A
Famíla Bélier. Sem Palavras.
Um excelente filme
francês em cartaz. A comédia “A Família Bélier” é cativante do primeiro ao
último minuto de fotograma. É uma deliciosa comédia. Um delicioso drama. Filme
que muito entretém com um final feliz. Ah, e principalmente, com uma ótima
ideia.
A história conta a vida
da tal família Bélier, que tem uma característica em comum entre quase todos os
seus membros: o pai, a mãe e o filho caçula são surdos-mudos. Mas a filha mais
velha, Paula (interpretada por Louane Emera), tem a sua audição normal. Ela é
uma espécie de porta-voz da família, pois as pessoas geralmente não conhecem a
linguagem de sinais e a moça acaba que traduzindo o que seus familiares dizem.
Essa simpática família vive no campo e tem uma pequena criação de gado, cujo
leite é usado para produzir queijo, vendido na feira livre da cidadezinha. O
mais irônico na história é que Paula participa do coro de sua escola e tem uma
grande aptidão para o canto. Seu professor, Thomasson (interpretado pelo bom
Eric Elmosnino), estimula Paula a participar de uma seleção em Paris para poder
estudar na capital francesa com os melhores professores de canto da França. Mas
isso vai significar que a família de surdos-mudos, que é tão dependente dela,
precisará aprender a viver sozinha. E aí, se instaura o conflito.
Esse é o típico caso de
um filme de bom roteiro com uma ideia bem aproveitada. A simpatia que temos com
a história aparece em primeiro lugar pelas boas situações cômicas das
peculiaridades da comunicação entre surdos-mudos e pessoas que ouvem normalmente.
Por exemplo, a hilária sequência onde Paula precisa traduzir o que o médico diz
aos pais com relação a uma irritação na vagina da mãe, onde ela precisa passar
um creme e ficar três semanas sem ter relações sexuais com o pai. Aliás, a
interpretação altamente gestualizada dos atores François Damiens (o pai
Rodolphe) e da belíssima Karin Viard (a mãe Gigi) foi um dos pontos altos do
filme, onde um proposital exagero em algumas situações cômicas se aproximou das
pantomimas do cinema mudo, o que tornou a história mais simpática e divertida ainda.
A trama também lembrou das dificuldades dos portadores de necessidades
especiais, pois Rodolphe não aguentava mais os malfeitos de políticos locais e
ele mesmo decidiu se lançar como candidato a prefeito de sua cidade. A questão
básica era: como um surdo-mudo se comunicará com os eleitores e assumirá um
cargo político? O filme também tem o grande mérito de posicionar o espectador
na situação em que o surdo-mudo é obrigado a passar, justamente na parte onde
os pais de Paula assistem a uma exibição da filha cantando, e podemos
testemunhar o que eles exatamente veem e “ouvem” nesse momento, sendo algo
altamente angustiante. No mais, é um filme também sobre música, com excelentes
números musicais, alguns muito tocantes.
Por fim, podemos dizer
que “A Família Bélier” vale cada centavo do ingresso. Uma comédia intensa,
altamente feliz na escolha do tema. Uma história que prende a sua atenção do
início ao fim. Um filme que consegue reviver os bons tempos do cinema mudo e do
musical. Um filme de personagens cativantes, com os quais nos simpatizamos
desde o primeiro minuto. Não percam “A Família Bélier”.
Cartaz do filme
Uma família muito especial
Paula sonha com a carreira de cantora
Para isso, vai contar com a ajuda de seu professor de música...
o que vai provocar preocupação em seus pais.
Será uma difícil escolha para Paula
Dividindo seu talento com o pai
Louane Emera com o diretor Eric Lartigau
Na coletiva de imprensa
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