O
Lobo de Wall Street: Uivos de Uma América Dividida.
Saiu um novo Scorsese! Um
filme com várias indicações ao Oscar, “O Lobo de Wall Street” traz novamente a
dupla de sucesso Scorsese-DiCaprio (os dois são agora inclusive produtores do
filme). E novamente temos um filmão! Bom roteiro (adaptado de uma história
real) e três horas de duração. Mais uma vez mexe-se com a América, suas
“virtudes” e “defeitos”. Tudo de forma nua, crua, agressiva, espetaculosa. Do
jeitinho que só o cinema americano (e, principalmente, Scorsese!) sabe fazer.
A trama conta a
história do corretor da bolsa de valores, Jordan Belfort (interpretado pelo
sempre ótimo ator Leonardo DiCaprio), que começa o filme fazendo uma
apresentação bem humorada de si mesmo. Fala de sua riqueza, trambiques, paixão
por drogas, sexo com prostitutas e seu principal vício: o dinheiro. Jordan
começa como corretor na empresa de Mark Hanna (interpretado por um ótimo
Matthew McConaughey, que foi pouco aproveitado no filme), que lhe ensina a
regra básica do corretor ganhar dinheiro fácil: jamais deixar o investidor
vender suas ações e pegar os lucros, mas sim estimular o investidor a
reinvestir os lucros em ações para poder pegar as comissões das vendas. Se os
investidores tivessem prejuízo nessas novas operações financeiras, azar o
deles! O que importava era o dinheiro da comissão na mão do corretor. Mas a
empresa faliu no primeiro dia de trabalho de Jordan, que acabou numa empresa de
corretores que lidavam com microempresas, cujas ações valiam centavos e estavam
fora de Wall Street. Jordan, com sua lábia, transformou essa pequena empresa
numa gigante do mercado de ações, mesmo estando fora de Wall Street. Não
demorou muito e mais operações irregulares eram feitas, festas com orgias,
muito consumo de todo tipo de droga e diversões grotescas como lançamento de
anões ao alvo ocorriam. A Comissão de Valores Mobiliários buscava
irregularidades, mas não conseguia encontrá-las. Tudo parecia perfeito para
Jordan e sua trupe de parceiros, até que o FBI se meteu no meio. Aí as coisas
começaram a melar, pois na esfera criminal, Jordan se enrolou bastante, não sem
antes tentar subornar os agentes com discursos sutis. O filme ainda mostra
tentativas atrapalhadas de Jordan transferir seu dinheiro para a Suíça (onde o
banqueiro era interpretado por Jean Dujardin, isso mesmo, aquele de “O
Artista”) e lances muito inusitados de Jordan e seus sócios totalmente doidos
com drogas (o momento onde Jordan se drogou com a “lemonade”, a mais violenta
de todas, foi hilário!). Mas, ao fim, a empresa foi fechada pelo FBI e todo
mundo terminou em cana. Isso depois de haver uma trairagem dupla até na delação
premiada. Ao fim do filme, vemos que existem dois pólos: a América onde tudo é
feito em nome e pelo dinheiro, onde o homem é totalmente desregrado em suas
ambições, dando espaço para toda atividade ilícita e corrupta. Isso fica bem
claro quando Jordan, num discurso para os empregados de sua empresa dizia que
sua empresa “é a América”. E a empresa tinha tudo o que se podia imaginar:
muito dinheiro rolando, consumo de drogas, prostituição, orgias, etc., etc.,
etc. O outro pólo é a América virtuosa, que respeita a lei e os direitos
burgueses do cidadão, representada pela justiça e por agentes do FBI que não se
deixam corromper, mesmo vestido o mesmo terno por três dias e voltando para
casa de metrô. Os corruptos e imorais quebraram a cara, a América virtuosa e
respeitadora venceu. Mas fica a pergunta: em qual das duas Américas você
acredita???
Cartaz do Filme
Jordan e seu maior
vício: o dinheiro
Matthew McConaughey,
pouco aproveitado...
Mandando uma grana para
a Suíça...
Jordan tentando
subornar os federais. Mas os heróis da “América Certinha” resistiram
bravamente.
Lançamento de anão.
Martin Scorsese, outro
gênio do cinema...
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