Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!
Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

sábado, 11 de julho de 2015

Resenha de Filme - Um Pouco de Caos.

Um Pouco De Caos. As Prisões Criadas Pela Própria Nobreza.
Um excelente filme dirigido pelo bom ator Alan Rickman está à nossa disposição. “Um Pouco de Caos" nos conta uma história de época que se passa na França de 1682, durante o reinado de Luís XIV (interpretado por Alan Rickman). Vossa Majestade decidiu fazer um jardim todo incrementado no “quintal” do Palácio de Versalhes que fosse uma homenagem à humanidade. Houve uma espécie de concurso, onde paisagistas levavam seus projetos ao paisagista oficial do rei, André Le Notre (interpretado por Mathias Schoenaerts). No meio desse concurso, surge uma candidata, a viúva Sabine de Barra (interpretada por Kate Winslet) com propostas inovadoras de paisagismo, que foram consideradas altamente caóticas por André, que queria algo mais tradicional, ao bom estilo racional e renascentista. Mas, mesmo assim, a proposta de Sabine provocou inquietação em André, que a procurou e propôs uma espécie de modelo “híbrido”, onde a visão mais tradicional de André se mesclaria com a visão mais inovadora de Sabine. E assim, as obras para a construção do jardim começaram, não sem todas as pessoas envolvidas no processo também se envolverem entre elas.
O filme é um deleite para os cinéfilos, por vários motivos. Um filme de época sempre exige muito das locações e figurinos, que estavam impecáveis (no caso das locações, um CGI aqui ou ali sempre ajuda, mas não diminui os méritos). Vestidos cheios de detalhes dividiam espaço com longas perucas. Algumas tomadas de bosques eram dignas de pinturas de Renoir. Mas o filme não primava somente pela estética de suas imagens. Os atores também tiveram atuações soberbas. Definitivamente, foi um grande trabalho de Alan Rickman, que reuniu um excelente elenco e, ele mesmo, mais uma vez mostrou seu talento, interpretando o rei Luís XIV. Rickman deu um show, pois ele interpretou um personagem extremamente poderoso, que usava seu poder para pressionar nosso jardineiro André, mas o fazia com tamanha serenidade que lembrava a virtude da prudência que todo governante com poderes absolutos devia ter. Tal serenidade e pompa também era vista em André, que primava por uma visão mais racionalista de paisagismo, sem direito a voos criativos mais ousados, mas que não abdicava de todo da criatividade. O filme ainda contou com a boa presença de Stanley Tucci, interpretando o papel do Duque de Orleans, um nobre efeminado e simpático. Agora, o grande personagem do filme foi Sabine. E um pontaço para Kate Winslet. Como não se bastasse o fato de ser lindíssima e com um corpo cheio de curvas muito sensuais, ela é, ainda, uma tremenda atriz que teve a felicidade de interpretar Sabine. Façamos uma análise rápida dessa personagem. Sem o sangue bom nobre correndo pelas veias, ela teve a infelicidade de perder simultaneamente marido e filha, sentindo-se muito culpada por isso. A moça teve que recomeçar, tendo que trabalhar em paisagismo para se sustentar, chegando a concorrer com paisagistas homens com um projeto para construir o jardim real. Isso, num ano como 1682, já a colocava à frente de seu tempo. Mas a coisa foi além pois, quando foi descoberta pela nobreza, ela se tornou objeto de curiosidade da elite da época, sobretudo dos membros femininos. E aí, podemos perceber que seu espírito livre e independente era admirado pelas nobres que viviam segundo as rígidas regras de convivência do Antigo Regime que tolhiam suas liberdades. Aliás, o próprio Luís XIV reclamava das pressões do Estado sobre sua vida privada. Sabine só se igualava às nobres quando, ao contar sobre suas dores do passado, ela percebia que todas aquelas fidalgas também tinham sofrimentos adormecidos em si, provocados pelas perdas de filhos e maridos, com o agravante de que relembrar ou conversar sobre essas tragédias pessoais era algo estritamente proibido pelo rei. No mais, Sabine era o espírito livre e intrépido em pessoa, admirado por aquelas nobres presas aos grilhões da elite.

