Quando
Eu Era Vivo. O Filme de Terror da Sandy.
O Cinema Brasileiro
contemporâneo busca se expandir em termos de gênero. Vemos muitos “filmes da
Globo”, com comédias a la Zorra
Total, onde atores televisivos usam a mídia cinematográfica para ampliar suas atividades,
tornando-se um tanto repetitivos. A Globo também consegue fazer filmes bons,
como um “Serra Pelada” ou “Flores Raras”. Assim, o cinema brasileiro é permeado
mais por gêneros como a comédia ou o drama. Aparece uma ou outra história
policial como “Assalto ao Banco Central”. O problema é que o cinema no Brasil
vive de ciclos, leis, e a temática social do cinema novo faz com que alguns
intelectuais mais das antigas meio que desqualifiquem qualquer coisa que não
fale de miséria. Fora o eterno estigma de que o cinema brasileiro é pornografia
e não presta. Assim, uma arte industrialmente incipiente como é o cinema no
Brasil ainda é obrigada a sobreviver com rótulos, que trazem estreiteza de
visão e limitações. Por isso, qualquer tentativa de trazer uma coisa nova, de
explorar um novo gênero, já é válida. Vimos alguns anos atrás (1998) o bom
filme “Kenoma”, que foi uma tentativa de se trazer a ficção científica para a
realidade do interior do Nordeste. Agora, surge uma outra tentativa de se
buscar um novo gênero dentro do cinema brasileiro, o thriller com pitadas de terror. E temos o filme “Quando Eu Era
Vivo”, mais conhecido como “o filme de terror da Sandy”.
A história fala de um
rapaz, Júnior (interpretado por Marat Descartes), que volta para a casa do pai,
seu Zé (interpretado por Antônio Fagundes) depois de separar da mulher. Lá,
Júnior precisa dormir no sofá, pois o seu antigo quarto está ocupado por uma
estudante, a Bruna, interpretada pela... Sandy (!?!?!?). Nosso Júnior, algo
sereno, algo soturno, estranha a casa que o pai reformou totalmente depois da
morte de sua mãe. Mas Júnior começará a recordar da mãe, que tinha ligações com
o ocultismo. Assim, ele arromba um quartinho onde estão todas as recordações, e
redecora a casa bem ao estilo da época de sua mãe, para desgosto total do pai,
que queria enterrar o passado. Vemos, então, Júnior mergulhando mais e mais em
tempos pretéritos, tendo dores de cabeça crônicas, enlouquecendo lentamente e,
aparentemente com uma presença sobrenatural materna pela casa. Tudo isso com
alguns números de música esporádicos de Bruna, só para aumentar a angústia e
terror!!!! A chave do filme está nas cabeças de gesso que a mãe moldou em torno
da cabeça de seus dois filhos. O desaparecimento das duas cabeças de gesso
provocou a loucura de Pedro e a progressiva loucura de Júnior. E o fato de o
pai não ter feito sua cabeça de gesso faz com que Júnior não se sinta filho
dele (“ele nunca me chamou de filho”). Mas Júnior ainda iria mais longe em seus
delírios macabros. Ele espanca a namorada do pai para afastá-la de casa e,
depois de golpear a cabeça do pai com um haltere, faz o molde da cabeça de seu
progenitor no gesso, num ritual macabro que conta com uma Bruna possuída e
altamente disposta a cantar (Socorro!!!!!). Assim, a dupla Sandy e Júnior, ops,
quero dizer, Bruna e Júnior encerram o ritual tirando a máscara do pai que,
abobalhado, chama Júnior de filho e os dois se dão um fraterno abraço, sob o
olhar complacente de Bruna e do espírito da mamãe diabólica!!!!
Ufa! Quais são os
destaques aqui? Marat Descartes, até mais que o Antônio Fagundes. O cara dá
medo mesmo!!! A cena do vômito no jantar com Bruna, seguido de violentas
convulsões foi genial! O ator chega totalmente sereno e vai ficando aos poucos
soturno, chegando às raias do irascível e do violento, bem ao estilo de Jack
Nicholson em “O Iluminado”, guardadas, obviamente, as suas devidas proporções. Até
o penteado estava meio parecido com o de Nicholson! Outro lance interessante
foi a conversa da mãe com o filho através de um disco da Elisângela de trás
para frente. Os “closes” aparecem em vários momentos do filme, realçando o
clima de angústia e suspense, sendo outra característica positiva. Dentre os
pontos negativos, podemos mencionar o boneco do Fofão entre as recordações de
infância dos irmãos. Não caiu muito bem, ficou meio caricato. Já a Sandy, bom,
deixa para lá. A atuação até foi engraçadinha, boazinha, mas os números
musicais foram uma baita “forçação” de barra. Sem falar daqueles enormes cílios
postiços, desnecessários para uma moça ainda com traços de menina. Os cílios
até pareciam uma marquise de prédio, Deus me livre!!!!
Assim, “Quando Eu Era
Vivo” pode ser considerado uma boa tentativa do cinema brasileiro de fazer suas
incursões pelo suspense e terror, apesar de alguns probleminhas... só não perca
a sua cabeça de gesso por aí, ou...
Cartaz do Filme:
Sinistrão!!!!
Jantar Cordial
Marat Descartes: Penteado estilo “Iluminado”...
Sandy e os cílios gigantes. Closes bem feitos.
Marat Descartes,
destaque do filme... macabro!!!!
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