Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

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domingo, 6 de julho de 2014

Resenha de Filme - Drácula, de Bela Lugosi

Bela Lugosi, Um Dos Primeiros Vampiros.
Os vampiros. Esses seres assustadores da noite, mortos que espalham o medo por aí consumindo o sangue das pessoas! É impressionante como eles nunca saem de moda. Me lembro de já ter visto vários filmes de vampiros como os de Christopher Lee (o nosso conde Dooku de “Guerra nas Estrelas”) fazendo Drácula e Peter Cushing (o governador Tarkin do episódio 4) interpretando Van Helsing! Lembro-me de “A Hora do Espanto”, em meus tempos de adolescência e seu remake recente, com Colin Farrell. Lembro-me do ícone “Nosferatu”, do cinema expressionista alemão da década de 1920 e seus desdobramentos com Klaus Kinski e até William Dafoe. Lembro-me até de uma comédia com George Hamilton, “Amor à Primeira Mordida". Sempre há algum filme de vampiro por aí, é impressionante. As atrizes de cinema mudo que faziam mulheres mais “fatais” com a maquiagem muito carregada eram chamadas de “vamps”. Definitivamente, o vampiro é um verdadeiro fenômeno cultural.
Mas quero chamar a atenção aqui para um vampiro num filminho de 75 minutos lá de 1931. Pois ele foi interpretado por um baita ator vindo do leste europeu, mais especificamente a Hungria: falo de Bela Lugosi. Esse ator, nascido com o nome de Béla Ferenc Deszõ Blaskó em 1882, fugiu de casa aos onze anos e também abandonou a escola para trabalhar na mineração. Mais tarde, começou a trabalhar em pequenas companhias teatrais o que o levou para o cinema mudo húngaro. Mas a Primeira Guerra Mundial interrompeu a sua carreira. Reza a lenda que ele se feriu três vezes na guerra e passou a ficar viciado em morfina por causa disso. Após a guerra, ainda fez uns doze filmes na Hungria, mas teve que sair do país por suas opções políticas, passando uma temporada na Alemanha e, depois indo para os Estados Unidos, onde interpretou Drácula no teatro, o que atraiu a atenção do diretor de cinema Tod Browning que chamou Bela para interpretar o vampiro no cinema.
Essa versão de Drácula de 1931 com Bela Lugosi é notável por dois aspectos principais. Em primeiro lugar, a fotografia é de Karl Freund, alemão, que vivenciou todo o processo do cinema expressionista em terras teutônicas. Foi Freund o câmera de “Metrópolis”, por exemplo. E, se há um casamento que deu certo no cinema é o do expressionismo com o vampirismo. “Nosferatu” está aí para não me deixar mentir. Os elementos expressionistas do Drácula de Lugosi estão evidentes, seja no uso do contraste claro-escuro, seja em cenários teatrais opressores e rebuscados, seja no uso de sombras como personagens.
Mas o cenário expressionista foi acrescido da interpretação de Lugosi, soberba, bárbara! Seu olhar fixo e penetrante inspira medo até hoje! Essa força do olhar era amplificada por uma iluminação forte em cima dos olhos num rosto praticamente mergulhado no escuro, o que causava uma devastadora dramaticidade na cena. A linguagem corporal de Lugosi também era algo impressionante, principalmente quando ele ia em direção a suas vítimas, com toda uma gestualidade no movimento dos braços e das mãos, medonhamente arqueadas, como se fossem as garras de um animal selvagem. Tudo isso contrastava com momentos em que o vampiro estava monoliticamente parado em locais sombrios como florestas à noite ou porões de casas, somente com o seu olhar maligno.
E curioso notar que o personagem de Drácula nesse filme também muito cresceu em virtude do forte sotaque europeu de Bela Lugosi. E isso aconteceu num momento em que os sotaques estavam destruindo carreiras em Hollywood. É que o cinema falado acabara de aparecer e as estrelas do cinema mudo, sobretudo de origem europeia, não conseguiram se firmar no cinema falado pelos seus sotaques ou por suas vozes consideradas engraçadas. Foi um período em que muitos astros perderam seu emprego. Alguns deles chegaram a vender doces na porta dos estúdios onde trabalharam como atores famosos e até se suicidaram com tiros na cabeça. Mas com Lugosi, o sotaque funcionou, já que ele interpretava um personagem de filme de terror justamente da Transilvânia, ou seja, do leste europeu, praticamente a mesma procedência de Bela.
Vale ressaltar ainda que outro ator, Dwight Frye, teve uma boa atuação. Ele interpretou o advogado Renfield, que é o carinha que chega primeiro ao castelo de Drácula para oferecer o contrato de aluguel do mosteiro de Londres, para onde Drácula irá fazer suas vítimas. Após ser atacado pelo vampiro, Renfield se torna uma espécie de lacaio do conde sombrio, e adora comer baratinhas, moscas e aranhas. A interpretação de Frye foi muito boa, pois ele tinha que fazer um louco sádico, mas ao mesmo tempo com crise de consciência das maldades que fazia a mando de Drácula e com medo de ser punido por seu mestre, ou seja, um homem totalmente atormentado por vários sentimentos ruins.
Obviamente, as limitações da época trazem alguns pontos que hoje nos soam hilários, como o uso de fantoches de morcegos que não convenciam, ou até a presença de tatus como seres exóticos da noite. Mas isso não tira os bons méritos do filme.

Lamentavelmente, Bela ficou preso à morfina e à Drácula, ainda fazendo alguns filmes de terror, até quando o gênero entrou em decadência na década de 1940 e monstros de filmes outrora sérios apareciam agora como personagens de filmes de humor (o Frankenstein de Boris Karloff foi pelo mesmo caminho). Lugosi ficou desempregado pouco depois e foi redescoberto por Ed Wood, diretor de fitas B, que bancou a saúde de um vampiro já doente e velho. Lugosi morreu enquanto participava das filmagens de “Plan 9 From Outer Space”, de Wood, em agosto de 1956. Ele foi enterrado com seu traje de Drácula, por decisão do filho e de sua quarta esposa. O filme “Ed Wood” (1994), com Johnny Depp como Ed Wood e Martin Landau como Lugosi nos mostra alguns detalhes dos últimos dias desse que foi um dos maiores Dráculas do cinema. Ah! E vocês podem encontrar o filme do Drácula de Lugosi baratinho nas Lojas Americanas (sem querer fazer merchandising).

Um Grande Ator


Rosto nas trevas e somente os olhos iluminados. Dramaticidade extrema


 Linguagem corporal. Braços estendidos e mãos arqueadas


Implacável com suas vítimas


Foto autografada


 Decadência com outros monstros, como o Frankenstein de Karloff
 


Bela Lugosi com Ed Wood


 Em seu leito de morte. Finalmente seu verdadeiro caixão e descanso eternos
 

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