Assim, “Um Pouco de Caos” é um excelente filme de época, resultado de um esforço louvável de Alan Rickman que, apesar de mostrar um Antigo Regime um tanto romântico e excessivamente pomposo, ainda assim fez uma bela película, onde a “súdita” Sabine era o centro das atenções por expressar um espírito livre e cheio de coragem para encarar a vida e as convenções do século XVII. Vale a pena dar uma conferida nesse filme, que tem um desfecho plasticamente impecável que vale, por si só, o ingresso. Não deixem de prestigiar.

Cartaz do filme.

Sabine e André. Relacionamento profissional e pessoal.

Surpresas nos bosques...

Atração por uma mulher do povo.

Locações dignas de um Renoir...

Imagens de uma plasticidade inigualável...

Iniciando um projeto.

Um Luís XIV autoritário, mas prudente.

Se isolando para curar tristezas pessoais...

Encantado-se com uma súdita...

Sabine sabia ser sábia ao ser relacionar com o rei...

Terceiro Estado apresenta o jardim ao Estado em pessoa...

Nas coletivas de imprensa da vida...


terça-feira, 7 de julho de 2015

Resenha de Filme - O Exterminador do Futuro: Gênesis

O Exterminador Do Futuro: Gênesis. Novos Rumos Para Uma Velha História.
E saiu o tão esperado “Exterminador do Futuro: Gênesis”. Arnold Schwarznegger está de volta com o robô que tanto sucesso fez lá na década de 1980. Um tanto recauchutado, é verdade, mas não obsoleto. O filme é tudo aquilo que esperamos de um “blockbuster” dessa natureza. Muita porrada, tiro e explosão, alimentados pelas possibilidades infinitas do CGI. Mas o que conta aqui é o novo rumo dado para a história, usando sempre o velho argumento da realidade paralela que surgiu com a alteração do passado.
O filme começa no futuro, no momento em que os humanos conseguem vencer a guerra com as máquinas, controladas pelo maligno programa Skynet, que quer extirpar a raça humana da Terra. Entretanto, antes de vencido, o Skynet enviará um de seus robôs para o passado, com o objetivo de matar Sarah Connor, a mãe do líder da resistência contra as máquinas, John Connor. Assim, John envia para o passado, mais especificamente o ano de 1984, Kyle Reese, seu braço direito, para salvar Sarah do exterminador mecânico. Até aí, tudo bem, as coisas estão meio parecidas com a saga original. O problema será quando Kyle chegar ao ano de 1984, onde ele encontrará uma realidade bem diferente da que lhe foi contada por John. E aí, para não estragar o texto com spoilers, só vou dizer que Kyle terá que pagar um dobrado para salvar Sarah e ele nem sabe que é o pai de John e que estará marcado para morrer. Mas será que nessa realidade alternativa as coisas acontecerão do mesmo jeito?
O grande atrativo do filme realmente é a forma como a história é recontada usando a argumentação da realidade paralela. Só para dar um pequeno e rápido spoiler, podemos presenciar o exterminador mais “velho” (o tecido humano que reveste a máquina envelhece) saindo no braço com o exterminador de 1984. O filme também faz uma crítica velada ao uso intenso de celulares, tablets e aplicativos da vida de forma excessiva, já que Sarah e Kyle fazem uma incursão pelo ano de 2017, e se dá a entender que o Skynet encontrou o território perfeito para se disseminar em máquinas totalmente conectadas como são as de hoje. Além de Schwarznegger, não podemos deixar de mencionar a grata surpresa de J. K. Simmons fazendo o papel do policial O’Brien, que vai sacar a viagem no tempo de Sarah e Kyle. Só é pena que ele tenha atuado como um coadjuvante que apareceu muito pouco, fazendo um papel bem periférico. De qualquer forma, tivemos seu talento em algumas passagens da película.

É uma pena que não se possa dizer muito mais coisas aqui, sob pena de se estragar a surpresa do filme. Mas a reinvenção de “Exterminador do Futuro” tornou esse filme digno da franquia, depois de um terceiro filme bem fraquinho, feito já há uns bons anos. Assim, vale a pena dar uma conferida nessa película, mais pela forma nova com que se aborda a história do que pelos espetáculos pirotécnicos e violentos. Um blockbuster que é diversão garantida e não é uma proposta apelativa de resgatar uma franquia.

