Philomena:
A Caça a um Passado Omitido.
O Oscar esse ano
precisa premiar “Philomena”. Esse filme é simplesmente sensacional!!! Uma
história de amor, obstinação, fé e, acima de tudo, de saber perdoar. Um filme
com excelente roteiro e que se ampara, sobretudo, em dois atores: o sempre bom
Steve Coogan (que também assina o roteiro e a produção) e, principalmente, Judi
Dench (torcerei loucamente por seu Oscar de melhor atriz, merece muito!).
O filme conta a
história de Philomena (interpretada por Judi Dench), que vivia num convento
católico na Irlanda. Ao visitar um pequeno parque de diversões, ela conheceu um
rapaz e engravidou dele. As madres e
irmãs do convento ficaram loucas da vida e submeteram a pobre moça a terríveis
castigos, todos aceitos por Philomena que acreditava piamente que tinha
cometido tais pecados. Ela passou a trabalhar na lavagem de roupas, o pior
trabalho do convento, fez seu parto sem anestesia e seu filho foi vendido para
uma família americana. Tudo isso feito pelas religiosas do convento. Por outro
lado, cinquenta anos depois, Martin Sixsmith (interpretado por Steve Coogan)
era um assessor de imprensa do governo inglês que foi demitido depois de umas
intriguinhas. Deempregado, pensava em escrever um livro sobre história russa.
Mas, numa festa, ele conheceu a filha de Philomena, que sugeriu a ele que
escrevesse um livro sobre a história da mãe, que passou os últimos cinquenta
anos tentando localizar seu filho vendido pelo convento. Começa aí uma história
de busca por esse filho, que levará a dupla aos Estados Unidos e à busca de um
passado desconhecido. Os dois personagens são interessantíssimos: Martin é
jornalista, intelectual, participou da mídia e de altos escalões do governo;
Philomena é ingênua, doce, detalhista, com uma ótica altamente positiva do
mundo. Ela consegue ver maravilhas nos romances folhetinescos mais triviais e
previsíveis, além de se encantar com a educação dos empregados do hotel em que
ela está hospedada nos Estados Unidos dizendo, para cinco deles que são “um em
um milhão”. Gostamos de Philomena no primeiro momento em que a vemos. Muito
diferente da M do James Bond. Aí é que vemos o bom ator. Os personagens M e
Philomena parecem (e são!) duas pessoas diferentes, interpretadas por uma mesma
atriz. Quando vemos M e Philomena interpretadas por Dench, parecem duas pessoas
diferentes, quero dizer, até fisicamente. E isso não é só por causa de um
penteado ou outro detalhe de maquiagem. São mulheres diferentes mesmo! Milagre
que só uma grande atriz como Judi Dench consegue fazer.
O tema religioso é
muito interessante também. Martin é ateu. Philomena é uma católica fervorosa,
apesar de todas as sacanagens que as religiosas fizeram com ela. Isso provoca
atritos entre os dois e interessantes debates. A capacidade de Philomena de
perdoar as religiosas do convento é infinita. Tudo isso porque ela não quer nem
saber de sentir raiva ou odiar, parecendo algo muito cansativo para ela. Isso
coloca a idosa religiosa e pouco letrada num plano superior, em contrapartida
ao intelectual Martin, que percebe isso e presenteia Philomena com uma pequena
estátua de Jesus ao final do filme, dentro de uma circunstância muito especial.
No mais, o filme também tem tons de denúncia, pois essa história foi baseada em
fatos reais e ainda há muitos filhos irlandeses que foram vendidos por
religiosas para pais adotivos americanos, numa procura mútua que continua até
os dias atuais. Um absurdo que uma visão religiosa estreita acabou provocando.
Visão estreita diferente da visão religiosa ampla e aberta de Philomena, que é
a que se comporta de forma mais cristã, ao fim das contas. Assim, “Philomena” é
um filme que vale muito a pena, um filme indispensável, bem ao estilo “ver e
ter”.
Cartaz do Filme
Judi Dench,
simplesmente sensacional!!!!
Philomena e Martin
Judi Dench e a
verdadeira Philomena!!!!
Steve Coogan e o
verdadeiro Martin
Os verdadeiros Martin e Philomena
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