A
Menina que Roubava Livros. Alfabetização em Tempos de Guerra.
Mais uma grande
produção no circuito. O filme “A Menina que Roubava Livros”, baseado no romance
de Markus Zusak, é uma delicada e terna história ambientada na Segunda Guerra
Mundial. Um filme que mais uma vez denuncia os horrores da guerra e da ditadura
nazista, sob a ótica de uma menina que queria apenas aprender a ler.
O filme começa com uma
narração em terceira pessoa e logo percebemos que esse narrador é a própria
morte (muito oportuno para um filme de guerra). Logo, logo, percebemos que
nosso funesto narrador poupará nos dias da guerra um dos personagens: a menina
Liesel (interpretada por Sophie Nélisse), que viaja com a mãe e o irmãozinho
num trem. O garoto sofrerá uma morte súbita e será enterrado num pequeno
cemitério à beira da linha. A mãe, que é comunista e perseguida pelos nazistas,
deixa Liesel com um casal, formado por Hans (interpretado pelo excelente
Geoffrey Rush) e Rosa (interpretada pela não menos excelente Emily Watson). Rosa
é rude e dura e passará por um processo de humanização ao longo da história.
Hans, por sua vez, é doce e amigo. Estes serão os novos pais de Liesel. Ela
também conhecerá um amigo de escola, Rudy (interpretado por Nico Liersch),
apaixonado por ela. Na escola, sob rígida educação nazista, o analfabetismo de
Liesel acaba sendo revelado e ela é ridicularizada pelo seu colega Franz
Deutscher (interpretado por Levim Lian), protótipo perfeito do nazista. Liesel,
revoltada com a situação, espanca Franz e arruma um inimigo. O nazismo é
abordado aqui de uma forma semelhante a que já vimos em vários filmes: um monte
de gorilas agindo de forma extremamente violenta principalmente contra os
judeus. É interessante também perceber a padronização dos indivíduos denunciada
no filme, principalmente nas crianças, cujos uniformes escolares são réplicas
de uniformes militares. E a lavagem cerebral antissemita nos ritos, seja nos
corais de alunos, seja nas queimas de livros proibidos.
A família de Liesel
ainda esconderia um judeu no porão da casa, Max (interpretado por Bem
Schnetzer). Indignada com seu analfabetismo, Liesel começa a aprender a ler de
qualquer maneira, contando com a ajuda de Hans, que é semianalfabeto. Seu
primeiro livro é um manual de coveiro. Numa cerimônia de apologia ao nazismo,
Liesel pega um dos livros que escapou da fogueira, “O Homem Invisível”, de H.
G. Wells. Max percebe o seu interesse por leitura e estimula Liesel,
tornando-se grandes amigos. A partir daí, o cotidiano dos personagens é marcado
pelas tentativas de Liesel de obter mais livros, roubando-os até da casa do
prefeito de sua cidade, manter Max escondido, escrever com giz na parede do
porão as palavras novas que ela ia conhecendo, acabando por forrar toda a
parede com palavras, e encarar as transformações que a guerra ia provocando em
sua cidade ao longo do tempo. Bombardeios, sofrimentos, mortes, separações,
contrabalançados por afetos, ternuras e o milagre da transformação de Liesel
que o prazer da leitura ia proporcionando. Apesar de algumas situações
consideradas inusitadas para uma guerra, como a volta de combatentes vivos para
suas casas, “A Menina que Roubava Livros” é um filme que vale a pena, daqueles
que existem para alegrar, emocionar, chorar, tendo como bônus especial a música
do grande John Williams.
Cartaz do Filme.
Liesel, a protagonista.
Liesel, Hans e Rosa
(atuações primorosas!)
Liesel e Max. Amizade
através da leitura.
Mesmo na morte e
destruição, Liesel ainda preserva os livros.
Liesel, Rudy e Rosa
Estética Nazista:
padronização e dissolução das individualidades.
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