Cartaz do filme

Um exterminador mais simpático

John (direita) manda Kyle para o passado

Os robôs de metal líquido não faltaram

O exterminador de 1984

Uma Sarah Connor parecidinha com a original

Um robô que "envelhece" sem se tornar obsoleto

Kyle e Sarah tentar deter o Skynet

Os tiros de sempre...

... aliados a muitas cenas de ação.




segunda-feira, 6 de julho de 2015

Resenha de Filme - Rainha e País.

Rainha E País. Soldadinhos De Chumbo.
Mais um filme inglês em nossas telas. “Rainha e País” é uma continuação do filme “Esperança e Glória”, que falava da vida de dois meninos durante os ataques nazistas à Inglaterra na Segunda Guerra Mundial. Anos depois, um desses meninos é adulto e foi convocado pelo exército inglês para servir por dois anos, já que a Inglaterra está envolvida na Guerra da Coreia, juntamente com os Estados Unidos. A ideia parece muito boa. Mas...
O que o filme se torna a partir de então? Vemos uma turma de soldados que toma a indisciplina como bandeira e torna-se uma espécie de esporte zoar seus superiores de todas as formas possíveis. A realidade brutal da guerra está bem longe e a vida na caserna parece uma grande diversão juvenil. Não que não haja casos de indisciplina no meio militar, mas aqui a coisa pareceu um pouco forçada e exagerada. Parecia mais uma escola pública brasileira do que o exército inglês. E aí o filme mais pareceu um rosário de sacanagens e zoações que, a partir de um momento, começaram a cansar. Pelo menos, a trama mostrou um pouco mais. O protagonista, um dos garotos de “Esperança e Glória”, o agora soldado Rohan (interpretado por Callum Turner), se apaixona por uma bela moça que ele passou a chamar de Ophelia (interpretada pela deslumbrante Tamsin Egerton, definitivamente o melhor do filme) e que vive um dilema. Ela vai se casar com um professor mais velho que ela, de quem não gosta, mas por quem sente uma atração sexual irresistível, deixando o nosso “bonzinho” Roham chupando o dedo (só para variar), dando à história um tonzinho de drama, que logo será esquecido pelo nosso Roham, que cai nos braços de uma enfermeira. No mais, é interessante notar que as brincadeiras de mau gosto e zoações contra os superiores recairão de forma negativa entre os próprios soldados, quando as ameaças de punições e cortes marciais vão provocar traições e desentendimentos. Esse, talvez, tenha sido o ponto alto do filme.

No mais, a sucessão de molecagens pareceu muito artificial e falsa para o meio onde eram praticadas. E algumas dessas molecagens custaram caro para algumas pessoas, o que só tornou a coisa mais antipática, embora não menos reflexiva. O horror da Guerra da Coreia? Só foi lembrado num rápido momento ao final da película, que soou como um melancólico anticlímax. Infelizmente, a coisa não deu muito certo.

Cartaz do filme

Rohan, agora no exército.

Dois amigos que arrumam muita confusão

Um sargento sempre zoado

Ophelia, o melhor do filme


Um relacionamento conflituoso.

Família assistindo à coroação da Rainha. 

Pausa na caserna para um bailinho...



