Um
Novo Dueto. A Pianista E o Eletricista Xaropes.
Outro filme francês. Uma
história de amor, como gosta o povo da Marselhesa. Mas uma historinha um tanto
xarope, chatinha até. Essa é a impressão de “Um Novo Dueto”, cujo título
original é “Uma Outra Vida”. A coisa não empolga muito, mas tenhamos boa
vontade.
Vemos aqui a vida da
pianista Aurore (interpretada por Jasmine Trinca). A moça tem uma rotina de
muitos ensaios e apresentações até que, num momento, a estafa a derruba em
pleno palco. Tudo isso seguido pela morte do pai. Com tantos traumas, Aurore se
recolhe por dois anos e passa a viver na casa do pai, a contragosto do irmão
Paul (interpretado por Stéphane Freiss), uma espécie de agente da moça que quer
que ela volte logo a sua rotina de apresentações. Aurore irá conhecer um
eletricista, Jean (interpretado por Joeystarr, que nome de artista pornô!).
Logo, a moça irá ficar perdidamente apaixonada por sua nova amizade, sendo
correspondida. Entretanto, há sempre um probleminha nessas histórias de amor. Jean
é casado com uma mulher que, diga-se, é um espetáculo! Muito mais linda que a
protagonista! Seu nome é Dolores (interpretada pela estonteante Virginie
Ledoyen). Até agora, eu não entendi como ele trocou aquele monumento todo por
aquela pianista sem sal! Essa esposa será o elemento mais interessante deste
triângulo amoroso cheio de idas, vindas, conflitos e fatalidades.
O filme tem uma
cadência lenta, típica dos dramas amorosos. Mas, em alguns momentos, a trama
abusa da lentidão, tornando a exibição cinematográfica simplesmente um saco. Entretanto,
como em tudo na vida existe um lado bom e um lado ruim, e não procuro só
espinafrar os filmes, mesmo quando eles não são lá muita coisa, vamos enfocar
os aspectos positivos. Esse triângulo amoroso levanta questões interessantes. Até
onde você tem coragem suficiente para amar? Ou seja, no seu desejo por amar e
ser feliz, como você magoa e esquece a mágoa que provocou em outra pessoa que
te amava? É preciso ser corajoso para buscar a felicidade, magoar o outro e
sair sem qualquer peso na consciência. O filme também abordou a questão do amor
inter-racial (a pianista era branca, de um alto estrato social, e o eletricista
era negro, de uma condição social menor). Mas essa questão racial não é mencionada
em momento nenhum da história, seguindo a linha dos defensores da tese de que o
racismo só acabará quando ninguém mais notar a cor da pele das pessoas e isso
passar despercebido. A diferença social, entretanto, é mencionada pelo próprio
eletricista, que considera sua tarefa menor que a da pianista que, com o tempo
e as pressões do irmão, voltará a sair em longas turnês internacionais. Um
relacionamento aguentará essas longas ausências? Resposta no “écran”.
Questões raciais e
sociais. Questões cósmicas sobre o relacionamento a dois. Andamento muito
lento. Um certo quê de melancolia no casal protagonista. Essas são as
características básicas de “Um Novo Dueto”. Recomendável? Até pode ser. Mas, decididamente,
esgote todas as possibilidades melhores antes. E não são poucas. O nosso
estimado cinema francês nunca foi tão água-com-açúcar. Ou melhor, água com
adoçante...
Cartaz do Filme
Uma pianista melancólica.
Um eletricista melancólico.
Uma esposa e tanto!!!!
Um irmão mais preocupado com a carreira da irmã.
Um relacionamento sem sal.
Mais um triângulo amoroso tortuoso.
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