Táxi Teerã. Táxi Do Panahi.
Um novo filme iraniano
nas telas. E justamente, mais uma produção de Jafar Panahi, cujo filme “O Balão
Branco” foi uma espécie de introdutor do cinema iraniano no Brasil há alguns
anos atrás. Muito cultuado por alguns que o comparavam ao neorrealismo italiano
por não usar atores profissionais nas filmagens, a presença do cinema iraniano
aqui em nosso país não deixava as pessoas indiferentes. Ou ele era amado, ou
odiado. Os detratores das películas de origem persa acabaram vencendo a queda
de braço e os filmes do Irã acabaram sendo um tanto que abolidos daqui, somente
dando o ar de sua graça em Festivais como o do Rio. Mas a força desse cinema
que questionava o regime dos aiatolás e o Estado Teocrático se mostrou com a
conquista do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro pelo filme “A Separação”. E o
cinema iraniano voltou a ser apreciado em nossas terras. Jafar Panahi tornou-se
uma espécie de ícone da resistência contra a censura dos aiatolás. Condenado à
prisão domiciliar e proibido de fazer cinema por vinte anos, Panahi resiste. E,
por isso mesmo, torna-se uma figura atraente. Desde que ele foi proibido de
fazer filmes, essa já é a sua terceira película que sempre sai de forma
clandestina o Irã, de onde o diretor é proibido de sair, e ganha prêmios mundo
afora. Algumas pessoas questionam a “facilidade” com que Panahi manda seus
filmes para o exterior. Outros questionam esse quê de neorrealismo, onde atores
profissionais estariam fazendo papéis de pessoas simples do cotidiano. De
qualquer forma, o cinema de Panahi é desafiador e extremamente corajoso, por
enfrentar todo o autoritarismo de um Estado Teocrático.
"Táxi Teerã”
venceu o Urso de Ouro do Festival de Berlim desse ano. E, qual é o tema
principal dessa película? Panahi se disfarça com um bonezinho, óculos e se põe
nas ruas dirigindo um táxi e falando com supostos passageiros ou atores que
encenavam falas pré-determinadas? Creio que foi a segunda opção. Um modelo já
batido por aqui reproduzido por pessoas como Gugu Liberato, Luciano Huck e até
o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Mas que, no caso de Panahi, foi
utilizado para espelhar a situação social, política e econômica do Irã
contemporâneo. Assim, podemos testemunhar o depoimento de pessoas que, por
exemplo, defendem a pena de morte pelo descumprimento das palavras sagradas; um
atropelado que filma com o celular um depoimento que é um testamento que
garanta uma vida confortável para a esposa, numa prova de como a situação da
mulher ainda é vista com muita discriminação; a amiga que fora presa com suas
colegas porque queria assistir a um jogo de vôlei e leva flores para a prisão
onde uma de suas colegas faz greve de fome para pedir a sua liberdade; ou ainda
a sobrinha de Panahi, que precisa fazer um minidocumentário como trabalho de
escola, desde que ele seja “exibível”, ou seja, não tenha trechos que sejam
censurados pelo governo, o que obriga a menina a decorar uma cartilha cheia de
restrições à filmagem, que para ela não têm o menor sentido. Panahi instalou
duas câmaras no carro e ainda sua “sobrinha” manuseou uma terceira. A impressão
que se deu é a de que todas as situações do filme foram ensaiadas com o intuito
de se fazer uma digressão sobre o autoritarismo latente no país. De qualquer
forma, o fato da coisa ter sido toda pré-concebida não diminui a relevância do
tema, e o diretor, mais uma vez, peitou a galera dentro do olho do furacão,
provando ser uma pessoa de muita coragem. Por motivos óbvios, mais uma vez
Panahi não pôde dar os créditos finais, com a intenção de proteger a equipe de
filmagens de perseguições. Já ele... Assim, vale muito à pena darmos uma força
para esse corajoso realizador de filmes sob as mais adversas condições, que
enfrenta o autoritarismo de frente usando sua arte que, no caso do cinema
iraniano é singela e, por isso, mesmo, muito tocante. Pelo simples expediente
da coragem de Panahi, a tua presença já é válida nas salas.
Cartaz do filme
Panahi volta a atacar!!!
Estranhas simpatias...
Compra de DVDs piratas
Flores para as prisioneiras
Uma sobrinha que precisa fazer um filme exibível...
Discutindo a pena de morte...
Ditando um testamento...
O homem sabe fazer imagens tocantes!!!
Vamos pegar um táxi???
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