domingo, 5 de julho de 2015

Resenha de Filme - O Gorila

O Gorila. Interessante Drama Psicológico.
O cinema brasileiro nos brinda com mais uma boa produção. “O Gorila”, produzido já há algum tempo (meados de 2011, 2012), dirigido por José Eduardo Belmonte, pode ser classificado como uma história de suspense. Mas, mais do que isso, é um excelente drama psicológico de pitadas expressionistas, que tem um roteiro de uma história bem contada, sem falar na presença de um primoroso elenco.
Temos aqui a história de Afrânio (interpretado por Otávio Müller), um dublador que empresta sua voz a um conhecido personagem policial de série de tv. Sua voz é muito conhecida por causa da série e ele é uma espécie de “celebridade sem rosto”. Mas uma doença na gengiva fez com que ele perdesse quase todos os seus dentes e o sangramento constante de sua boca o obrigou a abandonar a carreira. Solitário e depressivo, ele começa a prestar atenção às mulheres da rua e, anota o telefone delas às escondidas, sempre que tem uma oportunidade. Afrânio, então, passa a fazer ligações para essas mulheres com o pseudônimo de Gorila, onde tenta seduzi-las com sua bela voz. Várias mulheres caem na conversa do Gorila, que se recusa a conhecê-las pessoalmente, já que sua aparência física não é considerada das melhores. Apesar desse jogo com as mulheres, nem sempre o Gorila se dá bem com os trotes, chegando a sofrer ameaças de um namorado de uma das mulheres que ele assedia. A vida de Afrânio vai virar de pernas para o ar quando ele mesmo recebe uma ligação de uma mulher que ameaça se matar e o faz ir atrás dela.
Obviamente, a grande atração aqui é o comportamento complexo de Afrânio. É muito simplório dizer que o personagem é pervertido ou tarado. É claro que ele se comporta assim em algum nível, mas a complexidade da coisa é maior. Cenas de sua infância são mostradas ao longo do filme, mostrando seus fortes vínculos com a mãe e sua formação excessivamente protetora, o que deu a Afrânio sérias dificuldades de relacionamento. Sua timidez excessiva fez com que ele tomasse uma postura mais ousada atrás de um telefone e com sua bela voz de dublador. Só assim ele toma coragem para se relacionar com as mulheres. Mas sua sensibilidade faz com que ele se torne vítima dos perigos que tal atividade ao telefone traz. E aí, o personagem entra numa espiral descendente, com direito a muitas alucinações e estados exasperados da alma, como vemos nas películas expressionistas antigas da Alemanha da década de 1920. Essa influência é um grande charme que o filme tem e uma ótima lembrança.
Além dessa forte componente psicológica, o filme tem um quê de suspense muito interessante, que prende muito a nossa atenção. É um mistério até um tanto fácil de  resolver, embora tenha ficado uma ponta solta que não se fechou. Essa talvez, tenha sido a falha principal dessa película.
O elenco é uma outra virtude dessa película. Otávio Müller atuou muito bem como o atormentado Afrânio, onde a sensualidade e firmeza masculinas de sua voz nos trotes contrastava fortemente com a fragilidade emocional nos períodos de crise existencial mais profunda. O elenco ainda contou com figuras como Mariana Ximenes, Milhem Cortaz e Alessandra Negrini, uma das “vítimas” do Gorila, que depois o ajuda a desvendar o mistério das ligações telefônicas que Afrânio recebe.

Dessa forma, “O Gorila” é um curioso filme que concilia um bom suspense a um ótimo drama psicológico, com direito a cenas de alucinação inspiradas no bom e velho expressionismo alemão. Tudo isso faz desse filme mais um bom programa para os bons e velhos apreciadores da sétima arte.

Cartaz do filme

Afrânio, um homem atormentado

Gorila à espreita de mais um alvo...

Timidez o impede de agarrar novas oportunidades...

Uma das "vítimas" do Gorila o ajuda a desvendar um mistério que o atormenta.

 
Perseguindo outra de suas vítimas para desvendar o mistério

Feitiço vira contra o feiticeiro...


