Casamento
Proibido. Filme Policial Com Temática Social Vira Comédia Romântica
Sensacional!
O bom filme de Fritz
Lang “Casamento Proibido” (1938) pode ser entendido como contendo vários
gêneros engendrados. Uma história de cunho policial, pois aborda a vida de
ex-presidiários que estão em dúvida se se mantêm no bom caminho ou não. Uma
temática social, pois um dono de loja de departamentos tem entre a maioria de
seus empregados os ex-presidiários da história, já que o patrão acredita na
recuperação do ser humano. E uma história de amor que, apesar de mostrar muitos
momentos de tensão no casal protagonista, termina de forma hilária, ao bom
estilo de uma comédia romântica água com açúcar. O casal em questão é Joe (interpretado
por George Raft) e Helen (interpretada pela maravilhosa Sylvia Sydney). Ambos
trabalham na loja de Mr. Morris (interpretado por Harry Carey) que, como vimos,
acredita no ser humano e sua capacidade de se recuperar, contratando muitos
ex-presidiários. Joe era constantemente assediado por antigos companheiros de
prisão que queriam trazê-lo de volta ao crime. Mas Joe resistia ferrenhamente
por causa de Helen. Joe e Helen se casam e vão morar no apartamento alugado da
moça. Tudo parecia que ia ser um mar de rosas, mas Helen tinha um segredo não
revelado a Joe, que odiava mentiras: ela também era uma ex-presidiária e as
regras da liberdade condicional a proibiam de casar. Helen era constantemente
visitada pelo agente da condicional, o que começou a despertar dúvidas em Joe.
À medida que o relacionamento se desgastava com as dissimulações de Helen, Joe
ficava mais impaciente, violento e até mais seduzido por seus antigos
companheiros de crime que, sentindo-se explorados pelo dono da loja de
departamentos, queriam roubar o estabelecimento à noite. Mas Helen descobre o
plano e sabota o assalto. Apesar de tudo, o dono da loja perdoa os bandidos, que
não foram presos e tiveram os seus empregos mantidos, mas tomaram um esporro
federal de Helen, que provou, fazendo contas num quadro negro, que o chefe da
quadrilha que contratou o grupo era o verdadeiro explorador, pois o que eles
ganhariam com o assalto era muito menos que os seus salários. Joe ficou
furiosíssimo com a atitude de Helen, que saiu da loja aos prantos. Nesse
momento, os tons de comédia entram no filme, com a própria quadrilha exaltando
Helen e repreendendo Joe pelo seu comportamento tão grosseiro, o que deixa
nosso protagonista simplesmente louco, saindo à rua. Helen, por sua vez,
abandona o lar, pois havia decepcionado muito Joe. O problema é que a moça está
grávida e quando Joe sabe disso, surta desesperadamente e bota toda a quadrilha
à procura de Helen, que é encontrada num hospital dando a luz ao filho. A cena
da sala de espera é hilária, com todo um bando de gângsters à espera de
notícias do parto. Ah, e obviamente Joe e Helen viveram felizes para sempre.
Esse filme lembra um
pouco “Vive-se Só Uma Vez”, do mesmo Fritz Lang, onde Henry Fonda faz as vezes
do ex-presidiário e a mesma Sylvia Sydney faz a esposa, agora de ficha limpa. Mas
aqui o desfecho é trágico, pois o personagem de Fonda não tem qualquer chance,
em virtude do preconceito contra aqueles que passaram parte de sua vida na
cadeia, e o casal acaba morto. Em “Casamento Proibido”, o cinema “noir” e
pesado vai, aos poucos, se tornando leve e termina de forma muito cômica,
principalmente a partir da “aula” de Helen no quadro negro, culminando com a
hilária cena da maternidade. Essa mescla de gêneros torna-se, portanto, a
principal e mais atraente característica desse filme de Fritz Lang, lá do
longínquo ano de 1938.
Belo cartaz do filme.
Joe e Helen. Casal cheio de conflitos.
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