). Villalta fica tetraplégico e Carmen morre no parto. A filha, Carmencita, passa a ser criada pela avó, enquanto que o pai fica sob os cuidados da perversa enfermeira Encarna (interpretada por Maribel Verdú). A avó de Carmencita morre numa dança espanhola e Carmencita irá para a casa do pai e será severamente tripudiada por Encarna, que será a madrasta e fará muitas maldades, como servir o galo de estimação de Carmencita no jantar e proibir a menina de ver o pai. Mas Carmencita irá se encontrar com o pai às escondidas. Ao descobrir os encontros, Encarna mata também Villalta, atirando-o escada abaixo com cadeira de rodas e tudo. Não satisfeita, Encarna também irá mandar seu amante estrangular e matar Carmencita, já crescida (interpretada por Macarena Garcia). Mas ela será salva por sete anões que têm uma trupe mambembe de toureiros. Com amnésia, Carmencita passa a viver com os anões e viaja com a trupe. Com o tempo, ela vai mostrando seus dotes de toureira que aprendeu com o pai e passa a fazer parte das apresentações do grupo, sendo contratada por um empresário para fazer touradas na Praça de Touros em Sevilha. Mas um dos anões não gosta de Carmencita e troca as placas dos touros para que Carmencita pegue um touro muito perigoso e violento. Carmencita se lembrará de tudo ao encarar o touro e consegue dominá-lo. O mais interessante é que o público pediu para o touro não ser sacrificado, balançando lenços brancos (sinal dos tempos, matar touros em touradas, uma espécie de farra do boi de luxo, é considerado algo politicamente incorreto nos dias de hoje). Carmencita é ovacionada pela plateia aos olhares malignos de Encarna, que a descobriu, pois a moça foi destaque na mesma revista que havia feito um ensaio fotográfico com Encarna, mas a colocou numa posição secundária na revista para que Carmencita tivesse destaque. É na arena que a madrasta oferecerá a maçã envenenada e matará Carmencita. Perseguida pelos anões, Encarna se esconderá no estábulo dos touros e será morta por um deles. E o príncipe encantado não aparecerá! O cadáver de Branca de Neve se tornará uma atração de parque de diversões, onde as pessoas (homens e mulheres!) a beijarão por dez centavos para ver se ela acordará ou não. Em alguns casos, o cadáver é devidamente “levantado” para caracterizar um suposto milagre. O filme termina com o cadáver de Branca de Neve sob os olhos afetuosos de um dos anões que se apaixonou por ela e cuida de seu corpo, passando o batom após a romaria de beijos e penteando carinhosamente seus cabelos.
A história não poderia terminar de forma melhor, sem happy end, de forma extremamente melancólica, o que destoa fortemente da vigorosa e dançante cultura espanhola, que permeia todo o filme de forma extraordinária. O preto e branco realça os contrastes da imagem e torna os closes e olhares muito expressivos e fortes, dando uma sublime plasticidade à fotografia, plasticidade essa ressaltada pelos lindos cenários e figurinos, onde os contrastes de claro e escuro lembram os melhores filmes expressionistas alemães. A linguagem do cinema mudo também é de se deliciar. Vemos toda a maldade de Encarna na materialidade das imagens, sem a necessidade de um intertítulo sequer. As interpretações de alguns figurantes são antinaturais, contrastando com as interpretações mais elegantes e contidas dos protagonistas, à exceção de Encarna, que volta e meia, exagera para mostrar toda a sua perniciosidade e futilidade.

Assim, essa nova versão de “Branca de Neve” à espanhola é uma grata surpresa, num filme bem ao estilo de “O Artista”, que tanto sucesso fez há dois anos.

 Lindo Cartaz do Filme: Influência Expressionista


A perniciosa madrasta Encarna.


Branca de Neve Como Toureira: Sensualidade.


Os anões.


 A lindíssima mãe de Branca de Neve.


Villalta, o Pai de Branca de Neve.