Eduardo
Coutinho, 7 De Outubro. Entrevistando O Entrevistador.
Um bom documentário
brasileiro, até para matar a saudade. “Eduardo Coutinho, 7 de Outubro”, mostra
uma entrevista feita com o grande documentarista, pouco antes de sua morte
trágica, quando ele foi assassinado por seu filho. Dirigido por Carlos Nader,
esse documentário tem a grande curiosidade de mostrar a situação em que um
grande entrevistador está sendo entrevistado. Aqui podemos ver os pontos de
vista de Coutinho sobre o seu ofício de fazer cinema, onde ele destaca a
importância de contar as histórias de vida das pessoas do dia-a-dia, pessoas
que jamais teriam algum tipo de voz ou registro não fossem por filmes como
“Edifício Master”, “Santo Forte” ou “Babilônia 2000”. A grande magia desses
documentários é que Coutinho conseguia criar uma espécie de situação onde as
pessoas se abriam totalmente, a ponto de algumas até confessarem tentativas de
homicídio. A forma macia e intimista com que o diretor abordava seus
entrevistados, e o ato de deixá-los falar sem interrompê-los (muitos
entrevistadores deveriam aprender isso por aí!) deixavam as pessoas totalmente
à vontade e são grandes registros que podem até ser considerados excelentes
fontes históricas para estudos presentes e futuros.
E aí vemos como
Coutinho falava de suas próprias entrevistas e as analisava, o que faz esse
documentário também se tornar uma excelente fonte. O filme também tem toques de
humor, quando Coutinho fala de seu hábito por falar palavrões e de outras
situações. Mas também já tinha um tom de tragédia anunciada, pois ficava bem
claro que o cineasta tinha a necessidade de conhecer as histórias de vida das
outras pessoas, já que ele deixava a entender, de forma implícita, que sua
própria vida tinha ares de muita turbulência. Nessa hora, depois de todo o
ocorrido, confesso que essa passagem do filme deu um aperto no coração.
Qual é o grande pecado
do filme? Definitivamente, é a sua duração. Apenas uma hora de conversa foi
muito pouco. Ficamos completamente entretidos com o bate-papo e, quando ele
termina, fica aquela sensação de quero mais. Mas, ao mesmo tempo, doeu também
ver aquele senhor de cabeça branca, franzino e magrinho, indo embora do set de
filmagem. E de nossas vidas.
Dessa forma, “Eduardo
Coutinho, 7 de Outubro”, é daqueles filmes fundamentais, daqueles filmes que
não são só para ver, mas para ter em DVD ou blu ray e guardar, já que é um
grande registro desse grande diretor que fabricou grandes registros, dignos de
ser boas fontes históricas sobre os brasileiros que não têm voz. Não deixem de
ver.
Cartaz do filme
Um entrevistador sendo entrevistado
Um set bem simples
Forma intimista de tratar seus entrevistados...
Dando voz àqueles que jamais a teriam...
Uma boa ideia de Carlos Nader
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