Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Resenha de Filme - Mia Madre

Mia Madre. Nanni Moretti Volta A Atacar!
Nanni Moretti é um baita de um diretor italiano. Dentre os seus filmes, podemos citar “Habemus Papam”, “O Quarto do Filho”, “Caro Diário”, entre outros. Desta vez, Moretti nos presenteia com “Mia Madre” e, ainda por cima, com a presença de John Turturro como a cereja do bolo! Eu nem sabia do que se tratava o filme, mas só o fato de saber que esses dois nomes estão numa película juntos é suficiente para que qualquer cinéfilo em sã consciência saia do aconchego de seu lar para dar uma conferida no cinema. E lá fui eu para o Estação Botafogo 3.
Essa minha viagenzinha valeu a pena? Claro que sim! Do que se trata a película? Vemos aqui a história de uma diretora de cinema com nome de pizza, Margherita (interpretada pela beladona Margherita Buy), que se vê às voltas com a produção de um filme que narra o cotidiano de trabalhadores de uma fábrica que podem perder seu emprego a qualquer momento. Muitas pessoas acham que esse tipo de tema de filme já está completamente fora de moda e que a diretora deveria partir para temas mais contemporâneos. Mas Margherita ainda acredita que o cinema pode ser um porta-voz dos excluídos e trata a sétima arte como um instrumento de denúncia social e de reflexão. Para o papel do dono da fábrica, ela contrata o ator ítalo-americano Barry Huggins (interpretado por Turturro), que se revela um verdadeiro mala sem-alça, sem noção e totalmente inconveniente. Já dá para perceber que o processo de filmagem será muito conturbado. Mas outros problemas afligiriam mais ainda a cabeça da cineasta. Sua mãe, Ada (interpretada por Giulia Lazzarini) sofre de uma progressiva insuficiência cardíaca que, mais cedo, mais tarde, a levará à morte. E, com a ajuda de seu irmão Giovanni (interpretado por Moretti), Margherita vai ter que enfrentar essa barra pesadíssima de ver sua mãe definhar enquanto roda seu filme.
Moretti mais uma vez nos dá uma lição de vida. Mais uma vez o cineasta italiano usa a arte para expressar como a nossa vida pode atingir momentos muito dramáticos. Todas as nossas angústias estão lá, pois já passamos na vida real por aquilo que o filme nos mostra. Pesadelos em que a mãe já está morta, lembranças em “flash-back” de coisas ruins que fizemos com nossas mães e da qual nos arrependemos nos momentos difíceis, lembranças boas, etc. Mas Moretti, esperto como ele só, traz essas lembranças boas e más, assim como os pesadelos, mergulhados totalmente na estrutura narrativa do filme, sem qualquer aviso, e pensamos que presenciamos uma situação presente da película. Somente quando vem o corte abrupto (como, por exemplo, quando Margherita acorda de um pesadelo) é que percebemos o que está se passando.
As reflexões sobre a perda e sobre o legado também são emocionantes. Somente quem perdeu um ente querido e alivia suas dores nas lembranças e saudades pode entender a mensagem desse filme. A mãe de Margherita e Giovanni era professora de Latim e tinha uma legião de ex-alunos que a frequentemente visitavam e viam nela um exemplo de vida, uma segunda mãe. Uma linda homenagem que Moretti fez aos professores, tão combalidos, desvalorizados e esquecidos. Um verdadeiro legado deixado pela mãe da protagonista principal. E esse legado servia como um conforto pela dor da perda, ou seja, havia a consciência de que a “madre” havia sido importante para a vida de muitas pessoas, inclusive para a netinha, que tomava aulas de Latim da avó entre uma fungada no balão de oxigênio e outra.
No mais, a atuação dos atores foi um primor. Margherita foi intensa no momento certo, contida no momento certo, dramática no momento certo. Moretti, como um ator coadjuvante mais distante, teve uma atuação discreta e sóbria, ao contrário do que já vimos em alguns de seus outros filmes (em “Habemus Papam”, ele estava mais caricato). Já Turturro deu um show como o inconveniente, demonstrou seus dotes de dançarino e foi extremamente simpático nos momentos certos (não vou dar “spoilers” aqui). Valeu muito a pena ver Moretti, Turturro e Margherita contracenando juntos numa mesa de jantar.

Assim, “Mia Madre” é mais uma grande obra do cineasta italiano Nanni Moretti que deve ser vista com atenção, pois é um estudo da forma como a arte traz para si a dramaticidade da vida real e ainda contamos com a magnífica presença de John Turturro no elenco. Programa imperdível! Ah, inauguro hoje uma novidade! Veja na postagem abaixo, depois das fotos, o trailer do filme...

Belo cartaz do filme

Giovanni e Margherita vão enfrentar uma barra pesadíssima...

... que é a de cuidar da mãe doente.

Um ator americano canastrão...

... mas com muita ginga!!!

Entretanto, os conflitos foram inevitáveis...

Cena antológica!!! Moretti e Turturro trabalhando juntos!!!

Mesmo no fim da vida, ensinando latim para a netinha...

Um emocionante filme sobre perdas e legados...

Em Cannes...

Deu gosto de ver esse trio trabalhar...





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