O
Homem Mais Procurado. Antiterrorismo É Jeito, Não É Força.
O bom filme “O Homem
Mais Procurado” tem uma marca: é um dos últimos trabalhos de Philip Seymour Hoffman, um excelente ator
que nos deixou muito prematuramente e faz falta, principalmente quando o vemos
aqui contracenando com outros grandes atores como Willem Dafoe, Robin Wright,
Daniel Brühl, que lamentavelmente faz uma ponta, e Rachel McAdams. Vemos um
baita elenco e uma baita história, baseada no romance de John Le Carré,
especialista em espionagem.
A trama se passa na
Alemanha, mais especificamente na cidade de Hamburgo onde, no ano de 2001,
foram tramados os atentados do 11 de setembro. Desde então, a Inteligência
Alemã faz um monitoramento sistemático de qualquer atividade suspeita. Mas essa
atividade de espionagem é muito atribulada, com vários grupos em conflito. A equipe
liderada por Günther Bachmann (Hoffman) procura fazer um serviço de inteligência
sem alardes, onde, em primeiro lugar, corre-se atrás dos chamados “peixes
pequenos”, persuadindo-os a colaborar não usando violentas torturas, mas com
muita conversa para, então, ir se chegando aos peixes mais graúdos. O problema
é que todo esse processo demandava muito tempo, o que incomodava a divisão antiterrorista
alemã e, principalmente, os americanos, que trabalhavam conjuntamente, e
pensavam mais, nas palavras do Sr. Spock, de “Jornada nas Estrelas”, numa
diplomacia de cowboy. O alvo de
Günther era Abdullah (interpretado por Homayoun Ershadi), um aparente pacifista
muçulmano que suspeita-se que dê dinheiro para a Al-Qaeda. Para isso, será
utilizado um refugiado checheno como isca, Karpov (interpretado por Grigoriy Dobrygin),
filho de um general russo que recebeu uma herança e quer se desfazer de seu
dinheiro. Mas Karpov será protegido pela advogada Annabel Richter (McAdams) e
pelo banqueiro Brue (Dafoe). Assim, Günther e seu staff começam uma corrida contra o tempo para capturar Karpov,
pressionados pelos americanos e seus superiores.
O filme realmente é
empolgante e prende a atenção o tempo todo dada a excelente trama e elenco. Obviamente,
essa ideia de um grupo antiterrorista “bonzinho” não cola muito, dadas as
circunstâncias belicosas em que o mundo mergulhou após os atentados de 11 de
setembro. De qualquer forma, a ficção nos dá uma boa sugestão de como proceder
com esse problema. Ao se fazer um serviço de inteligência eficiente, sem o uso
de violências, torturas ou prisões muito repentinas, o objetivo dessa forma de investigação
é não perder o fio da meada e chegar aos terroristas geralmente perigosos. Esse
enfoque busca criticar com veemência a política americana antiterrorista,
altamente truculenta e violenta. Se alguns filmes americanos, sobretudo as
obras de ficção baseadas na morte de Osama Bin Laden, exaltaram essa política truculenta
americana, “O Homem Mais Procurado” nos mostra que tais práticas violentas são,
pelo contrário, ineficientes.
Uma boa obra de
espionagem que critica com força a política antiterrorista americana. Tudo isso
amparado por um excelente elenco e pelo fato de que podemos matar um pouquinho
as saudades de Philip Seymour Hoffman. “O Homem Mais Procurado” é,
definitivamente, um programa imperdível. Cinema que faz pensar, que faz
indignar. Que mostra como a realidade pode ser algo muito frustrante. Cinema que
dá boas ideias.
Cartaz do Filme
Günther. Buscando novas estratégias de antiterrorismo.
Relação conturbada com Martha, a americana.
Brue e Richter. Envolvidos na trama de espionagem.
Dois monstros sagrados do cinema contemporâneo
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