Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

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terça-feira, 14 de abril de 2015

Resenha de Filme - O Segredo das Águas

O Segredo Das Águas. Dois Adolescentes Que Desabrocham Para A Vida Seguindo As Leis Da Natureza.
O quilométrico título deste artigo é a testemunha viva de um filme que desperta muitas discussões. “O Segredo das Águas” (“Futatsume no mado”), de Naomi Kawaze fala sobre a natureza e de seu status de divindade para o ser humano. A trama enfoca a vida de uma pequena comunidade numa ilha subtropical do Japão que é altamente antenada com as forças da natureza, considerando-a inclusive como uma divindade. A história irá girar em torno de dois personagens adolescentes: o menino Kaiko e a menina Kyoko, que descobrem o amor e a sexualidade, não sem antes serem obrigados a contornarem alguns traumas. Um corpo de homem com uma imensa tatuagem nas costas é encontrado boiando na praia. Kyoko ama o mar e a natureza. Kaiko teme o mar e sua violência durante os tufões que assolam a ilha. Kyoko tem uma mãe que é xamã, ou seja, uma espécie de intermediaria entre os mortais e os deuses. Mas a mãe de Kyoko está gravemente doente e irá morrer, não sem antes com uma celebração altamente festiva, onde os vizinhos cantam e dançam para a moribunda ir feliz para o outro mundo. Kaiko, por sua vez, tem a mãe em excelente saúde, mas sofre demais pois ela está separada de seu pai, trabalha muito e tem vários amantes, deixando Kaiko sozinho e inconformado. Isso fará com que Kaiko relute muito em se iniciar sexualmente com Kyoko.
O filme tem um gosto delicioso da serenidade da sabedoria oriental, onde vários elementos culturais são bem distintos dos nossos. A cena da morte da mãe de Kyoko, com todos os vizinhos cantando para que ela se sinta feliz em seus últimos momentos é emblemática. Outra passagem interessante é o fato de os pais de Kyoko comentarem com a menina, na maior naturalidade do mundo, que ela namora com Kaiko, pois todos têm visto os dois juntos o tempo todo. Um namoro entre adolescentes aceito pelos pais da moça sem qualquer neura. Isso numa comunidade que, como já foi ressaltado aqui, diviniza a natureza e vê com complacência e serenidade tudo aquilo que parece ser o ciclo natural das coisas. A exceção a isso é Kaiko, que sofre com convenções sociais mais tradicionais em sua cabeça ao ver a mãe ser separada do pai e ter vários homens. Isso até atrapalha o relacionamento dele com Kyoko, que está doidinha por ter uma noite de sexo com Kaiko. Mas o próprio pai de Kyoko vai confortar o rapaz dizendo que não dá para ir contra certas coisas que são impostas pela natureza. O desaparecimento da mãe em meio a um tufão e o mar agitado, algo que Kaiko tanto temia, irá deixá-lo desesperado, mas o levará a reconciliação e a aceitar os desígnios da natureza, aceitação essa expressa na cena em que os dois adolescentes nadam nus no fundo do mar depois de uma noite de amor no manguezal. Nunca a Mãe Natureza foi tão acolhedora com seus filhos. Bucolismo em toda a sua essência à japonesa...

Filme de arte puro. Filme com o melhor da cultura japonesa, que é a serenidade. Filme bem zen, para desestressar legal. A Natureza com N maiúsculo, que protege em seu seio seus filhos, mesmo nos momentos de maiores intempéries. Um filme onde você se deixa levar pelo que naturalmente acontece, tendo uma vida mais sadia e sem sofrimentos. Aceite o que a Natureza determina e não se apegue a convenções e tradições que vão contra essas determinações. Só assim você será feliz. Essa é a grande e linda mensagem de “O Segredo das Águas”.


Belo cartaz do filme


Jovem casal abraçado pela Natureza


Vida prosaica, sem neuras


A família de Kyoko (centro), com sua mãe moribunda


O jovem casal buscando a sexualidade


A diretora Naomi Kawase (esquerda)


Naomi Kawase (centro) abraçando a atriz Jun Yoshinaga (Kyoko) e o ator Nijiro Murakami (Kaiko), o jovem casal de "O Segredo das Águas". 

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