Malala.
Exemplo De Vida, De Educação E De Formação.
Mais um interessante
documentário nas telonas. “Malala” à primeira vista pode parecer entediante. Ok,
a menina lá da pequena cidade de Swat no Paquistão ficou famosa por ter a
atitude louvável de desafiar o talibã para poder apenas ter o direito de
estudar na escola como qualquer garota comum. O mundo inteiro entrou em comoção
quando soube que ela foi alvejada na cabeça por um membro dos talibãs. E mais
comovido ainda ficou quando soube que ela sobreviveu. Assim, a carinha simpática
da moreninha paquistanesa inundou a mídia no mundo inteiro. Já estava enchendo
o saco um pouco. Confesso que até ia passar batido pelo documentário. Mas é
nessa hora que temos que encarar nossos preconceitos e estreitezas de visão de
frente e ir lá a sala para dar uma conferida.
E o filme, foi chato e
entediante? Não! Muito pelo contrário! Em primeiro lugar, vemos que a película,
dirigida por Davis Guggenheim, foi muito bem feita, pois soube trabalhar com
equilíbrio dois momentos da coisa. O primeiro foi mostrar a trajetória da
menina e de sua família, bem ao estilo de um documentário tradicional, o que
foi algo realizado com uma mestria e narrativa cativante. A história realmente
prende a nossa atenção principalmente porque Malala não é a única protagonista
como pode parecer. Sua família também é muito interessante, a começar pela relação
da menina com o pai, que na mocidade era gago e filho de um grande orador. Ao conseguir
proferir um discurso com muita vivacidade e energia, o jovem garoto engrenou na
vida e chegou até a construir uma escola para ensinar, o que fez a jovem Malala
ter, desde o início, uma atração pela educação, pelos livros e pelo estudo. O segundo
momento foi o uso de uma animação de extremo bom gosto e ar lúdico que
ilustrava situações descritas por Malala que iam desde a lenda que criou o seu
nome (a menina Malalai, que liderou um exército afegão contra a dominação inglesa
e que foi morta em combate), passando pelos bons tempos remotos da infância, momentos
da história de sua família e chegando à opressão talibã. Esse elemento da animação
é a grande vedete do filme, conferindo-lhe todo um charme especial.
O documentário se
preocupa em mostrar a dupla vida da jovem de 17 anos que, simultaneamente
encontrava-se com estadistas de um porte de um Barack Obama ou a Rainha
Elisabeth II da Inglaterra, visitava campos de refugiados sírios, ou alertava
para as meninas nigerianas sequestradas pelo Boko Haram, além de visitar muitas
escolas, sobretudo no Terceiro Mundo, para compartilhar suas experiências. Mas Malala
é também uma estudante que tem que fazer suas lições de casa e que tira boas
notas em algumas matérias e notas apenas razoáveis em outras. Uma coisa fica
bem clara na película: Malala teve uma excelente base familiar, com um pai que
a orientou desde cedo ao estudo e à leitura, com uma mãe que não avançou nos
estudos, mas que também sentimos que amparou a menina com muito amor e dois irmãos
amorosos, apesar dos cascudos que tomavam da menina. É uma família com a qual a
gente simpatiza de cara e percebemos que não é nada forçado ou simulado. O
semblante deles é leve, alegre, sem mágoas ou ressentimentos, apesar de todas
as adversidades que passaram sob o domínio do talibã, e tal leveza ajuda em
muito a desmistificar certos preconceitos em que os ocidentais mergulham os muçulmanos.
Dessa forma, “Malala” não
é algo chato, piegas ou maçante, mas sim um documentário feito com muita competência,
seja na parte mais tradicional da coisa, seja na inovação da animação. E ainda
temos a grata surpresa de não ter apenas a menina como protagonista, mas sim
toda uma família de quem gostamos de graça e que serve de exemplo para muitas famílias
conflituosas que temos por aí.
Cartaz do filme.
Essa carinha inundou o mundo!!!
Com o pai, uma união comovente!!!
Sempre ao lado dos oprimidos...
Imagem chocante. Se recuperando do tiro no hospital.
Família unida nos momentos difíceis.
Nunca perde a oportunidade de dar o seu recado!
A frase mais bonita dita por ela. Quem sabe um dia...
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