Fruitvale
Station: A Última Parada. Ponto de Partida para a Reflexão.
Mais um grande filme
que aborda a temática racial nos Estados Unidos. “Fruitvale Station: A Última
Parada”, é produzido pelo grande Forest Whitaker e conta com a maravilhosa
atriz Octavia Spencer, também ganhadora do Oscar. O filme é baseado numa
história real bem recente, ocorrida na virada do ano novo de 2008 para 2009.
O filme conta a trajetória
de Oscar Grant (interpretado por Michael Jordan, que não tem nada a ver com o
jogador de basquete), um rapaz negro de 22 anos, que tem uma esposa, Sophina
(interpretada por Melonie Diaz) e uma filha, Tatiana (interpretada por Ariana
Neal). Oscar trabalhava num supermercado, mas acabou na cadeia por um tempo,
perdendo o emprego. Fica claro o envolvimento de Oscar com drogas no passado.
Saído da cadeia, Oscar tem agora que provar para sua esposa e sua mãe, Wanda
(interpretada por Octavia Spencer), que ele não tem mais qualquer ligação com o
tráfico e quer começar vida nova. Mas as coisas estão muito difíceis, pois ele
não consegue um emprego. Assim, a vida de Oscar oscila entre a tentação de
voltar ao mundo das drogas, algo contra o qual ele resiste bravamente, e a sua
luta por endireitar a sua vida e ficar bem na fita com seus familiares. Infelizmente,
tudo isso acabará na noite de ano novo quando, voltando da festa num trem, ele
se depara com membros de uma gangue rival e toma uns tabefes. O trem para na
estação Fruitvale e os policiais retiram para a plataforma somente Oscar e seus
amigos, todos negros, iniciando um espancamento gratuito que foi filmado por
muitos celulares. Oscar tenta argumentar com os policiais (todos brancos,
óbvio!), mas acaba tomando um tiro nas costas. O resto já dá para se deduzir:
hospital, morte de Oscar e punições brandas para os policiais. Toda essa
história foi verídica e aconteceu no início de 2009, numa prova de que o
racismo permanece mais vivo do que nunca nos Estados Unidos, com casos de
homicídio ainda, bem ao estilo do que foi visto em “O Mordomo da Casa Branca”,
nesse caso, com assassinatos de negros no passado. Torna-se comovente o final
do filme, onde aparecem cenas reais de manifestações em 2013 na estação
Fruitvale, pedindo justiça para o caso, com imagens da verdadeira Tatiana,
filha de Oscar. No mais, deve-se destacar a maravilhosa atuação de Octavia
Spencer, que ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante no ótimo “Histórias
Cruzadas”, de 2011. Seu desempenho como Wanda, a mãe de Oscar no filme, é
exemplar, seja quando visita Oscar no presídio e é obrigada a dizer que não
mais irá visitá-lo, para forçar Oscar a tomar um jeito na vida e sair de lá,
seja, sobretudo, na cena da sala de espera do hospital, onde ela acalma todos
os amigos de Oscar e a esposa (quando deveria ser justamente o contrário), além
de organizar uma oração. Serenidade que desaba ao presenciar o corpo do filho
morto. Uma interpretação suave, segura e muito comovente dessa grande atriz
americana.
Assim, “Fruitvale
Station: a Última Parada” é um filme que novamente denuncia o racismo nos
Estados Unidos e mais uma vez é um convite à reflexão em cima de um tema tão
espinhoso, sobretudo na forma em que o filme é construído, mostrando um Oscar
arrependido e humano, uma festa de ano novo num congraçamento multirracial no
trem, a truculência das gangues e da polícia, que estimulam a continuidade do
racismo... é realmente mais outro caso de filme essencial, de “ver e ter”...
Cartaz do Filme
Oscar como bom pai...
Oscar como bom marido
Oscar e a humilhação
nas mãos dos policiais.
Octavia Spencer,
interpretação primorosa de Wanda...
Nenhum comentário:
Postar um comentário