Sniper
Americano. Dificuldades Em Tempos De Guerra E Paz.
Mais um candidato ao
Oscar este ano. “Sniper Americano”, de Clint Eastwood, concorre a seis
estatuetas (filme, ator para Bradley Cooper, roteiro adaptado, montagem, edição
de som e mixagem de som). Esse filme mexe na turbulenta história recente dos
Estados Unidos da era de Bush e do terrorismo. Uma história real e trágica, que
conta os horrores de uma guerra recente mal exposta pela mídia, criando uma
geração de veteranos sem voz numa sociedade com livre acesso à informação, por
mais paradoxal que isso possa parecer.
Vemos aqui a história
do texano Chris Kyle (interpretado por Bradley Cooper), um rapaz do campo que
dividia o seu tempo entre a fazenda da família e rodeios onde ele montava
cavalos. Sua vida parecia meio que sem rumo até que um dia ele viu no plantão
do telejornal um atentado a uma embaixada americana na África. Isso despertou
no cowboy o desejo de defender o seu
país dos “inimigos dos Estados Unidos” tal como era apresentado no telejornal.
Assim, ele irá tardiamente (beirava os trinta anos) se alistar nos SEALs da
Marinha e ser submetido a rigoroso treinamento. Enquanto se preparava para os
reais campos de batalha, ele se casou e houve o atentado às torres gêmeas. Isso
só atiçava seu patriotismo contra os tais inimigos. Até que o moço foi enviado
ao Iraque, ocupando inicialmente o posto de franco atirador, já que tinha muita
experiência com armas e miras, pois caçava nos bosques com seu pai quando era
criança. O problema é que ele começou a matar muita gente e ficou conhecido
pelos soldados como “Lenda”. Isso fazia com que ele se sentisse na obrigação de
continuar na guerra, voltando novamente para os campos de batalha com o
objetivo de defender a América, para o desespero de sua esposa e filhos.
O filme peca por
retratar os iraquianos como verdadeiros vilões, onde ninguém presta. Eles se
comportam como inimigos dos americanos. Todos, com raríssimas exceções. Um sheik
chega a ajudar os invasores, mas desde que eles lhe paguem cem mil dólares. A trama passa uma ideia bem maniqueísta da
coisa. Mas a história também tem suas virtudes. Se ela recebeu algumas críticas
por não julgar os atos do protagonista, também devemos nos lembrar que a
construção da ideia do inimigo aparece em sutis momentos ao longo da vida de
Chris, como no almoço em sua infância onde o pai fala de carneiros (pessoas
boas sem agressividade), lobos (pessoas extremamente agressivas) e cães
pastores (pessoas que defendem os bons sendo agressivos com os inimigos),
ressaltando que em sua família não haverá carneiros, mas sim cães pastores. A
retórica do inimigo também aparece no telejornal que rotula os terroristas que
destruíram a embaixada americana como “inimigos da América”. Todas essas ideias
aparecem em alguns pontos do filme e fazem a cabeça de nosso personagem
principal. O questionamento de se estar no campo de batalha também é nítido,
sobretudo na figura do irmão de Chris. Os dois se encontram num aeroporto do
Iraque, o irmão retornando para casa, nitidamente perturbado e mandando esse
lugar (Iraque) para o inferno (para não dizer o que foi citado na película, de
mais baixo calão), sob o olhar perplexo de Chris.
Outro elemento muito
importante do filme são os efeitos que a guerra provoca em nosso protagonista. Embora
aparente sempre estar totalmente protegido dos traumas de guerra, vemos que
Chris realmente sofre os efeitos dos campos de batalha. Uma paranoia latente o
torna distante da esposa e dos filhos. E ele só vai conseguir lidar melhor com
isso quando se relaciona com os veteranos de guerra, para aplacar seus traumas. Esse é,
aliás, um grande favor que o filme nos presta. Se víamos nos telejornais a
invasão das tropas americanas aos países do Oriente Médio como o Iraque e o
Afeganistão, não soubemos, entretanto, dos detalhes dessa guerra. E “Sniper
Americano” nos alerta da existência de veteranos da invasão do Iraque,
mutilados em seus corpos e almas. Uma coisa que parece que é meio que varrida
para debaixo do tapete pela mídia. São poucas as reportagens que falam desses
ex-combatentes americanos. E sabe-se lá o que aconteceu com os iraquianos.
Assim, “Sniper
Americano”, apesar de promover certa demonização dos iraquianos, é um bom filme
por sutilmente questionar uma retórica belicista e invasiva dos americanos e
por abordar mais uma vez uma história real, uma tendência do cinema americano
dos últimos tempos.
Cartaz do filme
To kill or not to kill?
O inimigo é qualquer um... Fogo!!!!
Dificuldades de relacionamento com a família
Retornando para matar mais motherfuckers!!!
Clint Eastwood. Cada vez mais um bom diretor, apesar das ressalvas neste filme...
O verdadeiro Sniper....
Muito foi dito sobre esse filme, os críticos foram principalmente bom. Eu não tinha visto o filme Francotirador ,a verdade é que eu me recusei a fazer isso porque a guerra de gênero não é o meu favorito, bem, agora você pode vê-lo, percebi que realmente é uma história do início agarra-lo como telespectador. O resultado é o melhor, eu recomendar o suficiente.
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