Labirinto
De Mentiras. Necessidade De Reabrir Feridas.
Um bom filme alemão de
2014 chega às nossas telonas. “Labirinto de Mentiras”, dirigido por Giulio
Ricciarelli, vai cutucar cicatrizes que precisam ser reabertas, até para que
tais feridas nunca mais apareçam. É mais um bom filme que revolve as cinzas do
nazismo e da guerra, só que numa época diferente.
O filme se passa na
Alemanha da década de fins da década de 50, onde um jovem e promissor advogado,
Johann Radmann (interpretado por Alexander Fehling) se depara em seu escritório
de advocacia com Thomas Gnielka (interpretado por André Szymanski) que, aos
brados, acusa um professor da escola local de ser um ex-membro da SS. Tal
indignação de Gnielka despertou a curiosidade de Radmann, que começou a
investigar o caso e serviu de chacota para seus amigos. À medida que ele avançava
nas investigações, começou a descobrir os horrores do nazismo totalmente
desconhecidos por sua geração: Auschwitz, as câmaras de gás, as atrocidades dos
nazistas cometidas contra os judeus. Radmann vai então começar uma profunda
investigação onde todos os oito mil alemães que trabalharam em Auschwitz serão
incriminados como acusados de homicídio e serão necessárias testemunhas para
todos esses acusados. O grande problema é que a mentalidade geral da Alemanha
do pós-guerra era que se colocasse uma enorme pedra em cima desse assunto, pois
ninguém queria reabrir as feridas do passado e muitas, mas muitas pessoas mesmo
teriam cometido sérios crimes que deveriam ser todos julgados. Assim, Radmann
teria que enfrentar a resistência de todos, indo desde o povo até as
instituições governamentais e precisaria de um esforço hercúleo para superar
todas essas adversidades.
É um filme muito
intrigante e interessante, pois Radmann teve que superar vários obstáculos
como, por exemplo, separar em um arquivo todas as fichas dos oito mil membros
da SS que estiveram em Auschwitz, isso num acervo de seiscentas mil fichas!
Para localizar todos os acusados, foi obrigado a consultar todas as listas
telefônicas da Alemanha, já que os órgãos governamentais faziam corpo mole para
ajudá-lo. Uma coisa ficou bem clara: ainda havia muitos nazistas em setores
importantes da sociedade e do governo, que faziam de tudo para que seus crimes
caíssem no ostracismo. Mas Radmann superou todas essas dificuldades e as
atrocidades de Auschwitz só ficaram conhecidas depois desse esforço. Nenhum
jovem alemão da década de 50 tinha ouvido falar do macabro campo de
concentração e de todas as suas terríveis práticas. Foram citados, também,
todos os crimes cometidos pelo médico Joseph Mengele e seu gosto por experiências
genéticas com gêmeos. O mais chocante foi saber que Mengele tinha livre
trânsito pela Alemanha depois da guerra, tamanha era a certeza da impunidade. O
conhecimento dos crimes de Mengele fez com que Radmann pirasse na batatinha e
ficasse obcecado pelo médico, esquecendo que, pior do que os crimes de Mengele,
é que várias pessoas que pareciam ser boas e normais também tinham cometido
muitas atrocidades. Isso fez com que Radmann chegasse a um ponto de odiar todo
alemão que visse pela frente e a considerá-lo um cúmplice do genocídio. E essa
foi a grande questão do filme: até que ponto cada alemão participou com gosto
do que acontecia ou foi forçado a participar? Essa é uma grave questão social
que realmente provocou feridas e sequelas profundas na sociedade alemã. Mas era
um trauma que os alemães tinham que encarar de frente. Varrer tudo para debaixo
do tapete somente adiaria o problema.
Assim, “Labirinto de
Mentiras” é um importante filme que deve ser visto, pois revolve um passado não
muito distante mas muito traumático e é um convite à reflexão de como um povo
inteiro deve lidar com suas violências e culpas. Um filme essencial. Ah, e não se esqueça de ver o trailer na postagem logo após as fotos do filme!!!
Cartaz do filme
Radmann, um jovem advogado
Revendo um genocida...
Quem quer pegar um caso de um campo de concentração???
o início de uma investigação
Conversando com as vítimas
Lidando com muitas fichas...
Horas de trabalho árduo
Confrontando os acusados...
Hora do julgamento...
Nenhum comentário:
Postar um comentário