Attila
Marcel. Traumas E Cogumelos.
Um excelente filme francês
na área. Do mesmo realizador de “As Bicicletas de Belleville”, o diretor
Sylvain Chomet, “Attila Marcel” é um filme de artistas de carne e osso, não menos
atraente que a grande animação de alguns anos atrás. Vemos uma história sobre a
fragilidade da condição humana. E de como podemos enfrentar tal fragilidade com
a ajuda de pessoas muito especiais que cruzam as nossas vidas por alguns
momentos e, em seguida, simplesmente desaparecem.
A trama centra-se no
jovem Paul (interpretado por Guillaume Gouix), que sofreu um trauma terrível na
infância: viu a morte dos pais aos dois anos de idade. Em virtude disso, sofreu
um bloqueio que lhe tirou a capacidade de falar. Órfão, foi amparado por duas
tias professoras de piano que lhe ensinaram o ofício e cantarolavam numa
alegria que beirava um comportamento ansioso e tresloucado. O rapaz,
extremamente protegido, era reservado e tímido, como não podia ser de outro
jeito. Vivendo num pequeno edifício cercado de figuras muito peculiares, entre
elas um cego exímio afinador de pianos, Paul tinha como atividade tocar piano
nas aulas de dança promovidas pelas tias para ganhar dinheiro. Até que, um dia,
seu amigo cego, que subia as escadas (e afinava até as colunas de ferro do
corrimão!) deixou um compacto de vinil cair no chão. Paul pega o disquinho e
entra no apartamento em que o cego adentrou. Lá, presencia um cachorrão surdo e
um verdadeiro jardim no piso da sala. É o apartamento de Madame Proust
(interpretada por Anne Le Ny), uma riponga budista que, em troca de dinheiro,
oferece um chá de cogumelos para os clientes que trazem consigo lembranças de
seu passado (uma foto, uma carta, um disco, etc.). O chá tem a propriedade
mágica de fazer o cliente vivenciar a experiência do passado associada à lembrança
que ele trouxe. E, assim, faz-se o milagre de Paul voltar a conviver com os
pais durante a sua infância. Paul também vai desenvolver um relacionamento fofo
e tocante com a porra louca Madame Proust, vista com preconceito pela maioria dos
moradores do prédio.
A história realmente é
muito boa e terna. Vemos como Paul vai saindo de seu casulo, de sua disciplina rígida
ao piano, e vai se descobrindo, se entendendo, a cada sessão de chá. Madame
Proust é fundamental nisso, pois o caos e a visão de mundo aberta e alegre da
budista vão impregnando Paul que, pouco a pouco sai de seu estado arredio e
descobre o amor numa violoncelista chinesa também tímida, mas bem mais
atiradinha que ele. O único problema do filme é um certo preconceito justamente
contra os chineses, onde os amigos franceses das tias de Paul criticam uma invasão
chinesa à França. Pegou mal, mesmo que a coisa tenha sido exposta com um certo
humor.
Dessa forma, “Attila
Marcel” é um filme altamente recomendável. Diversão garantida, com direito a um
drama bem comovente contado em comédia. Mescla de gêneros. O filme é mais do
que promete o “trailer”. A esta altura você, caro leitor, deve estar se perguntado:
e quem é Attila Marcel ao final de contas? E Paul? Vai falar ou não? Essas perguntas
eu deixo para ti, meu amigo. As respostas estão num cinema pertinho de você. Ah! E não saiam da sala ao final. Tem cenas pós créditos!!!!
Cartaz do filme.
Paul e as tias. Excesso de proteção.
Uma criatura ansiosa e tímida.
Descobrindo um novo mundo.
Vai um chazinho aí?
Madame Proust e seu ukelelê.
Uma nova e terna amizade surge.
Doidão com o chá.
Alucinações do chá.
Visão da mãe. Alucinações do passado.
Descobrindo o amor.
Quem será esse distinto cavalheiro?
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