Invencível.
E Não É Que Esculacharam A Angelina Jolie?
A lista para os
indicados ao Oscar de 2015 sofreu uma baixa que muitos considerariam
inesperada. Angelina Jolie, que poderia concorrer ao Oscar de Melhor Diretora.
Seu filme de guerra, “Invencível”, não foi muito bem recebido e teve poucas
indicações para o Oscar (fotografia, edição de som e mixagem de som). Quando um
filme é tão espinafrado assim, torna-se um lugar comum todo mundo espinafrar
junto. Como eu defendo a tese de que tudo tem o seu lado bom e seu lado ruim,
vamos aqui procurar as virtudes de “Invencível”.
O filme inspira-se a
história real do ítalo-americano Louis Zamperini (interpretado por Jack
O’Connell), um menino-problema que não tinha qualquer perspectiva de vida. Ele
apanhava de WASPs e era acusado de arrumar confusões na rua, sendo fortemente
reprimido pelo pai. Mas seria estimulado pelo irmão a treinar para corridas,
tornando-se um especialista em provas de média distância, chegando aos jogos
olímpicos de 1936 em Berlim como uma promessa para a próxima Olimpíada, que
seria realizada em Tóquio, quatro anos depois. Mas a Segunda Guerra Mundial
estoura em 1939 e a futura promessa torna-se um combatente aéreo no Pacífico.
Seu avião cairá no oceano e ele ficará 47 dias sobrevivendo com dois amigos com
peixes e água de chuva. Um de seus amigos morre e ele será capturado,
juntamente com outro amigo sobrevivente, pelos japoneses, onde será prisioneiro
até o fim da guerra, passando por várias agruras.
Essa história seria
absurda demais até para o cinema, se não fosse verdade, é o que se tem dito por
aí. E quais são as qualidades de “Invencível”? Em primeiro lugar, uma boa
reconstituição de época, seja nas cenas de combates aéreos, onde tivemos bons
efeitos especiais, seja nas cenas da Olimpíada, com uma excelente
reconstituição do estádio olímpico de Berlim. Em segundo lugar, a interpretação
dos atores. Com nomes pouco conhecidos por aqui, tivemos boas surpresas como o
próprio Jack O’Connell e, principalmente, Takamasa “Miyavi” Ishihara (astro pop
japonês e que nunca havia interpretado para o cinema), como o oficial Watanabe,
que liderava o campo de prisioneiros. Esse personagem, extremamente sádico e
cruel, foi bem interpretado por Miyavi, que impressionava por seu olhar
penetrante e fala mansa, mas muito firme. Pior do que as recorrentes surras de
bambu era a forma com que ele se dirigia aos prisioneiros, abalando-os
psicologicamente antes de espancá-los. Típico líder que domina pelo medo,
definitivamente o personagem mais interessante do filme. Ao final da película,
cenas reais dos personagens do filme e legendas explicando o que aconteceu a
eles depois da guerra davam um tom de credibilidade a uma história verdadeira
de cara muito inusitada. Zamperini se tornou um pacifista.
O que mais incomodou
foi uma ida e volta de flash-backs na
estrutura narrativa do filme que aparece mais em sua primeira metade e
desaparece na segunda parte. Talvez fosse melhor uma narrativa mais linear, sem
voos audaciosos. E, sendo um filmão de estúdio, alguns clichês clássicos
apareceram, como uma trilha sonora grandiosa em alguns momentos-chave da
história ou um enfoque exagerado na figura do protagonista. Seus companheiros
do campo de prisioneiros eram, obviamente, os coadjuvantes, mas a história de
uns poucos deles poderia ter sido mais abordada, mostrando que Zamperini não era
o único barbarizado na prisão, como ficou parecendo.
Mas, de qualquer forma,
“Invencível” não merecia tão duras críticas, acusadas por alguns até de
sexismo, por se tratar de uma diretora mulher. Foi um belo esforço de quem
ainda começa nesse ofício e, se teve alguns problemas, também há virtudes. Um
filme que deve ser visto em minha modestíssima opinião.
Cartaz do filme
Zamperini. De menino-problema a astro olímpico
Competindo em Berlim.
Mas a guerra o transformou num combatente dos ares do Pacífico.
Náufrago 47 dias em alto-mar.
Pressões psicológicas.
Miyavi estreou muito bem como ator...
Superando as humilhações.
Angelina Jolie na direção.
Jolie e o verdadeiro Zamperini, seu vizinho...
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