Livre.
“Walking Around America”.
Curioso filme em
cartaz. “Livre” conta a história de Cheryl Strayed (interpretada por Reese
Whiterspoon), uma mulher atormentada pelo seu passado. Ela perdeu a mãe, Boobi
(interpretada pela madura, mas ainda bela Laura Dern), vitimada por um câncer,
perdendo o rumo completo da vida, caindo no vício da heroína e colecionando
amantes, o que implodiu o seu casamento bem sucedido. Para buscar uma nova
orientação para reequilibrar a sua vida, ela cumprirá uma espécie de ritual,
onde vai fazer uma famosa caminhada no oeste americano de 1.100 milhas pelo
deserto, soando mais como uma autoflagelação. Enquanto a moça enfrenta todo o
tipo de adversidade em seu desafio, trechos da sua vida vêm em flash back, o que nos ajuda a entender o
porquê de tamanha empreitada.
Temos aqui mais um
filme inspirado numa história real (isso parece uma moda no cinema atual, não
sendo a primeira vez que abordamos esse tipo de história aqui). Podemos ver,
nos créditos finais, fotografias da verdadeira Cheryl. É uma trama totalmente
centrada na protagonista, com um espaço generoso para a mãe de Cheryl e o
relacionamento com a filha. Laura Dern estava soberba, fazendo uma mãe
sorridente até nos piores momentos de dificuldades financeiras e doença. O
psicológico de Cheryl e sua trajetória foram o mais instigante nessa película.
A caminhada em si acabou funcionando como uma espécie de pano de fundo para
exprimir uma anatomia da personagem. A fragilidade da personagem é digna de
grande piedade e sentimos como a moça está perdida. As experiências sofridas
por Cheryl ao longo de sua penosa tarefa ajudam a mulher a repensar suas
atitudes e a escapar da solidão. Contato com pessoas novas ajudam a reciclar a
sua mente e a enfrentar seus demônios internos.
Assim, “Livre” (“Wild”
no título original) é mais um filme de convite à reflexão. Um filme que busca
analisar o íntimo da condição humana. De como as pessoas podem se perder em
suas vidas depois de tragédias particulares e quais são os caminhos para
recuperar o rumo, por mais penosos que esses caminhos sejam. Todos nós nos
sentimos perdidos em algum momento da vida, em que ela nos dá uma rasteira. O
que você faz nesse momento? Quais são seus arrependimentos e sentimentos de
culpa? Se você pudesse voltar no tempo, o que consertaria? E daqui para frente?
Que erros você não vai mais cometer de jeito nenhum? Quais são as atitudes que
você tomará por considerar mais corretas? Todas essas questões estão implícitas
em “Livre”. E, fazendo um jogo de palavras com o título original, o que é ser
“selvagem”? A história me passou muito mais uma busca por disciplina em novas
experiências do que um desregramento nocivo. Por tais questões levantadas, já
temos a certeza de que tal filme merece uma conferida do publico.
Cartaz do filme.
Uma mulher em busca de respostas...
Lindo caleidoscópio de paisagens.
Laura Dern, fofíssima como mãe de Cheryl...
Reese com a verdadeira Cheryl Strayed...
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