sábado, 4 de julho de 2015

Resenha de Filme - Muitos Homens Num Só

Muitos Homens Num Só. Uma Bela Trama Policial Inspirada Na Obra De João Do Rio.
Mais um bom filme brasileiro em nossas telas. E o melhor, uma película de época. Produzido em 2013, “Muitos Homens Num Só” é um filme cheio de virtudes. E qual é a melhor delas? O roteiro é inspirado numa história real contada por ninguém menos que João do Rio, pseudônimo de Paulo Barreto, um dos grandes escritores brasileiros do início do século passado. Para quem não conhece, eu recomendo que procure nas livrarias o ótimo “A Alma Encantadora das Ruas”, onde ele faz uma excelente radiografia da cidade do Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século 20. Sua escrita sobre a cidade é minuciosa e deliciosa. Infelizmente, ele não se tornou imortal da Academia Brasileira de Letras como tanto queria, pois ele tinha “defeitos” considerados muito graves para a época: João do Rio era mulato, homossexual e muito gordo (ele morreu de ataque cardíaco dentro de um táxi em 1920, com apenas quarenta anos). Mas seus textos ficaram e são muito recomendáveis para os amantes do Rio de Janeiro, sua história e, principalmente, para os amantes da literatura e daqueles que gostam de um texto bem escrito.
Mas voltemos ao filme. Ele conta a história de Arthur (interpretado por Vladmir Brichta), um ladrão de hotéis, que tinha a especialidade de entrar nos quartos dos hóspedes e furtar objetos de valor. Ele usava uma identidade secreta, a de Dr. Antônio, e era famoso na época, sendo destaque nas primeiras páginas dos jornais, enlouquecendo a polícia, especialmente um tal de Félix Pacheco (interpretado por Caio Blat), que era um estudioso da identificação humana, primeiro tentando a antropometria, uma ciência conhecida por medir as dimensões do corpo humano, principalmente as do crânio e maxilar, que davam informações sobre a propensão que o indivíduo teria para o crime, dependendo do tamanho do crânio e do maxilar. Obviamente, os mais “propensos” ao crime eram os negros e mestiços.
Voltemos ao “Dr. Antônio”. Ele vai ter que roubar as ações de um “distinto” barão (interpretado por Miele) para ajudar Vellez (interpretado por Cesar Troncoso), um amigo seu que foi uma espécie de mentor para a sua vida de crimes, e que está com sua vida ameaçada por dívidas de jogo. Ao mesmo tempo, nosso falso médico se envolve com Eva (interpretada por Alice Braga), a mulher de um rico empresário que não liga muito para ela. E, nesse meio tempo, temos um texto e uma trama envolventes, que somente aqueles que já leram alguma coisa de João do Rio podem identificar.
As locações do filme se passam principalmente no centro do Rio, mas também em outros belos locais como a Praia Vermelha. Foi legal ver a estação do Pão de Açúcar e os bondinhos, assim como os prédios da Urca apagados no photoshop. No mais, boas intepretações de Vladimir Brichta e de Alice Braga, belíssima por sinal, com as roupas e penteados de época.
As homenagens a João do Rio estavam por toda a parte. Quando o “Dr. Antônio” (ou Dr, Guedes, realmente são muitos homens num só!) visita, junto com ela, o Real Gabinete Português de Leitura, podemos vislumbrar uma enorme placa homenageando Paulo Barreto. Há, também, um amigo de Félix Pacheco, um jornalista negro e levemente efeminado de nome Barreto (interpretado por Silvio Guindane), que muito simpatiza com a figura do ladrão, já que o jornalista o acha “muito inteligente”.

Como foi dito acima, essa história foi real e João do Rio escreveu sobre a vida desse ladrão num jornal da época em vários capítulos diários. Fazer um filme sobre essa história e sobre esses textos de João do Rio foi uma escolha extremamente feliz, pois quem leu esse autor sabe que seus textos são extremamente cinematográficos, já que seu detalhismo nos ajuda na nossa construção e visualização mental daquilo que lemos. Esse grande escritor já merecia ter sido resgatado e homenageado faz tempo. E esse filme finalmente faz isso, e da forma mais singela e digna possível, que é se prendendo ao texto de Paulo Barreto, o João do Rio, uma grande joia esquecida de nossa literatura, e que deve sempre ser celebrada. Méritos para a diretora Mini Kerti. Não deixem de prestigiar “Muitos Homens Num Só”.

Cartaz do filme

Dr. Antônio, o ladrão...

Vellez, um amigo...

Conhecendo um casal

Ela gosta de desenhar...

Especulando sobre a vida dos transeuntes. João do Rio puro...

Logo se tornam amigos...

Belas cenas na praia...

Félix Pacheco e a antropometria...

Cadê o bondinho???

