Abutre. Peripécias
De Um Cinegrafista Amador.
Um
filme muito curioso está nas telonas. “Abutre” é estrelado por Jake Gyllenhaal
(eta nomezinho complicado!!!) e conta a história de um ladrãozinho que rouba
telas de cercas e tampas de bueiro para sobreviver. Seu nome é Louis Bloom e já
sabemos logo no início da história que nosso protagonista tem uma péssima índole.
Ele não passaria de um vigarista de meia tigela não fosse o fato de que ele
presenciou um acidente na estrada enquanto dirigia seu automóvel ordinário. Parando
para ver o acidente, ele presenciou o trabalho de um cinegrafista amador freelancer, Joe Loder (interpretado por
Bill Paxton), que vendia as imagens para os telejornais locais de Los Angeles. O
punguista logo se interessa pelo ofício e com seu dom para atividades ilícitas,
ele consegue uma câmera e um rádio que
sintoniza a frequência da polícia. No início, nosso protagonista não consegue
fazer seu trabalho de forma eficiente. Mas a grande virtude de Louis é que ele
aprende rápido e rapidamente consegue vender uma filmagem de uma vítima de
assassinato agonizando para uma responsável pelo telejornal noturno de um canal
de televisão, Nina Romina (interpretada por uma envelhecida, mas ainda
deslumbrante Rene Russo). A mulher não tem escrúpulos e quer colocar as piores
reportagens para conquistar audiência, do tipo daquelas que você espreme e sai
sangue. Assim, os interesses de Louis e de Nina juntam a fome com a vontade de
comer. A esperteza de Louis fará com que ele venda mais e mais imagens,
tornando-se um cara com bastante grana. Mas isso não será o suficiente para
ele. Louis também vai querer mais espaço na emissora de TV e irá usar sua inteligência
e falta de caráter para atingir seus objetivos.
O
filme realmente tem uma reflexão central que é a questão da ética no
telejornalismo. Louis é o ladrãozinho sem qualquer remorso ou boa índole que
vai se encaixar como uma luva no meio do telejornalismo cujos programas
sensacionalistas muitas vezes jogam o bom senso no lixo em busca de uma maior audiência,
o que significa mais dinheiro e extensão dos contratos de trabalho. A desgraça
alheia serve como combustível para alavancar o sucesso das carreiras de pessoas
inescrupulosas. A coisa chega a um ponto em que elementos como Louis forjam
imagens e, mais grave, criam situações que até provocam a morte dos outros. E essas
pessoas saem completamente incólumes disso. O personagem de Louis é
emblemático. O protagonista é o anti-herói americano. O cara não tem qualquer
escrúpulo e quando faz as suas armações se dá bem. O filme viola totalmente
aquela moral americana de que o vilão se dá mal. É uma trama que parece gritar
contra uma horda de canalhas que povoam nosso mundo real e se dão bem com suas armações
nas nossas barbas. A maldade de Louis é agressiva, repulsiva, temos raiva do
sujeito, como se o diretor do filme, Dan Gilroy, que também escreveu a
história, desse um tapa em nossas faces bradando horrendamente que esse tipo de
pessoa existe na vida real e está à solta por aí fazendo suas canalhices. O filme
acaba sendo um grito inconformado contra tais absurdos.
Portanto,
podemos dizer que “Abutre” não se enquadra no cinema de entretenimento, mas sim
no cinema de denúncia, no cinema de reflexão, onde nos é lembrado que existem
pessoas por aí que não medem esforços em alcançar suas ambições, mesmo que suas
ações prejudiquem a vida de outras pessoas. Pessoas totalmente sem escrúpulos
que inspiram escritores como Thomas Hobbes a escrever tudo aquilo que é visto
em “O Leviatã”, ou seja, os governos devem ser autoritários, pois precisam
controlar a desmedida ambição humana. Afinal de contas, “O Homem é o lobo do Homem”.
Você concorda ou não??? Democracias são importantes, mas definitivamente não podem
permitir o mau caratismo.
Cartaz do filme em inglês.
Um carinha que não presta.
Um cinegrafista amador em busca de desgraças.
Com Nina, ele vai ter oportunidades de crescimento.
Quando não consegue o que quer, vira bicho.
Ele não medirá esforços para alcançar suas ambições.
Um verdadeiro safado!!!!!
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