Trash,
A Esperança Vem Do Lixo. Não É De Se jogar Fora...
Um filme que aborda a
triste realidade de nosso país, com tudo de ruim que já conhecemos: um oceano
de corrupção, miséria exacerbada, violência policial, injustiças de todo o
tipo. Num contexto tão familiar para nós, será contada uma história com lances
para lá de inusitados. Um thriller de
ação que até prende a nossa atenção, mas que tem realmente algumas coisas que não
dá para engolir.
Vemos aqui a trama de um
homem chamado José Ângelo (interpretado pelo sempre excelente Wagner Moura),
que foge da polícia com uma carteira na mão. Antes de ser capturado, José joga
a carteira fora do alto de um condomínio e ela cairá na caçamba de um caminhão de
lixo a caminho de um aterro sanitário. A carteira vai parar na mão de três menores.
Há dinheiro, mas há uma chave. A polícia se encaminha para o lixão, comandada
pelo cruel Frederico (interpretado pelo também ótimo ator Selton Mello), que
descobrirá que a carteira está na posse dos três meninos. Começará, então, uma
feroz perseguição aos garotos, que passarão por muitos riscos e perigos enquanto
vão desvendando o mistério da carteira.
O filme tem o bom
trunfo de contar com um grande elenco. Além de Wagner Moura e Selton Mello,
vemos a presença de Nelson Xavier, José Dumont (apesar de ter sido cometido o
sacrilégio de colocá-lo numa ponta, pois esse ator tem talento demais para ser
encarado apenas como um reprodutor de estereótipos nordestinos), Stepan
Nercessian e as presenças internacionais de Rooney Mara e Martin Sheen. Com um cast dessa magnitude, você já se sente
atraído a ir ao cinema para ver o filme. Esperava-se que a trama acompanhasse o
bom elenco. Mas não foi o caso aqui. O filme poderia ter tido um roteiro
melhor, pois a ideia era boa. Mas há alguns problemas como situações inverossímeis
demais até para uma licença poética exacerbada. Outro problema é um certo quê
estereotipado do olhar estrangeiro sobre o Brasil, onde se mostra o supra-sumo
de tudo o que temos de ruim. Sabemos que nosso país é cheio de problemas, mas
sentimos um olhar não de terceiro mundo, mas de oitavo. Todos os defeitos são mostrados
da pior maneira possível, sem dó nem piedade. É também de se lamentar que o
elenco estrangeiro pareça ter sido menos aproveitado do que a gente deseja. Sempre
é legal ver o Martin Sheen e a gente quer mais Martin Sheen. Mas tem um momento
do filme em que ele simplesmente desaparece, só reaparecendo ao final. A mesma impressão
se dá com Wagner Moura. A história poderia ter sido contada de outra forma para
garantir uma maior presença desse excelente ator.
Embora o filme pareça
ter esses problemas, “Trash” não é de todo ruim. É verdade que poderia ter sido
bem melhor, mas ainda é uma história que dá para curtir. Talvez se o elenco não
fosse tão estelar e eficaz, os problemas do filme ficariam mais evidentes e
desagradáveis aos olhos. Dessa forma, não espere muito de “Trash”. Mas, se você
gosta dos atores citados acima, se você não liga que um filme de ação e
suspense seja um pouco óbvio, vá ver sem medo.
Cartaz do Filme.
Wagner Moura poderia ter sido mais bem aproveitado.
Selton Mello, um bom vilão.
Lixão como pano de fundo.
Rooney Mara como a professora Olivia.
Um marcante Nelson Xavier.
José Dumont não pode fazer ponta!!!!
Martin Sheen e os protagonistas. Da esquerda para a direita: Eduardo Luís, Rickson Tevez e Gabriel Weinstein.
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