João do Rio homenageado...




quarta-feira, 1 de julho de 2015

Resenha de Filme - O Cidadão do Ano

O Cidadão do Ano. Ação E Muita, Muita Neve.
O ator sueco Stellan Skarsgard já é um nome bem conhecido de todos nós. Ele fez o virgem Seligman de “Ninfomaníaca”, além de também interpretar o papel do astrofísico Erik Selvig no filme “Thor”, dentre outros papéis. Mas agora, temos a excelente oportunidade de vê-lo atuar em sua região de origem, ou seja, as terras nórdicas, no excelente “O Cidadão do Ano”.
Vemos aqui a história de Nils (interpretado por Skarsgard), o tal cidadão do ano, que recebeu esse título por seu serviço de desobstruir as estradas com um enorme caminhão que tira a neve acumulada nelas. Como o filme se passa na Noruega, Nils tem realmente muita neve para limpar (só de ver aquela paisagem toda branca nos dá a impressão de que a sala de cinema está muito fria e de que saímos com neve até os ouvidos ao final da película). Mas a pacata vida de Nils irá por água (ou neve) abaixo, quando seu filho será encontrado morto por overdose. Revoltado e indignado com a polícia, que nada faz para investigar a morte do rapaz, e ainda disse em sua cara que seu filho é drogado, Nils resigna-se e vai tentar o suicídio, colocando um rifle em sua boca. Mas o amigo de seu filho, Finn, irá lhe dizer que a culpa foi dele, pois roubou um pacote de cocaína de um grupo de traficantes, e o filho de Nils, que nada tinha a ver com isso, foi envolvido, sendo assassinado, e os traficantes ainda forjaram uma overdose para encobrir o crime. Nils perguntou o nome dos capangas a Finn e ele só sabia do nome de um deles. Foi o suficiente para Nils começar a sua caçada, sedento por vingança.
Dá para notar que o roteiro é algo bem hollywoodiano, o que vai agradar aos fãs de blockbusters. Mas o filme é mais do que isso, pois seu roteiro é muito envolvente e tem toques de um humor altamente inteligente, que brinca com todas as benesses do estado de bem estar social dos países nórdicos, em contraposição ao verdadeiro banho de sangue praticado no filme pelos próprios nórdicos. Um humor na medida certa que até nos cutuca um pouco, onde alguns gângsters vão dizer que, onde não tem sol, há o estado de bem estar social e, onde há sol, esse bem estar social não existe... basta dar uma banana e pronto, todo mundo fica feliz. Essa fala preconceituosa é encaixada no filme sob o pretexto de que quem a diz não tem qualquer caráter, ou seja, um bandido. Mas que a marca da alfinetada ficou, ah isso ficou. De qualquer forma, o filme tem outros momentos engraçados com relação a esse tema, que não desvia a atenção da trama principal, que é a vingança de Nils.
Quanto aos atores, Skarsgard estava sensacional como o pai que deixa de ser tranquilo e pacato para se tornar rude e violento ao assassinar os capangas. Temos que destacar, também, a ótima presença de Bruno Ganz (que interpretou Hitler em “A Queda, As Últimas Horas de Hitler”). Aqui, ele interpreta o papel de patriarca de uma quadrilha de mafiosos sérvios, que entram na trama do filme num momento posterior. A presença de Ganz poderia ter sido mais aproveitada, já que sempre é bom ver esse ator de volta nas telonas. Ele também atuou na medida certa, ora parecendo ser um velhinho fragilizado, ora sendo um assassino em potencial.

Dessa forma, “O Cidadão do Ano” é mais um filme que está nos cinemas da cidade e que merece a atenção dos cinéfilos de plantão, pois nos dá uma visão nórdica dos filmes de ação hollywoodianos, conciliando uma ação um tanto comportada e muito menos pirotécnica a um humor inteligente e sagaz que contrasta toda a “civilidade” nórdica à violência, como se houvesse a intenção de lembrar que nem tudo são flores na porção europeia ocidental já próxima ao Círculo Polar Ártico. E, sempre é bom ver a dupla Stelan Skarsgard e Bruno Ganz, ainda por cima atuando juntos. Vale a pena dar uma conferida.

Cartaz do filme

Nils, um homem em busca de vingança

Um traficante extremamente sádico

Finn conta a verdade a Nils

Violência atrelada a humor negro.

Implacável com seus inimigos

Skarsgard e Ganz. Dois superatores!!!