Amor,
Plástico E Barulho. Ascensão E Queda De Um Grupo Brega.
Filme brasileiro de
2013 que só passou nas telas há pouco tempo. “Amor, Plástico e Barulho” conta,
de forma fictícia, uma situação que pode ser encarada como bem real: as bandas
de música brega no Nordeste e de como são efêmeras em sua existência. Vemos
como pessoas simples do povo veem na carreira artística a única chance em suas
vidas. E como essas chances se desmoronam como castelos de cartas. Uma fama
descartável e rapidamente consumível para uma queda cruel no ostracismo.
O filme se centra em
duas personagens. A jovem Shelly (interpretada por Nash Laila) tem como grande
sonho ser uma cantora de um grupo brega. A moça, praticamente menina, se
inspirará em Jaqueline (interpretada por Maeve Jinkings), a vocalista principal
do grupo que faz parte. As relações humanas são altamente turbulentas, baseadas
em interesses, onde as protagonistas fazem favores sexuais em troca de mais
chances de participações em grupos, ou até de apenas fazer um bom vídeo na
internet para divulgação. Favores sexuais que depois provocam divergências
entre as aspirantes de cantoras e dançarinas. O sonho das protagonistas é estar
no programa local de música brega e ter uma agenda de shows, algo que não se
mantém por muito tempo. Nas palavras de Jaqueline, a fama é frágil como um
copinho de plástico, que se rasga enquanto se está bebendo e que depois ainda é
amassado.
É uma história muito
triste, em virtude do dilaceramento de corações e mentes. E mais triste ainda
em saber que ela pode ser mais real e cruel do que se imagina. Fruto de um povo
criado e formado de jeito totalmente displicente, abandonado pelo Estado, onde
as perspectivas de futuro são muito sombrias. Tudo é dança, mídia, showbiz. Um conto
de fadas entortado, que provoca dor, sofrimento, humilhação e até doenças, como
a labirintite de Jaqueline em virtude do contato com o barulho excessivo das
caixas de som dos shows. E, quando não se está mais em evidência na mídia,
simplesmente se descarta. E resta afogar as mágoas nos frágeis copinhos de
plástico cheios de cerveja, a indignação ao ser comparada com uma garota de
programa e o sonho acordado no ônibus, que se torna uma grande festa regada a
muita purpurina.
Enquanto no submundo se
destroem sonhos, logo ali ao lado sobem espigões e shoppings ultramodernos,
alheios à miséria. Mas a legião de desfavorecidos não quer se sentir excluída.
É sintomática a inauguração do shopping center, onde hordas de população mais
pobre invadem o prédio, chegando a destruir as portas de acesso. É o choque de
classes sociais numa relação conflituosa.
No mais, resta o
desabafo de Jaqueline, que quer mostrar todo o seu talento como cantora numa
passagem de som dentro de um clubeco onde se cantará em playback. Apesar de ser um esforço completamente sem sentido,
Jaqueline procurou se portar da maneira mais profissional possível. Nunca um
“chupa que é de uva” assumiu tons tão melodramáticos.
Dessa forma, “Amor,
Plástico e Barulho” é um verdadeiro tapa em nossa cara no que se refere a
mostrar de forma nua e crua a destruição de perspectivas e sonhos dos menos
favorecidos no Brasil, deixando-os num beco sem saída. Um filme que dói e deve
ser visto.
Cartaz do filme
Jaqueline. A estrela que ascensão e queda rápidas...
Shelly. Buscando um lugar ao Sol.
Curto estrelato
Conflitos na busca pelo sucesso...
Um arremedo de conto de fadas. Muito pouco para uma vida sofrida...
Decadência. Humilhação em pleno palco...
Confundida com garota de programa...
Resta apenas o sonho acordado no ônibus...
Promovendo um filme essencial...
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