Sr.
Kaplan. Vida Alimentada Pelo Sonho.
Nós não temos muito
contato com o cinema uruguaio. Poucos filmes vêm para cá, se compararmos com as
películas argentinas. Desta vez, tivemos a oportunidade de presenciar uma boa
história lá da Banda Oriental. “Sr. Kaplan” tem uma trama interessante. O filme
fala de um senhor judeu bem idoso, o tal sr. Kaplan (interpretado por Héctor
Noguera), que fugiu dos nazistas na 2ª Guerra Mundial. Os efeitos da idade
fazem com que nosso protagonista seja visto com reservas por seus amigos e até
por sua família, já que ele nem consegue mais dirigir o seu carro direito. Os filhos
chegam a contratar um motorista para o velho, o gordinho Contreras
(interpretado por Néstor Guzzini), um ex-policial que foi abandonado pela
família. Obviamente, o sr. Kaplan não gostou nada da ideia. Mas logo, logo os
dois formarão uma dupla, já que o velhinho, num desses acasos da vida, foi
parar numa praia mais afastada e encontrou um alemão (interpretado por Rolf Becker), dono de um pequeno
restaurante. Como o estabelecimento comercial se chamava “Estrela”, o sr.
Kaplan fez uma associação com o navio “Stern” (“Estrela” em alemão), que trouxe
uma leva de oficiais nazistas fugidos da Europa após o fim da guerra. Kaplan e
Contreras, então, farão uma investigação para descobrir se o alemão suspeito é
ou não um nazista. E fica em nós a expectativa de se os devaneios do velhinho
têm procedência ou não.
É uma história um tanto
divertida, mas arrastada. O que salva é justamente a curiosidade de se o alemão
é nazista ou não. O desfecho não chega a ser óbvio, havendo uns meandros que nos
ajudam a enxergar a complexidade da guerra. Um elemento a mais está no
personagem de Contreras, onde vemos em flashback
o seu passado de policial e o porquê dele ter sido abandonado pela família. É uma
história de derrotados que buscam dar a volta por cima. O inconformismo de
Kaplan com a velhice e as limitações que ela traz levam o velhinho a encarar a
louca missão de sequestrar o suposto nazista para submetê-lo a julgamento e
terminar os seus dias como herói de seu povo. Seu motorista Contreras, um
desempregado beberrão que passa madrugadas em bares preso à máquinas de flippers, mira-se no exemplo de seu
idoso patrão e se encoraja a tomar um novo rumo na vida, recuperando o coração de
sua família. Essa dupla de excluídos irá justamente dar força um para o outro
para novamente fazer a diferença. Dessa forma, a camaradagem entre os dois é a
tônica dessa interessante película uruguaia. É só uma pena que o final do filme
fique um pouco solto, uma espécie de anticlímax. A coisa poderia ser um pouco
mais fantasiosa, o que cairia bem num filme de pequena ópera do absurdo. Mas parece
que o roteirista e diretor Álvaro Brechner preferiu um maior choque de
realidade, o que tornou a trama um tanto chocha em sua conclusão. Lamentável para
nossos dois personagens, principalmente para o sr. Kaplan. Ele merecia um final
mais à altura de seu espírito de luta. De qualquer forma, ainda vale dar uma
olhadinha no filme pela boa ideia e pelos laços de afetividade dos
protagonistas principais.
Cartaz do filme
Sr. Kaplan. Um idoso em busca de reconhecimento.
Com Contreras, de motorista a fiel escudeiro...
Buscando pistas nos locais mais exóticos...
Kaplan e Contreras em missão.
Um alemão suspeito.
Contato inevitável.
Será esse alemão um nazista???
O diretor Álvaro Brechner dirigindo seus atores...
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