Maravilhoso
Boccaccio. Decameron Fofinho.
Uma produção italiana
muito curiosa está em nossas telonas. “Maravilhoso Boccaccio”, dirigido pelos irmãos
Paolo e Vittorio Taviani, os mesmos de “César Deve Morrer”, é um daqueles
filmes em que a imaginação alça voos muito altos. É um filme repleto de
estética, beleza, conteúdo. É uma livre adaptação da obra renascentista “Decameron”,
de Boccaccio.
O filme começa num
clima altamente sombrio: a Florença de 1348, durante a mortandade sem fim da
Peste Negra. Pilhas de corpos sendo conduzidas por carroças a valas coletivas. Pessoas
se deixando enterrar vivas com os entes queridos mortos. Pessoas se afastando
de parentes doentes para evitar a contaminação. Ou seja, um caos total num
clima de muita desesperança. É nesse contexto que um grupo de jovens decide
fugir da cidade e se reunir numa casa no campo para tentar sobreviver a toda
aquela situação. Lá, eles se permitirão o amor, desde que sem sexo, para não suscitar
invejas ou ciúmes. E passarão o tempo da única forma que poderão passar sem
enlouquecer: eles contarão histórias uns aos outros, exercitando a imaginação. Assim,
o filme é uma compilação de várias historietas de amor, traição, vingança, humor.
Uma moça moribunda pela peste que é rechaçada pelo marido e salva por uma
paixão não correspondida; um abobalhado que é enganado por uma vila; uma moça
prometida a um nobre que tem uma relação de amor profundo com o pai, em leves insinuações
de incesto; um convento de freiras bem safadinhas; a dolorosa história do nobre
falido e seu falcão. Todas essas histórias têm um quê de admirável, de
envolvente e que não nos deixa indiferentes. São histórias que despertaram
suspiros da plateia do Estação Botafogo 2 e não tem como você ter uma história
preferida, já que todas são igualmente interessantes e prendem nossa atenção todo
o tempo.
Do ponto de vista
estético, o filme dá um banho. A escolha do elenco primou pela beleza dos
personagens. Várias carinhas bonitas e jovens tiveram seus atributos físicos
amplificados pela deslumbrante fotografia do filme, que também valorizou as
paisagens campestres. Essa materialidade visual somente deu um quê mais
renascentista à película, onde a beleza humana e a paisagem ao estilo clássico eram
fortemente realçadas.
Outro detalhe digno de nota:
é um filme altamente fofo, cheio de delicadeza do início ao fim. Contribuiu para
isso o clima altamente idílico proporcionado pela interpretação equilibrada e
contida dos atores, os longos penteados das moças, o figurino bem cuidado, a
paisagem campestre de uma beleza infinita. Ou seja, era uma coisa linda de se
ver, não se limitando somente à estética, já que as pequenas histórias eram
carregadas de conteúdo, assim como a história em si dos próprios protagonistas.
Dessa forma, “Maravilhoso
Boccaccio” pode ser qualificado como uma verdadeira obra de arte, um primor de
delicadeza. Essa livre interpretação de “Decameron” conta com uma estética
admirável, assim como com um conteúdo rico na imaginação de suas histórias. É um
filme que merece muito ser visto e guardado nas nossas memórias afetivas com
muito carinho, em virtude das circunstâncias de suas histórias. Um filme de
beleza de closes e de pupilas iluminadas ao Sol. Não deixem de assistir. E é o
tipo de filme que devemos guardar em DVD. E não deixe de ver o trailer após as
fotos.
Cartaz do Filme
Era uma época de muitas mortes...
Um grupo de jovens se isola e conta histórias...
A moça vítima da peste, desprezada pelo marido...
Um abobalhado enganado por uma vila...
Amor de pai e filha. Leve insinuação de incesto
Uma freira bem safadinha
A triste história do nobre empobrecido e de seu falcão
Estética que valoriza a beleza humana...
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