Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!
Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Resenha de Filme - Chocolate

Chocolate. Sempre O Racismo.
Omar Sy é um baita ator, sempre presente no cinema francês com papéis de muito destaque. Todos se lembram dele em “Os Intocáveis”, interpretando um cuidador de um milionário paraplégico, conquistando os corações de todos aqueles que assistiram ao filme. “Samba” foi também uma outra película de destaque, enfocando a questão dos imigrantes na Europa. Mas o novo filme de Omar Sy supera em anos-luz as películas anteriores. “Chocolate” consegue ser um excelente filme, com uma história comovente e, acima de tudo, muito reflexiva, como somente o bom cinema precisa ser.
Vemos aqui a história de George Footit (interpretado por James Thierreé, que é, nada mais, nada menos, do que neto de Charles Chaplin), um palhaço que já teve muito sucesso no passado e que agora precisa mendigar um emprego num cirquinho do interior da França. Estamos em 1897 e Footit necessita desesperadamente desse emprego. Enquanto ele cava uma vaga por lá, conhece Rafael Padilla, um cubano ex-escravo que tentou a vida na França (interpretado por Omar Sy), se apresentando como um selvagem exótico canibal africano. Footit convence Padilla a ser assistente nos seus números e os dois conseguem um grande sucesso, chegando a um grande circo de Paris. Mas a fama traria além de coisas boas, também muitas coisas ruins, já que Padilla, agora com a alcunha de Chocolate, provocava um certo desconforto na sociedade francesa extremamente racista da época. E nosso palhaço negro sofria a situação ambígua de ser uma celebridade adorada e, ao mesmo tempo, ocupar uma posição subalterna de cidadão de segunda categoria, em virtude da cor de sua pele e de um racismo latente. Para se afirmar, Padilla vai querer enveredar na carreira de ator de teatro e interpretar Otelo, na peça homônima de Shakespeare. O mais irônico é que nunca um negro havia interpretado esse personagem na França. Somente atores brancos pintados de negro tinham interpretado esse papel.
É um filme para refletir, e muito, principalmente quando pensamos na situação mundial atual, com o avanço do terrorismo e um coro geral que diz que os que fazem esses atentados são loucos fundamentalistas. Apesar de absolutamente nada justificar a violência do terrorismo, a gente também não pode deixar passar a percepção de que o avanço europeu imperialista do passado e, por que não, do presente, tem uma parcela de culpa em todo esse contexto sinistro de hoje. Ao se perceber o forte tom racista ao qual Chocolate é submetido, conseguimos notar como tal aura de preconceito e sentimento de superioridade dos europeus perante outras etnias provocaram enormes ressentimentos e, com certeza, funcionaram como combustível para acirrar os ânimos de grupos fundamentalistas. É algo extremamente alarmante pensar que tais preconceitos situados na virada do século XIX para o XX sejam ainda tão presentes na Europa do século XXI.
Quanto aos atores, Omar Sy estava simplesmente brilhante e me arrisco a dizer que talvez esse tenha sido o melhor papel de toda a sua carreira, tanto pregressa quanto futura. A forma como ele transitava do cômico para o dramático foi muito eficiente. James Thierreé também não ficou atrás. Sua semelhança com o avô, onde o penteado de seu palhaço ajudou muito (a impressão é que a gente via alguma coisa de “Luzes da Ribalta”), nos deu a exata noção de como o circo, a pantomima e a nascente arte de interpretação do cinema mudo eram três coisas que se imbricavam e se confundiam naquela época. Nesse ponto de vista, o filme é um prato cheio para os amantes do Primeiro Cinema. Mas o filme foi além da excelente interpretação dos atores, da exaltação a pantomima e da discussão social. Foi um filme também muito humano, onde as relações entre os personagens principais e coadjuvantes nos cativava e prendia a atenção de uma forma tão magnética que nem sentimos a duração da película passar por nossos olhos.

Dessa forma, “Chocolate” pode ser definido como uma verdadeira obra-prima, pois aborda com maestria uma questão social que tem um conteúdo altamente contemporâneo, é, provavelmente, a melhor atuação de Omar Sy até hoje e é um drama que enfoca com muita profundidade as relações humanas. É daqueles filmes para se ver, ter e guardar. Imperdível! E não deixe de ver o trailer após as fotos.

Cartaz do Filme

Footit e Chocolate. Dupla de sucesso

Primeiros ensaios

Negro sendo chutado pelo branco

Visitando as crianças no hospital

Interagindo com o público

Os verdadeiros Footit e Chocolate...



Nenhum comentário:

Postar um comentário