Meteora.
A Mulher Do Padre Ortodoxo.
Curiosa essa
co-produção alemã e grega de 2012. Diferente de tudo o que vemos, “Meteora” é
um filme que se propõe a analisar o cotidiano de uma comunidade católica
ortodoxa nas planícies quentes da Grécia Central. Dois gigantescos pilares de
arenito têm em seus cumes monastérios ortodoxos cuja rotina é regada a muitas orações
e cânticos. Num dos monastérios, vive o monge Theodoros. Noutro, vive a freira
Urânia. O pilar de Theodoros tem uma longa escadaria. Já o pilar de Urânia é um
penhasco onde as freiras descem numa rede que é uma espécie de elevador
improvisado. Além da vida enclausurada dos religiosos, eles também interagem
com uma comunidade próxima, onde Theodorus escuta recitais de flauta de um dos
camponeses locais. Tudo permaneceria na mesma não fosse os contatos de
Theodorus e Urânia. Há uma singela comunicação entre os dois pelas janelas dos
monastérios, onde é usada a luz do Sol
nas janelas refletidas com espelhos ou imagens douradas de Cristo, mostrando a
cumplicidade entre os dois. Num piquenique que o casal religioso fará, eles vão
conversar sobre casos de tentação conhecidos no meio católico, até que
Theodorus investe contra Urânia, que inicialmente resiste, mas depois cede às tentações
da carne.
O filme não vai muito
além disso. A comunidade não descobre o caso entre os dois e fica subentendido que
os encontros sexuais secretos são mantidos. A novidade desta película são as animações
que contam certas passagens do filme, com desenhos altamente inspirados na
estética da arte católica ortodoxa. A maioria das situações descritas nas animações
tinha uma natureza simbólica dos castigos sofridos pelos dois caso eles
sucumbissem às tentações da carne. Mas outras situações apareciam, como as
longas madeixas de Urânia, que ela resistia em mostrar para Theodorus. Até no
ato sexual, Urânia toda nua, mas seus cabelos cobertos pelos panos religiosos. Na
animação, no entanto, eles aparecem em toda a sua exuberância.
No mais, não há muito que
chame a atenção. A única coisa altamente angustiante foi o sacrifício de um
carneirinho para o piquenique de Theodorus e Urânia. O camponês mata o bichinho
que grita em desespero como um humano choroso que clama por sua vida. Foi um
momento do filme que muito incomodou, dada a crueldade da coisa.
Um outro elemento que
chama a atenção é o nome do filme e o nome da protagonista. “Meteora” é uma
palavra grega que tem a ver com a atmosfera e Urânia é a deusa da astronomia. Ou
seja, duas alusões ao mundo dos céus. Não é à toa que os monastérios estão elevados
em pilares de arenito e nosso casal de religiosos precisam descer deles para
seus encontros sexuais considerados pecaminosos pela liturgia ortodoxa, numa
simbologia da ida do céu ao inferno para se fazer as fornicações em cavernas às
escondidas.
Assim, “Meteora” aborda
mais uma vez a questão da tentação do sexo dentro do meio religioso. Um tema
até batido nos meios católicos romanos, agora exibido nos meios católicos
ortodoxos. É de se lamentar que o tema não tenha sido mais explorado. Os religiosos
poderiam ter descoberto o caso e tornado alguma atitude punitiva com relação aos
dois. De qualquer forma, as animações trouxeram um colorido especial ao filme. E
poder testemunhar os rituais católicos ortodoxos, tão distantes de nossa
realidade, constitui uma interessante curiosidade nesse filme de cadência
excessivamente lenta.
Cartaz do Filme.
Theodorus e Meteora. Casal que desafia tradições religiosas.
Piquenique e aproximação.
Pilares de arenito. Mundo dos céus
Madeixas de Urânia somente nas belas animações.
Liturgias nas animações
Cena de sexo. Nudez sem cabelos à mostra.
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