Operação
Big Hero. Ficção Científica Disfarçada De Atração Infantil.
Confesso aqui que não
sou muito de ver animações. A primeira coisa que vem à mente é achar que uma
animação é uma atração para crianças. Vamos para outra direção, ver os
candidatos ao Oscar ou os filmes europeus. Mas devo confessar, também que,
apesar das animações serem mesmo atrações infantis, algumas delas podem ter um
bom conteúdo. É o caso da nova historinha da Disney “Operação Big Hero”, que
pode ser entendida também como uma boa história de ficção científica e ação.
Vemos aqui a história
de um futuro, talvez não muito distante, onde a cidade americana de San
Fransokyo (isso mesmo, uma San Francisco totalmente niponizada) tem na sua
realidade cotidiana uma tecnologia altamente desenvolvida, com direito a robôs
e tudo. Um menininho de 13 anos, Hiro Hamada, com a inteligência muito avançada
para a sua idade, descola uma grana em competições de luta entre robôs. Mas seu
irmão Tadashi quer tirá-lo dessa vida um tanto perigosa (os competidores e
apostadores em lutas de robôs costumam ser maus perdedores) e pretende leva-lo
logo para a Universidade em que estuda, junto de seus amigos que também tem
outros projetos científicos. Lá, Hiro conhece o professor Callaghan, um
verdadeiro gênio da área robótica, e fica interessado em entrar para a
Universidade. Hiro irá participar de um concurso para ganhar uma bolsa na
Universidade, com seus micro-robôs controlados pela mente e que podem construir
qualquer coisa com a força de seu pensamento. Mas seu projeto será roubado
depois de um incêndio. Caberá a Hiro e seus amigos ir atrás de quem roubou seu
projeto, com a ajuda de Baymax, um robô inflável programado por seu irmão para
atendimentos médicos de primeiros-socorros.
Soando dessa forma, a
história parece bobinha. Mas isso é para evitar os spoilers. Dois pontos atraentes já chamam a atenção nessa pequena
explanação. Em primeiro lugar, uma niponização de São Francisco, que poderia
parecer estereotipada e preconceituosa, não fosse pelo fato de o protagonista
da história ser de origem japonesa. Ou seja, vemos um filme americano da Disney
onde o grande herói não é um WASP. Sei que não é o primeiro caso, mas a gente
sempre deve mencionar quando isso acontece na cultura americana, principalmente
num contexto de uma São Francisco niponizada, aparentemente considerado distópico
para os americanos. Em segundo lugar, o uso da robótica e da tecnologia num
desenho animado infantil. Os diálogos entre Hiro e o irmão sobre a constituição
e a construção de Baymax são interessantíssimos e usam expressões que há alguns
anos pareceriam inacessíveis ao público infantil. Por outro lado, há também a
questão da nanotecnologia expressa no filme. Vemos os micro-robôs de Hiro
construindo tudo o que fosse possível apenas com a força do pensamento. Bom, a
nanotecnologia já é um tipo de pesquisa que está se desenvolvendo e com um
futuro que poderá ser muito promissor, sobretudo para a medicina, onde pequenos
robôs poderiam fazer microcirurgias como desentupir artérias. Dessa forma, o
filão do filme, que é a tecnologia e a robótica, aproxima o desenho de uma obra
de ficção científica. Claro que haverá toda a coisa de presenciarmos uma
aventura infanto-juvenil com coisas engraçadinhas, momentos afetuosos e grandes
lances de ação, mas usar o discurso tecnológico e o sabor sci fi da coisa realmente tornam essa animação especial a meu ver. Uma
diversão garantida e não tão bobinha, com elementos de uma realidade presente
e, talvez, futura.
Cartaz do filme
Hiro e seus amigos nerds
Uma amizade sincera com Baymax
Heróis um tanto desajeitados...
Relação afetuosa com o irmão...
Um misterioso vilão...
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