Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

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segunda-feira, 23 de junho de 2014

Resenha de Filme - Que Estranho Chamar-se Federico

Que Estranho Chamar-se Federico. Doce Caixinha de Memórias.
Excelente filme na área. O semidocumentário “Que Estranho Chamar-se Federico”, do mestre do cinema italiano Ettore Scola fala da sua relação com um dos maiores diretores da História do Cinema Mundial: Federico Fellini. E por que eu chamo de semidocumentário? Porque Scola não optou por fazer um documentário clássico, apenas com narrações, imagens de arquivo e trechos de filmes do seu amigo e ícone. Ele também tentou reproduzir e dramatizar encontros e situações que estão lá no fundo de sua memória. Vemos, sempre com a ajuda do narrador que perambula pelas imagens e conversa com você, espectador, os jovens Fellini e Scola chegando, cada um a seu tempo, no jornal em que começaram a trabalhar os seus textos e charges, a ida de Fellini ao teatro, os encontros de Scola e Fellini nos bares da vida quando eles já se conhecem mais intimamente. Tudo isso dentro de uma atmosfera que sempre nos remete aos grandes filmes de Fellini, como as ruas noturnas de Roma forradas de motos (alusão a “Roma”, de Fellini). Scola conta histórias deliciosíssimas sobre Fellini, dramatizadas e recuperadas com imagens de arquivo, o que transforma o filme numa experiência altamente íntima do espectador para com essas lendas do cinema italiano. Um exemplo disso foi a dramatização que Scola fez dos passeios noturnos de carro que ele e Fellini faziam juntos, dando carona para os mais variados tipos romanos, indo desde uma prostituta que fazia planos de abandonar a profissão para viver em outra cidade com o amado numa casa (olha “Noites de Cabíria” aí!!!!) chegando até a um artista que reproduz com giz no chão grandes obras da arte universal, que desdenha do cinema (apenas a sétima arte) e está atormentado porque não consegue fazer as mãos de suas pinturas na proporção certa (ou muito pequenas ou muito grandes). Esses passeios de carro são, a meu ver, o ponto alto do filme, pois situações do fundo da memória de Scola vêm à tona e ele consegue compartilhar conosco o que ele vivenciou, num milagre que só o cinema consegue.
Dentre outras curiosidades, o relacionamento entre Fellini, Scola e Marcello Mastroianni também é citado. Enquanto Fellini tratava Mastroianni como seu alter ego, obrigando-o a fazer dietas, Scola levava o grande ator italiano para comer o que quiser, o que rendeu ao diretor uma bronca da mãe de Mercello, que simplesmente aparece do nada na praia que foi o cenário final de “La Dolce Vita” e onde estão os dois diretores sentados junto com o ator em cadeiras a beira-mar. Simplesmente exótico, engraçado, imprevisível, ou seja, felliniano.
Um momento marcante apareceu nas imagens dos Oscars ganhos por Fellini, que, na opinião do documentário, foram uma espécie de regozijo e motivo de orgulho para o italiano médio, para o trabalhador, o funcionário público, o professor, que são obrigados a engolir os desmandos de uma elite corrupta que está no poder.

Até as imagens do funeral de Fellini foram usadas, talvez as mais fellinianas de todas, ou seja, o seu caixão guardado por dois policiais altamente paramentados, um exemplo de autoridade que Fellini sempre dizia que o artista deveria transgredir. Como Fellni não aprovaria um desfecho tão sem esperança, “sem um raio de Sol”, Scola imaginou uma situação em que Fellini foge do próprio enterro, seguido pelos policiais pelos estúdios da Cinecittá. O grande diretor consegue despistá-los e termina o filme girando num pequeno carrossel. E a imagem do carrossel se mescla com imagens caleidoscópicas dos grandes sucessos de Fellini, onde podemos matar as saudades de astros como Marcello Mastroianni, Anita Ekberg, Vitorio Grassman, Alberto Sordi, Anna Magnanni, Umberto Tognazzi, etc., etc., etc. Um documentário com ares de milagre! Memória viva pululando em nossas retinas!


Cartaz do filme.


Imagens lúdicas e fellinianas


Scola na direção


Números de dança com dançarinas gordinhas, gordinhas.


 Fellini, Mastroianni e Loren.


Na direção. 


Dramatização de situações reais.


 Memoráveis passeios noturnos de carro.


Cena final: Fellini foge do próprio enterro para brincar no carrossel.

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